São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2006

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Lorenzetti pode ter adquirido parte do dinheiro

RANIER BRAGON
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), disse ontem que a comissão recebeu uma informação de que parte do dinheiro usado na frustrada tentativa de compra do dossiê antitucano teria sido adquirida por Jorge Lorenzetti em uma agência de turismo e câmbio de Florianópolis, a Centaurus Turismo Câmbio Ltda.
De acordo com o deputado, a informação dá conta de que Lorenzetti -ex-coordenador do setor de inteligência da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva- teria adquirido US$ 150 mil na agência de câmbio.
"Essa é uma suspeita que quero ver esclarecida. Segundo essa informação que chegou a nós, a Centaurus teria feito uma operação de venda de US$ 150 mil ao senhor Jorge Lorenzetti", disse Jungmann.
A Polícia Federal já sabe que os dólares que seriam usados na compra do dossiê (foram US$ 248,8 mil, mais R$ 1,168 milhão, totalizando R$ 1,7 milhão) entraram no Brasil legalmente, por meio do banco Sofisa. Daí, eles foram distribuídos para diversas casas de câmbio.
Jungmann diz que, segundo a informação que chegou à CPI, uma das casas de câmbio que recebeu o dinheiro foi a Action, "que teria adquirido uma quantia muito acima da média" e repassado o montante para a Centaurus, em Florianópolis.
O vice-presidente da CPI disse ter conversado ontem sobre o assunto com o delegado da PF Diógenes Curado, responsável pelas investigações sobre o caso. "Ele disse: "Deputado, não posso fazer qualquer comentário a esse respeito, mas, sem sombra de dúvida, Santa Catarina é um dos centros das nossas preocupações"."
A Folha falou com a Centaurus. Um funcionário indicado para falar pela empresa, que se identificou como Gilson, afirmou que 99% das transações feitas pela empresa envolvem valores inferiores a US$ 10 mil. Ele negou a venda de US$ 150 mil e disse que a Centaurus não negociou em nenhum momento com Jorge Lorenzetti.
Aldo de Campos Costa, advogado de Lorenzetti, disse que "as ilações do deputado são absolutamente infundadas". Depois de contatar o seu cliente, Campos Costa disse que Lorenzetti reitera o depoimento que prestara à Polícia Federal. Ou seja, não sabe de onde veio e não tem nada a ver com o dinheiro do dossiê.
O vice-presidente da CPI também disse ontem que recebeu do delegado Diógenes Curado a informação de que a PF acredita que vá identificar a origem do R$ 1,7 milhão antes do 2º turno das eleições, que será no dia 29 de outubro.


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