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São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2003

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BATE-BOCA NO PFL

Acusado pelo senador baiano de "roubar o partido", presidente pefelista diz que estuda "medidas pertinentes"

Bornhausen ameaça, e ACM ameniza críticas

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), deverá propor hoje à Comissão Executiva Nacional do partido punição, que pode até ser a expulsão, do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), por quem foi acusado de utilizar recursos do partido para beneficiar um grupo político em detrimento de outros.
Em bate-boca na terça-feira, ACM disse a Bornhausen que ele estava "roubando o partido". A discussão começou quando o baiano cobrou do presidente do PFL o fato de o site do partido ter transcrito um texto do diário "A Tarde" -concorrente do jornal de sua família, "O Correio da Bahia"- cujo título era: "ACM Neto ainda tem que aprender".
Nela, o líder do PFL na Câmara dos Deputados, José Carlos Aleluia (BA), admite que gostaria de disputar a Prefeitura de Salvador e diz que o neto de ACM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), tem qualidade, mas tem muito o que aprender.
Bornhausen disse que havia determinado a retirada da notícia do site, mas ACM respondeu que ele estava comandando mal o partido e precisava prestar contas.
Ontem, após almoçar com deputados pefelistas -inclusive Aleluia, o pivô da discussão-, o presidente do PFL afirmou que estava analisando "medidas pertinentes", inclusive judiciais, contra ACM.
"Não cabe conversar [com ACM] sobre esse assunto nem sobre outros", disse.
"À noite, com tranquilidade, vou estudar as medidas pertinentes. Todas as esferas serão estudadas", afirmou, referindo-se à hipótese de representação em três esferas: no Conselho de Ética do partido e no do Senado e até no STF (Supremo Tribunal Federal).
Vários políticos atuaram para tentar contornar a crise, principalmente o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a senadora Roseana Sarney (PFL-MA) e o líder do partido no Senado, José Agripino (RN).

"Esclarecimento"
ACM amenizou o tom da acusação e decidiu divulgar uma nota "esclarecendo" o episódio. "Não tive o propósito de dizer que ele [Bornhausen] era desonesto. Meu propósito era dizer que ele está utilizando mal os recursos do partido do ponto de vista político. Ou seja, privilegia grupos de pessoas que não merecem, em matéria de honestidade. E citei casos a ele", afirmou o baiano.
Até as 21h, no entanto, a nota não havia sido divulgada. De acordo com pefelistas, Bornhausen não teria aceitado os termos da nota, em que ACM não pediria desculpas de forma explícita.
ACM voltou a fazer críticas à atuação de Bornhausen: "A direção do partido tem que ser mais aberta. O partido não pode ser de meia dúzia". Hoje, esse será o principal assunto da reunião da Comissão Executiva Nacional do PFL, da qual os dois estarão presentes.
Bornhausen determinou ao tesoureiro do PFL, Saulo Queiroz, que apresentasse a prestação de contas do partido, como solicitou ACM em requerimento protocolado na véspera. Queiroz deu entrevista explicando como foram gastos os cerca de R$ 15 milhões arrecadados pelo PFL neste ano.
O deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ), um dos que almoçaram com Bornhausen, defendeu medida contra ACM: "Ele tem que tomar uma medida pelo partido. Quando o senador Antonio Carlos diz que ele rouba, quer dizer então que todos nós da Executiva estamos roubando juntos. Quem cala consente".


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