São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ELEIÇÕES DO PT

De acordo com resultados parciais, Berzoini tem 42,8% de votos; petistas avaliam que Valter Pomar deve ficar com segunda vaga

Direção do PT trabalha com segundo turno

DA REPORTAGEM LOCAL

Os 201 mil votos apurados na eleição do PT até as 20h de ontem sinalizam uma mudança histórica: pela primeira vez em dez anos, o candidato a presidente do Campo Majoritário não atingiu a maioria absoluta da votação e irá disputar o segundo turno, o que decreta o fim da hegemonia da corrente que controla o partido.
Segundo boletim parcial divulgado na noite de ontem, o candidato do Campo, Ricardo Berzoini, liderava a contagem com 42,8% dos votos (80.750).
Oficialmente, o PT informava que a outra vaga para o segundo turno continuava indefinida. Dirigentes petistas avaliavam, porém, que o candidato da Articulação de Esquerda, Valter Pomar, que aparece em segundo lugar, com 17% (32.160 votos), manteria a vantagem até o final.
Pomar é seguido por Plínio de Arruda Sampaio, com 13,4% (25.269), apoiado pela corrente radical Ação Popular Socialista. Em quarto lugar, estava Raul Pont, da Democracia Socialista, com 12,7% dos votos, e em quinto, Maria do Rosário, do Movimento PT, com 12%.
O apoio de aliados da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy a Pomar, e não a Berzoini, foi decisivo no resultado positivo do candidato da Articulação, principalmente no Estado e na capital (leia texto nesta página).
Por isso partidários de Pont e de Sampaio apostavam em reverter a vantagem do candidato da Articulação com a totalização da apuração em Minas Gerais, no Ceará e no Rio Grande do Sul.
Segundo cálculos da cúpula petista, já estavam apurados mais de 70% dos votos, que apontavam para um comparecimento de quase 40%, superior ao dobro do quórum mínimo e bem acima do esperado pela direção. A estimativa era que o número de votantes chegasse a 272 mil, num universo de cerca de 820 mil filiados.
Embora não houvesse ainda parciais oficiais sobre a eleição da chapa para o Diretório Nacional -que é independente da disputa para presidente-, a tendência é que o resultado de Berzoini se repita, ou seja, que o Campo Majoritário deixe de ser majoritário.
Como os cargos no PT se distribuem proporcionalmente à votação de cada chapa, o Campo também perderia a maioria no Diretório Nacional e na Executiva Nacional, as instâncias máximas do partido. A aposta dos petistas é que o grupo que controla o PT -que em 2001 saiu das urnas com 52% dos votos- obtenha 45% do Diretório Nacional.
Para o presidente do PT, Tarso Genro, o resultado enterra o Campo Majoritário. "Está absolutamente claro que nenhuma chapa ou nenhum campo a ser formado terá maioria absoluta. Como não haverá maioria absoluta, as decisões que o partido vai tomar não serão decisões automáticas por maioria quantitativa, serão decisões mais dialogadas, mais fundamentadas", disse.
A atual direção petista decidiu dar posse à nova direção dias após a proclamação do resultado final -o segundo turno está marcado para 9 de outubro.
Até as 20h de ontem, apenas três Estados não haviam enviado nenhum dado à direção nacional (AM, AP e RR).

Esquerda
Denúncias de irregularidades na votação de anteontem devem dificultar uma união da chamada esquerda petista no segundo turno. Plínio de Arruda Sampaio não deve apoiar Valter Pomar caso este consiga uma vaga na seqüência da disputa.
O grupo de Sampaio prepara recursos apontando irregularidades, principalmente na região de Capela do Socorro, na capital paulista, onde dizem ter havido voto de cabresto. Lá, a apuração parcial dava vitória a Pomar com certa folga.
A região é controlada por aliados de Marta. A Democracia Socialista, que tem Pont como candidato, também prepara recursos contra a votação naquela região. (FLÁVIA MARREIRO e CONRADO CORSALETTE)

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