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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Abel é acusado de cobrar dívida de propina de Vedoin
Ronildo Medeiros, da máfia dos sanguessugas, diz que suposto amigo do tucano Barjas Negri pediu R$ 421,2 mil
Advogados de Abel afirmam que Vedoin e Ronildo fazem acusações falsas e vêem contradições nos valores que teriam sido depositados
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
Parceiro de Luiz Antonio Vedoin na máfia dos sanguessugas, Ronildo Medeiros disse à
Justiça que o empresário Abel
Pereira -suposto amigo de
Barjas Negri (PSDB), ministro
da Saúde no governo FHC e
atual prefeito de Piracicaba-,
foi a Cuiabá cobrar propina de
Vedoin, no valor de R$ 421,2
mil, dias antes da negociação do
dossiê contra tucanos.
Conforme Ronildo, Abel, que
mora em Piracicaba, esteve em
Cuiabá na segunda quinzena de
agosto. Durante encontro em
um restaurante, Abel teria pedido a Ronildo para cobrar de
Vedoin a dívida de propina. Segundo Ronildo, Vedoin lhe disse que não iria pagar Abel.
O dossiê começou a ser negociado com emissários petistas
em 23 de agosto passado. Em 14
de setembro, Vedoin deu uma
entrevista à revista "IstoÉ" e
entregou documentos à Justiça
Federal, em Cuiabá, acusando
Abel de receber propina de
6,5% por verba liberada no Ministério da Saúde em 2002,
quando Barjas era ministro.
Vedoin diz que Abel era ligado a Barjas e que, por isso, conseguia liberar o dinheiro. Barjas foi secretário-executivo do
hoje governador eleito de São
Paulo, José Serra (PSDB),
quando ele era o ministro. Barjas nega a amizade.
Em depoimento à Justiça Federal na semana passada, Vedoin afirmou que Abel obteve a
liberação de R$ 3 milhões a R$
3,5 milhões no ministério. Vedoin entregou à Justiça cópias
de nove cheques que somam R$
421.230: três deles, de R$ 30
mil cada um, foram emitidos
em 10 de janeiro de 2003; outros quatro, que somam R$ 199
mil, em 5 de fevereiro; e mais
dois, no valor de R$ 132,23 mil,
em 30 de dezembro de 2003.
O chefe da máfia dos sanguessugas diz que os cheques
foram entregues a Abel como
pagamento de propina, mas
que ele suspendeu o pagamento antes de eles serem descontados.
Conforme Vedoin, Abel passou a cobrar a dívida. O Ministério Público Federal desconfia
dessa versão porque os cheques
foram emitidos em 2002 e
2003 e Abel teria procurado
Ronildo em agosto último.
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