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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ELEIÇÕES DO PT
De acordo com resultados parciais, Berzoini tem 42,8% de votos; petistas avaliam que Valter Pomar deve ficar com segunda vaga
Direção do PT trabalha com segundo turno
DA REPORTAGEM LOCAL
Os 201 mil votos apurados na
eleição do PT até as 20h de ontem
sinalizam uma mudança histórica: pela primeira vez em dez anos,
o candidato a presidente do Campo Majoritário não atingiu a
maioria absoluta da votação e irá
disputar o segundo turno, o que
decreta o fim da hegemonia da
corrente que controla o partido.
Segundo boletim parcial divulgado na noite de ontem, o candidato do Campo, Ricardo Berzoini, liderava a contagem com
42,8% dos votos (80.750).
Oficialmente, o PT informava
que a outra vaga para o segundo
turno continuava indefinida. Dirigentes petistas avaliavam, porém, que o candidato da Articulação de Esquerda, Valter Pomar,
que aparece em segundo lugar,
com 17% (32.160 votos), manteria
a vantagem até o final.
Pomar é seguido por Plínio de
Arruda Sampaio, com 13,4%
(25.269), apoiado pela corrente
radical Ação Popular Socialista.
Em quarto lugar, estava Raul
Pont, da Democracia Socialista,
com 12,7% dos votos, e em quinto, Maria do Rosário, do Movimento PT, com 12%.
O apoio de aliados da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy a
Pomar, e não a Berzoini, foi decisivo no resultado positivo do candidato da Articulação, principalmente no Estado e na capital (leia
texto nesta página).
Por isso partidários de Pont e de
Sampaio apostavam em reverter a
vantagem do candidato da Articulação com a totalização da apuração em Minas Gerais, no Ceará
e no Rio Grande do Sul.
Segundo cálculos da cúpula petista, já estavam apurados mais de
70% dos votos, que apontavam
para um comparecimento de
quase 40%, superior ao dobro do
quórum mínimo e bem acima do
esperado pela direção. A estimativa era que o número de votantes
chegasse a 272 mil, num universo
de cerca de 820 mil filiados.
Embora não houvesse ainda
parciais oficiais sobre a eleição da
chapa para o Diretório Nacional
-que é independente da disputa
para presidente-, a tendência é
que o resultado de Berzoini se repita, ou seja, que o Campo Majoritário deixe de ser majoritário.
Como os cargos no PT se distribuem proporcionalmente à votação de cada chapa, o Campo também perderia a maioria no Diretório Nacional e na Executiva Nacional, as instâncias máximas do
partido. A aposta dos petistas é
que o grupo que controla o PT
-que em 2001 saiu das urnas
com 52% dos votos- obtenha
45% do Diretório Nacional.
Para o presidente do PT, Tarso
Genro, o resultado enterra o
Campo Majoritário. "Está absolutamente claro que nenhuma chapa ou nenhum campo a ser formado terá maioria absoluta. Como não haverá maioria absoluta,
as decisões que o partido vai tomar não serão decisões automáticas por maioria quantitativa, serão decisões mais dialogadas,
mais fundamentadas", disse.
A atual direção petista decidiu
dar posse à nova direção dias após
a proclamação do resultado final
-o segundo turno está marcado
para 9 de outubro.
Até as 20h de ontem, apenas três
Estados não haviam enviado nenhum dado à direção nacional
(AM, AP e RR).
Esquerda
Denúncias de irregularidades
na votação de anteontem devem
dificultar uma união da chamada
esquerda petista no segundo turno. Plínio de Arruda Sampaio não
deve apoiar Valter Pomar caso este consiga uma vaga na seqüência
da disputa.
O grupo de Sampaio prepara recursos apontando irregularidades, principalmente na região de
Capela do Socorro, na capital
paulista, onde dizem ter havido
voto de cabresto. Lá, a apuração
parcial dava vitória a Pomar com
certa folga.
A região é controlada por aliados de Marta. A Democracia Socialista, que tem Pont como candidato, também prepara recursos
contra a votação naquela região.
(FLÁVIA MARREIRO e CONRADO CORSALETTE)
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