São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Abel é acusado de cobrar dívida de propina de Vedoin

Ronildo Medeiros, da máfia dos sanguessugas, diz que suposto amigo do tucano Barjas Negri pediu R$ 421,2 mil

Advogados de Abel afirmam que Vedoin e Ronildo fazem acusações falsas e vêem contradições nos valores que teriam sido depositados


HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ

Parceiro de Luiz Antonio Vedoin na máfia dos sanguessugas, Ronildo Medeiros disse à Justiça que o empresário Abel Pereira -suposto amigo de Barjas Negri (PSDB), ministro da Saúde no governo FHC e atual prefeito de Piracicaba-, foi a Cuiabá cobrar propina de Vedoin, no valor de R$ 421,2 mil, dias antes da negociação do dossiê contra tucanos.
Conforme Ronildo, Abel, que mora em Piracicaba, esteve em Cuiabá na segunda quinzena de agosto. Durante encontro em um restaurante, Abel teria pedido a Ronildo para cobrar de Vedoin a dívida de propina. Segundo Ronildo, Vedoin lhe disse que não iria pagar Abel.
O dossiê começou a ser negociado com emissários petistas em 23 de agosto passado. Em 14 de setembro, Vedoin deu uma entrevista à revista "IstoÉ" e entregou documentos à Justiça Federal, em Cuiabá, acusando Abel de receber propina de 6,5% por verba liberada no Ministério da Saúde em 2002, quando Barjas era ministro.
Vedoin diz que Abel era ligado a Barjas e que, por isso, conseguia liberar o dinheiro. Barjas foi secretário-executivo do hoje governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), quando ele era o ministro. Barjas nega a amizade.
Em depoimento à Justiça Federal na semana passada, Vedoin afirmou que Abel obteve a liberação de R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões no ministério. Vedoin entregou à Justiça cópias de nove cheques que somam R$ 421.230: três deles, de R$ 30 mil cada um, foram emitidos em 10 de janeiro de 2003; outros quatro, que somam R$ 199 mil, em 5 de fevereiro; e mais dois, no valor de R$ 132,23 mil, em 30 de dezembro de 2003.
O chefe da máfia dos sanguessugas diz que os cheques foram entregues a Abel como pagamento de propina, mas que ele suspendeu o pagamento antes de eles serem descontados.
Conforme Vedoin, Abel passou a cobrar a dívida. O Ministério Público Federal desconfia dessa versão porque os cheques foram emitidos em 2002 e 2003 e Abel teria procurado Ronildo em agosto último.


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