São Paulo, segunda-feira, 20 de agosto de 2007

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Parlamentares defendem contratação de familiares

DA REPORTAGEM LOCAL

Os senadores que tiveram parentes contratados pelo Senado entre 2003 e 2007 defenderam a medida, em entrevistas à Folha, pessoalmente ou por meio de suas assessorias de imprensa.
Neuto de Conto (PMDB-SC) disse que seus parentes trabalham de fato. "É muito pior contratar gente sem trabalhar. Meu pessoal trabalha. O cargo é de confiança, eu dou para quem eu tenho confiança. Eu faço da forma legal, não existe irregularidade", disse.
Jayme Campos (DEM-MT) defendeu sua sobrinha: "Não tem impedimento, ela já trabalhou na Câmara. É preparada e de minha confiança. É advogada e todo dia está aqui cedo, trabalhando nas comissões".
O senador Edison Lobão (DEM-MA) afirmou que sua parente "trabalha desde 2003, é uma ótima profissional".
A assessoria de Romero Jucá (PMDB-RR) disse que ele teve "três filhos que passaram pelo Senado". "O senador, naquele período, criou esse vínculo dos filhos com o Senado para dar uma experiência profissional a eles, como se fosse um estágio."
O senador Augusto Botelho (PT-RR) disse que seu irmão "ajuda na discussão das propostas, recebe amigos, doentes, ele conhece as pessoas".
A assessoria do senador Expedito Júnior (PR-RO) defendeu o irmão do senador. "Paulo Sérgio trabalha com o senador há 21 anos, desde o primeiro mandato do senador, como deputado federal. É o assessor político. Não existe legislação que proíba esse tipo de parentesco. Ele trabalha todos os dias, não é funcionário fantasma."
A assessoria de Sérgio Zambiasi (PTB-RS) explicou que a filha e o genro do senador deixaram o Senado: "De fato, é isso mesmo. Vieram para cá [Brasília], não se adaptaram e voltaram para o Sul".
O senador Almeida Lima (PMDB-SE) disse que não pratica o nepotismo. "Eu sou contrário ao nepotismo quando ele se caracteriza como nepotismo. Quando não se caracteriza, não. Eu tenho aproximadamente 33 pessoas no meu gabinete. Se eu tiver dois ou três parentes, não tem nada a ver. Não corresponde nem a 10%".
O senador Mão Santa (PMDB-PI) explicou o motivo pelo qual contratou sua mulher: "No meu gabinete não tem mensalão. A dona Adalgisa [sua mulher] é suplente e o povo votou, é a minha suplente, tem mais votos do que Eva Perón. A mulher do político tem uma participação social".
O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) disse que seu filho foi nomeado por um "equívoco" e dias depois foi desligado. "Houve um equívoco, hoje é deputado estadual, é meu filho. Não chegou nem a assumir. A gente imediatamente fez a revisão do caso, por questão de um equívoco de uma pessoa que deu uma solução e depois eu não concordei, e a coisa não prosperou, ele não chegou nem a tomar posse".
Segundo a assessoria do senador Jonas Pinheiro (DEM-MT), seus dois sobrinhos "são pessoas da mais absoluta confiança que trabalham para ele. Têm, realmente, o parentesco, mas o critério usado é a utilidade da pessoa, do serviço da pessoa para ele. Ele [senador] alegou que não há irregularidade quanto à contratação, é um procedimento legal e ele só fez isso pela necessidade".
O senador Papaléo Paes (PSDB-AP) afirmou que contratou uma parente muito distante. "É parente de quinto grau, filha da filha de uma sobrinha. A minha consciência diz que ela trabalha comigo não por ser sobrinha-neta, mas pela condição de ela sempre me ajudar, ter se envolvido nessa área política, e me ajudando. Ela é uma assessora que reside na minha base, um escritoriozinho [no Amapá]".
O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse que sua irmã ficou apenas seis meses no Senado e que sua sobrinha "é funcionária de confiança do gabinete no Piauí", onde trabalha regularmente. "Não tem nada de errado nisso", disse o senador. Sobre a contratação da irmã do executivo Carlos Rodenburg, Fortes disse que seu amigo foi contrário à idéia, e a funcionária foi admitida por sua qualificação profissional.
O irmão do senador José Sarney (PMDB-AP), Ivan Celso Sarney, que atuou no Senado até 2006, disse que fazia "assessoria, de informação, muitas vezes de contatos recomendados, com um parlamentar, uma instituição. Fazer assessoria, dar orientação, trocar uma idéia, dar uma palpite. Não é um trabalho burocrático, de sentar, ficar escrevendo".
Os senadores José Maranhão (PMDB-PB), Gilvam Borges (PMDB-AP), Leomar Quintanilha (PMDB-TO) e os ex-senadores Ney Suassuna (PMDB) e Ronaldo Cunha Lima (PSDB-PB), procurados, não foram localizados. (RV)


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