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Ocupação de tropas deixa alunos sem aula no Rio
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO
Por causa da ocupação do
Exército na Rocinha (zona sul
do Rio de Janeiro) para evitar
tumulto na campanha eleitoral,
cerca de mil crianças e adolescentes da favela ficaram sem
aulas ontem. Os militares usaram o Ciep (Centro Integrado
de Educação Pública) Ayrton
Senna, em São Conrado, como
base. A presença dos soldados
desviou a atenção das aulas anteontem, e algumas alunas chegaram a trocar telefones e a paquerar os militares, segundo
professores e os próprios soldados. A direção do colégio diz
desconhecer os relatos.
As tropas do Exército desocuparam a Rocinha ontem por
volta das 18h, após três dias na
comunidade, como parte da
Operação Guanabara. Durante
a ocupação, os cerca de mil militares que integraram a missão
dormiram no Ciep, onde montaram acampamento.
"As meninas não saíam da janela. Uma delas me disse: "Ah,
professora, me libera mais cedo
para eu ver o meu soldado que
estou dando uns beijos'", contou uma das professoras, sem
se identificar.
Um grupo de soldados que
descansava ontem no colégio
confirmou à Folha que houve
paquera entre eles e as alunas.
Um deles, que não quis se identificar, relatou que trocou telefones com uma estudante.
Com a suposta dispersão dos
alunos e preocupados com a
presença de homens armados
com fuzis no meio das crianças,
professores do colégio pediram
à diretoria que as aulas fossem
canceladas.
O Exército informou que os
militares mantiveram as armas
descarregadas e desativadas
quando circularam pelo colégio. O porta-voz da operação,
coronel André Luiz Novaes,
disse que não há proibição de
conversa entre os soldados e os
civis, mas que desconhece o clima de paquera relatado. "O que
a gente consideraria extremamente grave era se tivesse algum tipo relacionamento."
A diretora do Ciep, Vera Almada, também afirmou desconhecer o contato entre as alunas e soldados e aprovou a presença das tropas no colégio.
"Não atrapalhou em nada as
aulas nem com os alunos."
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