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Pedido de cassação deve ser aprovado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O parecer do deputado Júlio
Delgado (PSB-MG) que pede a
cassação do mandato de José Dirceu (PT-SP) sob a acusação de envolvimento com o "mensalão"
deve ser aprovado na votação que
o Conselho de Ética da Câmara
realiza amanhã. Pelo menos 10
dos 14 integrantes titulares do
conselho manifestaram a intenção de votar contra Dirceu.
O único consolo de Dirceu é que
a votação não deve ser unânime,
como ocorreu com Roberto Jefferson (PTB), cassado no mês
passado. Os outros quatro integrantes titulares do conselho não
quiseram antecipar seus votos,
mas a tendência é que a única petista do conselho, Ângela Guadagnin (SP), apóie Dirceu.
O presidente do Conselho de
Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), que
só vota em caso de empate, também sinalizou a aliados a intenção
de apoiar o relatório de Delgado.
"O delito dele é político. Estou
convencido de que ele foi o coordenador político da governabilidade necessária", afirmou Nelson
Trad (PMDB-MS), um dos que já
assumiu abertamente seu voto.
Júlio Delgado pede a cassação
de Dirceu sob o argumento, entre
outros, de que o ex-ministro da
Casa Civil "tinha poderes para se
o autor intelectual de todo este esquema [do "mensalão'] ou, pelo
menos, para impedir que tais práticas prosperassem". Segundo ele,
a cassação de Dirceu é o meio de
restaurar a "dignidade e a credibilidade da Câmara".
"O relatório é juridicamente
bem fundamentado e consegue
desconstruir totalmente a tese da
defesa dele [Dirceu], de que não
havia provas. O relator mostra
um conjunto de evidências que
apontam para uma relação intrínseca entre Delúbio Soares [ex-tesoureiro do PT], Dirceu e Marcos
Valério [operador do caixa dois
do PT]", afirmou Carlos Sampaio
(PSDB-SP), apesar de se dizer ainda indeciso sobre seu voto.
Dirceu nega ter envolvimento
com o esquema montado pelo PT
e por Valério para repassar dinheiro a políticos governistas.
Após a aprovação no Conselho
de Ética, o parecer contra Dirceu
segue para votação secreta no plenário, o que pode ocorrer na semana que vem.
Se pelo menos 257 dos 513 deputados apoiarem o relatório de
Delgado, Dirceu será o segundo
deputado a ser cassado devido ao
"mensalão" -o outro foi Jefferson, autor das denúncias.
"Amargurado"
O deputado Pedro Henry (PP-MT) afirmou ontem em depoimento ao conselho, onde enfrenta
processo de cassação de mandato
por envolvimento no escândalo
do "mensalão", estar "amargurado" por "ter sido colocado em um
pacote" e por ter de enfrentar um
processo "carente de provas".
A defesa de Henry, que foi líder
da bancada do PP antes de José Janene (PR), se resumiu em afirmar
que as investigações das CPIs dos
Correios e do Mensalão e da Polícia Federal não encontraram provas de seu envolvimento no esquema do "mensalão", conforme
denunciou Jefferson.
"Após 136 dias da malfadada
entrevista de Roberto Jefferson à
Folha, que originou essa seqüência de fatos que culminaram para
me trazer a este Conselho de Ética, com as investigações das CPIs,
da Polícia Federal e da própria
imprensa, não surgiram fatos novos além daquela entrevista", disse, atribuindo os ataques a uma
disputa pessoal com Jefferson.
Henry rebateu ainda as acusações de que teria pressionado o líder do PTB, José Múcio (PE), a
aceitar o "mensalão", e de que
mandava o ex-assessor de Janene,
João Cláudio Genu, sacar dinheiro das contas de Marcos Valério.
(RANIER BRAGON E FÁBIO ZANINI)
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