São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2008

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Ocupação de tropas deixa alunos sem aula no Rio

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO

Por causa da ocupação do Exército na Rocinha (zona sul do Rio de Janeiro) para evitar tumulto na campanha eleitoral, cerca de mil crianças e adolescentes da favela ficaram sem aulas ontem. Os militares usaram o Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) Ayrton Senna, em São Conrado, como base. A presença dos soldados desviou a atenção das aulas anteontem, e algumas alunas chegaram a trocar telefones e a paquerar os militares, segundo professores e os próprios soldados. A direção do colégio diz desconhecer os relatos.
As tropas do Exército desocuparam a Rocinha ontem por volta das 18h, após três dias na comunidade, como parte da Operação Guanabara. Durante a ocupação, os cerca de mil militares que integraram a missão dormiram no Ciep, onde montaram acampamento.
"As meninas não saíam da janela. Uma delas me disse: "Ah, professora, me libera mais cedo para eu ver o meu soldado que estou dando uns beijos'", contou uma das professoras, sem se identificar.
Um grupo de soldados que descansava ontem no colégio confirmou à Folha que houve paquera entre eles e as alunas. Um deles, que não quis se identificar, relatou que trocou telefones com uma estudante.
Com a suposta dispersão dos alunos e preocupados com a presença de homens armados com fuzis no meio das crianças, professores do colégio pediram à diretoria que as aulas fossem canceladas.
O Exército informou que os militares mantiveram as armas descarregadas e desativadas quando circularam pelo colégio. O porta-voz da operação, coronel André Luiz Novaes, disse que não há proibição de conversa entre os soldados e os civis, mas que desconhece o clima de paquera relatado. "O que a gente consideraria extremamente grave era se tivesse algum tipo relacionamento."
A diretora do Ciep, Vera Almada, também afirmou desconhecer o contato entre as alunas e soldados e aprovou a presença das tropas no colégio. "Não atrapalhou em nada as aulas nem com os alunos."


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