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Parlamentares defendem contratação de familiares
DA REPORTAGEM LOCAL
Os senadores que tiveram
parentes contratados pelo Senado entre 2003 e 2007 defenderam a medida, em entrevistas à Folha, pessoalmente ou
por meio de suas assessorias de
imprensa.
Neuto de Conto (PMDB-SC)
disse que seus parentes trabalham de fato. "É muito pior
contratar gente sem trabalhar.
Meu pessoal trabalha. O cargo
é de confiança, eu dou para
quem eu tenho confiança. Eu
faço da forma legal, não existe
irregularidade", disse.
Jayme Campos (DEM-MT)
defendeu sua sobrinha: "Não
tem impedimento, ela já trabalhou na Câmara. É preparada e
de minha confiança. É advogada e todo dia está aqui cedo,
trabalhando nas comissões".
O senador Edison Lobão
(DEM-MA) afirmou que sua
parente "trabalha desde 2003,
é uma ótima profissional".
A assessoria de Romero Jucá
(PMDB-RR) disse que ele teve
"três filhos que passaram pelo
Senado". "O senador, naquele
período, criou esse vínculo dos
filhos com o Senado para dar
uma experiência profissional a
eles, como se fosse um estágio."
O senador Augusto Botelho
(PT-RR) disse que seu irmão
"ajuda na discussão das propostas, recebe amigos, doentes,
ele conhece as pessoas".
A assessoria do senador Expedito Júnior (PR-RO) defendeu o irmão do senador. "Paulo
Sérgio trabalha com o senador
há 21 anos, desde o primeiro
mandato do senador, como deputado federal. É o assessor político. Não existe legislação que
proíba esse tipo de parentesco.
Ele trabalha todos os dias, não
é funcionário fantasma."
A assessoria de Sérgio Zambiasi (PTB-RS) explicou que a
filha e o genro do senador deixaram o Senado: "De fato, é isso mesmo. Vieram para cá
[Brasília], não se adaptaram e
voltaram para o Sul".
O senador Almeida Lima
(PMDB-SE) disse que não pratica o nepotismo. "Eu sou contrário ao nepotismo quando ele
se caracteriza como nepotismo. Quando não se caracteriza,
não. Eu tenho aproximadamente 33 pessoas no meu gabinete. Se eu tiver dois ou três parentes, não tem nada a ver. Não
corresponde nem a 10%".
O senador Mão Santa
(PMDB-PI) explicou o motivo
pelo qual contratou sua mulher: "No meu gabinete não
tem mensalão. A dona Adalgisa
[sua mulher] é suplente e o povo votou, é a minha suplente,
tem mais votos do que Eva Perón. A mulher do político tem
uma participação social".
O senador Garibaldi Alves
(PMDB-RN) disse que seu filho
foi nomeado por um "equívoco" e dias depois foi desligado.
"Houve um equívoco, hoje é
deputado estadual, é meu filho.
Não chegou nem a assumir. A
gente imediatamente fez a revisão do caso, por questão de
um equívoco de uma pessoa
que deu uma solução e depois
eu não concordei, e a coisa não
prosperou, ele não chegou nem
a tomar posse".
Segundo a assessoria do senador Jonas Pinheiro (DEM-MT), seus dois sobrinhos "são
pessoas da mais absoluta confiança que trabalham para ele.
Têm, realmente, o parentesco,
mas o critério usado é a utilidade da pessoa, do serviço da pessoa para ele. Ele [senador] alegou que não há irregularidade
quanto à contratação, é um
procedimento legal e ele só fez
isso pela necessidade".
O senador Papaléo Paes
(PSDB-AP) afirmou que contratou uma parente muito distante. "É parente de quinto
grau, filha da filha de uma sobrinha. A minha consciência
diz que ela trabalha comigo não
por ser sobrinha-neta, mas pela condição de ela sempre me
ajudar, ter se envolvido nessa
área política, e me ajudando.
Ela é uma assessora que reside
na minha base, um escritoriozinho [no Amapá]".
O senador Heráclito Fortes
(DEM-PI) disse que sua irmã
ficou apenas seis meses no Senado e que sua sobrinha "é funcionária de confiança do gabinete no Piauí", onde trabalha
regularmente. "Não tem nada
de errado nisso", disse o senador. Sobre a contratação da irmã do executivo Carlos Rodenburg, Fortes disse que seu amigo foi contrário à idéia, e a funcionária foi admitida por sua
qualificação profissional.
O irmão do senador José Sarney (PMDB-AP), Ivan Celso
Sarney, que atuou no Senado
até 2006, disse que fazia "assessoria, de informação, muitas vezes de contatos recomendados, com um parlamentar,
uma instituição. Fazer assessoria, dar orientação, trocar uma
idéia, dar uma palpite. Não é
um trabalho burocrático, de
sentar, ficar escrevendo".
Os senadores José Maranhão (PMDB-PB), Gilvam Borges (PMDB-AP), Leomar Quintanilha (PMDB-TO) e os ex-senadores Ney Suassuna
(PMDB) e Ronaldo Cunha Lima (PSDB-PB), procurados,
não foram localizados.
(RV)
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