São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

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Presidente interino articula rejeição de processos contra Renan e Azeredo

Absolvição do tucano seria agrado à oposição num momento decisivo para aprovação da CPMF no Senado

Paralelamente, senadores tentam convencer Renan a renunciar ao mandato; caso contrário, percepção é a de que ele deverá ser cassado

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

SILVIO NAVARRO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC) convocou reunião da Mesa Diretora para terça com a disposição de rejeitar as novas representações do PSOL, uma contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e a sexta contra o presidente licenciado da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Internamente, Viana alega que o conselho já rejeitou representação semelhante contra Azeredo, por envolvimento no chamado valerioduto tucano, esquema de caixa dois de campanhas em Minas. Afirma, ainda, que Renan, se não renunciar ao mandato, deverá ser cassado num dos quatro processos que restam contra ele. Abrir outro seria "exagero".
Ao tentar articular a rejeição às duas representações, o PT estaria agradando a oposição num momento crucial para negociar a votação da emenda que prorroga a CPMF até 2011. A absolvição de Azeredo estaria, assim, numa "pacote" de negociação entre governo e PSDB, cujo principal item é a CPMF.
No caso de Renan, a avaliação da base governista é que seria uma sinalização à oposição, PSDB à frente, de que o senador deverá ser mesmo cassado, caso não renuncie ao mandato.
Senadores influentes de vários partidos, de oposição e de governo, pressionam Renan a renunciar ao mandato de senador entre terça e quarta, data limite para que ele possa tomar a decisão e assim encerrar os processos mais complicados e manter os direitos políticos, podendo se candidatar nas próximas eleições. Ele, porém, estaria inflexível até agora.
Os processos que ele ainda responde são: 1) a acusação de beneficiar a cervejaria Schincariol; 2) denúncias de que usou "laranjas" para comprar rádios em Alagoas; 3) acusação de participar de esquema de desvio de recursos de ministérios chefiados pelo PMDB; 4) denúncia de ter mandando espionar senadores; e 5) acusação de apresentar emenda para beneficiar empresa de ex-assessor.
No caso da cervejaria, o processo está parado -governo e oposição admitem que não envolve Renan diretamente, mas seu irmão. Renan foi notificado do caso das rádios, mas há entendimento jurídico de que ele poderia renunciar até apresentar a defesa, em cinco dias úteis -terça. Se renunciasse, escaparia deste caso e dos demais por não ter sido notificado.
Tião quer colocar em votação na semana que vem a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que acaba com o voto secreto em casos de cassação de mandato e o projeto que obriga o afastamento de cargos na Casa de senadores que enfrentarem processos no conselho.
"Vamos votar essas medidas a favor da transparência do Senado", disse. O PMDB resiste em votar projetos que prejudiquem Renan. "Não creio que vote. Não há consenso nos dois casos", disse o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO).


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