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MARANHÃO
Ministério Público vai à Justiça contra José Reinaldo Tavares (PFL), que tenta reeleição e é apoiado pela família Sarney
Governador é acionado por uso da máquina
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O Ministério Público Federal do
Maranhão entrou anteontem na
Justiça Eleitoral do Estado com
pedido de cassação do registro de
candidatura e consequente declaração de inelegibilidade do governador José Reinaldo Tavares
(PFL), que disputa a reeleição.
Segundo a Procuradoria, Tavares, candidato da família Sarney,
teria utilizado a máquina pública
em benefício de sua candidatura
ao criar um programa de ações
assistenciais bancadas pelo governo estadual.
O pedido foi feito por meio de
uma representação e de uma solicitação de investigação judicial
eleitoral. Nas duas peças jurídicas,
o Ministério Público afirma que o
programa "Mutirão da Cidadania", do governo do Estado, está
sendo utilizado eleitoralmente.
O programa foi criado em maio
-um mês depois de Tavares ter
assumido o governo, após a desincompatibilização de Roseana
Sarney (PFL). Implantado na capital São Luís e no interior, o programa consiste no oferecimento à
população de ações gratuitas tais
como consultas médicas, solicitação e obtenção de documentos,
assistência jurídica, corte de cabelo, recreação e animação cultural,
entre outras atividades.
"O objetivo dessas ações governamentais tem um claro propósito eleitoral de beneficiar a candidatura do governador", disse o
procurador Antônio Cavalcante,
que assina a representação junto
com o procurador Nicolau Dino.
Segundo pesquisa do Ibope divulgada anteontem, Tavares está
com 37% das intenções de voto,
em situação de empate técnico
com o ex-prefeito de São Luís
Jackson Lago (PDT), com 40%.
Entre os motivos apresentados
pelos procuradores para afirmar
que o "Mutirão da Cidadania" representa abuso de poder econômico e político, está a distribuição
nos mutirões de 26.975 óculos adquiridos por meio da entidade filantrópica de assistência social do
Estado. O recurso para a compra
teria vindo de empresas privadas
que prestam serviços ao Estado.
Além disso, dizem os procuradores, a logomarca da campanha
de Tavares que apresenta o nome
"Zé" como se fosse uma bandeira
tremulante, com as cores da bandeira do Maranhão, teria "uma
semelhança muito grande" com a
logomarca do governo que acompanha os programas do Estado.
A investigação judicial, que em
caso de condenação prevê a inelegibilidade por três anos, vai ser
analisada pela Corregedoria do
Tribunal Regional Eleitoral e será
julgada pela Corte do órgão. A representação, que prevê a cassação
da candidatura, será julgada pela
desembargadora Cleonice Freire.
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