São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Lula já pensa como eleito e quer menos PT no 2º governo

Se reeleito, presidente pretende montar ministério com mais peemedebistas; Mantega deve ser mantido na Fazenda

Dilma, Fernando Haddad e Paulo Bernardo estão entre os atuais ministros que devem permanecer no governo em caso de vitória


Caio Guatelli/Folha Imagem
Lula segura a menina Giovana Carvalho Picin, de sete meses, durante evento com cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ)


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em conversas reservadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já fala como reeleito no primeiro turno e faz planos para um segundo mandato. Diz que não pagará "pedágio" para formar o novo ministério, o que pretende "fazer sozinho", e que diminuirá o poder do PT, que tem hoje 18 dos 34 ministros.
"Pagar pedágio" é expressão que Lula usa quando toma decisões com relutância para atender pressões políticas. Em 2002, nomeou candidatos do PT derrotados nas eleições.
Lula deve aumentar a participação do PMDB na equipe. Com a possível redução das bancadas do PT e dos aliados PL, PP e PTB -todos atingidos pela crise do mensalão-, é com os peemedebistas que ele conta para montar uma base de sustentação no Congresso. A Folha apurou que Lula não pretende mudar a equipe econômica. Planeja dar mais força à pasta da Educação e reformular a da Saúde, por avaliar que teve política errática nessa área.
Dilma Rousseff (Casa Civil) desponta como o nome mais forte de uma segunda etapa no Palácio do Planalto, segundo demonstrações de prestígio dadas por Lula nas reuniões. Visto como revelação, Fernando Haddad (Educação) tem conquistado espaço. Guido Mantega (Fazenda) é uma grata surpresa, nas palavras de Lula, que não pretende tirá-lo da pasta. Paulo Bernardo (Planejamento) também deve ficar.
Mantega obedece à risca ao presidente e estabeleceu aliança com Dilma. Lula aprova o rigor de Dilma no trato com os ministros. Ele justifica o "estilo Dilma" dizendo que é eficiente e faz com que suas ordens sejam cumpridas.
Na área econômica, deverá mudar um pouco o discurso, mas não a prática. Lula avalia que o maior sacrifício foi feito no primeiro mandato e que haverá espaço para o PIB (Produto Interno Bruto) crescer a taxas de 4% sem novo aperto monetário ou redução da meta de superávit primário -esta será mantida em 4,25% do PIB.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, deve ser convidado a continuar, bem como o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento).
Se o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, não recuar do desejo de deixar a pasta, há dois candidatos na agenda de Lula, nessa ordem: o peemedebista Nelson Jobim, ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), e o petista Tarso Genro, hoje ministro das Relações Institucionais. O general Jorge Armando Félix deverá sair do Gabinete de Segurança Institucional. Lula julga fraco seu desempenho.

Ciro
A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy é um dos poucos nomes do PT que poderão estrear no primeiro escalão. Lula pretende trabalhar para que o ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE), candidato a deputado federal, presida a Câmara em 2007. O atual presidente, Aldo Rebelo (PC do B-SP), voltaria à liderança do governo na Casa.
Ciro, aliás, é uma aposta de Lula para 2010. Na lista de eventuais candidatos petistas constam Marta, Tarso, Dilma e Aloizio Mercadante -este último é opção para a Saúde, não mais para a Fazenda.


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