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OPERAÇÃO ALBATROZ
"Não sei do que se trata", diz acusado; PF indicia empresários
Ex-governador do Amazonas
é denunciado por corrupção
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O Ministério Público Federal
denunciou à Corte Especial do
Superior Tribunal de Justiça o ex-governador Amazonino Mendes
(PFL-AM) por crime de corrupção passiva. Ele recebeu, segundo
a denúncia, vantagem indevida
na compra de grupos de geradores sem licitação para a Companhia Energética do Amazonas.
As fraudes nas licitações, segundo a denúncia do Ministério Público, aconteceram em 1987, 1988
e 1990. São denunciados no mesmo caso os empresários Juarez
Barreto Filho, proprietário da empresa North American Export
Agencies Inc., dos Estados Unidos, e Hugo da Silva Werneck, representante da empresa no Brasil,
por crime de corrupção ativa.
De acordo como o Ministério
Público, a empresa americana pagou comissão de US$ 3,1 milhões
ao ex-governador Amazonino
para facilitar as licitações. O dinheiro, segundo a denúncia, foi
depositado no Maryland International Bank, de Luxemburgo, na
conta corrente pertencente ao ex-governador Amazonino -que é
candidato a prefeito de Manaus.
"Amazonino infringiu seus deveres funcionais de gerir o Estado
com observância dos princípios
da legalidade, impessoalidade e
moralidade", afirma o subprocurador Eitel Santiago Brito Pereira
no texto da denúncia, que chegou
ontem ao gabinete do ministro
Cesar Asfor Rocha, relator do caso no STJ. Na denúncia, o subprocurador diz que o Ministério Público tem farta prova indiciária.
"Apurou-se que, em 1988, a
North American assinou vários
cheques ao portador, no total de
US$ 2.131.067,12. Juarez Barreto, o
proprietário da referida empresa,
confessou [em depoimentos] que
eles foram emitidos para pagamento de comissões de venda de
esquipamentos a Ceam", afirma o
texto do Brito Pereira.
Ele destacou que, em 1989, a
North American emitiu mais dois
cheques. Um no valor de US$ 500
mil e outro no valor de US$ 488
mil. "Tais importâncias foram depositadas no Maryland International Bank, de Luxemburgo, na
conta corrente pertencente ao ex-governador Amazonino", disse o
subprocurador da República.
Amazonino Mendes foi governador do Amazonas de 1987 a
1990, de 1995 a 1998 e de 1999 a
2002. A denúncia formalizada no
dia 15 de julho pelo subprocurador é o primeiro resultado da investigação de uma notícia-crime
apresentada ao STJ, em 2000, pelo
deputado estadual Mário Frota
(PDT-AM), adversário de Amazonino na atual campanha eleitoral municipal -ele é candidato a
vice-prefeito de Manaus em uma
chapa encabeçada pelo PSB.
A Agência Folha procurou a assessoria do ex-governador e lhe
enviou perguntas por e-mail, mas
não obteve resposta. Anteontem,
em um programa de televisão local, Amazonino falou sobre o suposto esquema de fraudes em licitações descoberto pela Operação
Albatroz, da PF: "Essa situação é
triste, lamentável, chata. Lamento, não sei a rigor nada. Não sei do
que se trata", disse Amazonino.
Indiciamentos
Ontem a Polícia Federal indiciou dois empresários e uma empresa em crimes de formação de
quadrilha, lavagem de dinheiro e
fraudes em licitações públicas no
Amazonas. Os empresários indiciados são ligados à Estacon Engenharia S.A., com sede em Belém
(PA), e à Soma, com sede em São
Paulo e filial na capital paraense.
Com esses indiciamentos, sobe
para 15 o número empresas envolvidas no suposto esquema. Segundo as investigações, a Estacon
ganhou em licitações e aditivos
R$ 26.609.899,00 e a Construtura
Soma R$ 36.625.935,00, no período de 1993 a 2003. A reportagem
procurou os proprietários, mas
até o fechamento desta edição eles
não responderam às ligações.
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