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ELEIÇÕES 2006
"República de sindicalistas" de Lula forjou laços na CUT
Campanhas de Lula têm "know how" cutista sobre recursos
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes de chegarem ao poder,
os dirigentes sindicais que ocuparam (ou ainda ocupam) cargos na "república de sindicalistas", comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já
mantinham relações de amizade na CUT (Central Única dos
Trabalhadores), maior central
da América Latina.
Ao menos 44 ex-sindicalistas
chegaram a integrar em 2004
os vários escalões do Executivo,
como ministros, assessores, secretários, presidentes de estatais e dirigentes de entidades ligadas ao governo federal.
A troca de experiências no
movimento sindical, em cargos
que permitiam ter acesso a informações sobre recursos públicos e como obtê-los, foi fundamental para que os cutistas
transferissem esse "know-how" para as campanhas de Lula à Presidência, segundo a Folha apurou com dirigentes que
fundaram a central sindical.
Jorge Lorenzetti, apontado
como intermediário da negociação do dossiê contra os tucanos, foi secretário de formação
política da CUT anos 90. Teve
contatos com sindicatos internacionais, com os quais teria
conseguido financiamentos para programas da CUT.
Também nessa época, Delúbio Soares ocupou o cargo de
tesoureiro da CUT e chegou a
representar a entidade no Conselho Deliberativo do FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador), órgão que administra
os recursos do fundo.
Ex-tesoureiro do PT, Soares
é um dos envolvidos no esquema ilegal de repasse de dinheiro intermediado pelo publicitário Marcos Valério.
Lorenzetti ainda é apontado
por ser o responsável pela aproximação da CUT e José Dirceu,
ex-ministro-chefe da Casa Civil. Dirceu nega o elo com Lorenzetti -licenciado desde
março de uma diretoria do
Banco do Estado de Santa Catarina para cuidar da campanha
presidencial de Lula.
"[As ligações] são uma mesquinha manipulação jornalística para tentar me associar aos
acontecimentos. Coisas da
oposição", afirmou Dirceu ontem em seu blog.
Soares e Dirceu integram a
lista dos 40 denunciados pela
Procuradoria-Geral da República de envolvimento no escândalo do mensalão.
Ex-diretor do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Bernardo
do Campo (hoje, do ABC) e ex-chefe de gabinete do ministro
Luiz Marinho (Trabalho), Oswaldo Bargas também teve seu
nome associado a oferta de dossiês. Ele teria oferecido os documentos à revista "Época".
É a segunda vez que o nome
de Bargas aparece associado a
dossiês. Em 2003, foi apontado
pela revista "Veja" como integrante de um suposto grupo de
"blindagem eleitoral" que preparava dossiês contra adversários do então candidato Lula
nas eleições de 2002. Ele nega.
Carlos Alberto Grana, ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que na ocasião da
campanha e hoje presidente da
CNM (Confederação Nacional
dos Metalúrgicos) da CUT, é citado na mesma reportagem como o responsável pela parte
"logística" do grupo. Na ocasião, Grana negou existir a
equipe de "blindagem". A Folha não o localizou ontem.
Esse grupo, cujo QG seria em
São Paulo, teria levantado documentos que ligavam Paulo
Pereira da Silva, hoje presidente licenciado da Força Sindical
e então candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes,
a supostas irregularidades no
uso do FAT. Após a notícia, Pereira da Silva deixou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o "Conselhão"
e rompeu com o governo Lula.
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