São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2004/CAIXA

Empresa manteve contratos no valor de R$ 80,4 milhões com a gestão Marta em SP

Empreiteira que atua nos CEUs doa R$ 300 mil ao PT

ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Empreiteira que atua nos CEUs (Centros Educacionais Unificados), carro-chefe da campanha eleitoral da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT-SP), a Carioca Christiani Nielsen doou R$ 300 mil para o diretório nacional do PT em Brasília em 2003.
A empreiteira já colaborou com R$ 619 mil para o caixa do PT desde 2002. Desde o início da gestão Marta, a empresa manteve cerca de R$ 80,4 milhões em contratos com a prefeitura paulistana.
No último dia 1º, a Folha revelou que pelo menos R$ 20,5 milhões doados para os caixas partidários do PT e do PSDB foram revertidos para campanhas eleitorais em 2002 e 2000.
A legislação autoriza esse tipo de doação e o repasse para as campanhas. Mas a prestação de contas eleitorais, divulgada ao final das campanhas, não traz o nome dos doadores partidários.
Após a reportagem, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) informou que a partir de 2005 passará a divulgar pela internet, a exemplo do que já faz com as contas eleitorais, também a relação dos doadores partidários.
A prestação de contas do diretório nacional do PT de 2003, primeiro ano em que o partido comandou o governo federal, revela que quase quadruplicou o valor total das contribuições partidárias (previstas no estatuto do partido, como a "taxa" cobrada dos petistas que exercem cargos no Legislativo e no Executivo).
Em 2002, o valor total era de R$ 1,25 milhão. No ano passado, saltou para R$ 4,59 milhões.
Pouco mais da metade disso, R$ 2,4 milhões, veio das contribuições dos que ocupam cargos na máquina pública.
Na antevéspera do Natal de 2003, os documentos indicam que o tesoureiro do partido, Delúbio Soares, correu a sacolinha entre ministros, senadores, deputados federais e ocupantes de cargos de primeiro e segundo escalões.
Entre os ministros, quem mais doou foi Antonio Palocci (Fazenda), com R$ 6.000. O tesoureiro do PT arrecadou cerca de R$ 340 mil com esses petistas.
Mas a soma das doações de pessoas físicas (R$ 500 mil) ficou ainda abaixo do total das de pessoas jurídicas (R$ 1,1 milhão). Colaboraram, além da Carioca Christiani Nielsen, as empreiteiras OAS (R$ 300 mil) e Coesa Engenharia (R$ 300 mil) e as empresas de alimentação Thimino e Chieni (R$ 100 mil cada uma).
Entre os parlamentares, a doação média foi de R$ 2.500. A campeã foi a deputada Angela Guadagnin, ex-prefeita de São José dos Campos (SP), que ao longo do ano desembolsou R$ 9.700, o que representa quase um salário mensal líqüido da deputada.

Cobrança
O processo de prestação de contas do PT ainda está sob análise do TSE. A Comissão de Exame de Contas Eleitorias e Partidárias solicitou, em 29 de junho último, uma série de providências do partido para regularizar o processo. Um dos pedidos é a apresentação de cópias autenticadas do comprovante de transferência de R$ 4,83 milhões para a Fundação Perseu Abramo, um braço do partido com sede em São Paulo.
O TSE também cobrou a apresentação de cópias autenticadas das notas fiscais das despesas feitas com recursos do Fundo Partidário. Dessa fonte, o PT gastou R$ 1,5 milhão com rádio e TV, R$ 1,1 milhão com "encontros, convenções e eventos" e R$ 1,5 milhão com "transportes e viagens". O TSE repassou R$ 24,1 milhões de Fundo Partidário ao PT.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Outro lado: Advogado defendeu doações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.