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BATE-BOCA NO PFL
Acusado pelo senador baiano de "roubar o partido", presidente pefelista diz que estuda "medidas pertinentes"
Bornhausen ameaça, e ACM ameniza críticas
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do PFL, senador
Jorge Bornhausen (SC), deverá
propor hoje à Comissão Executiva Nacional do partido punição,
que pode até ser a expulsão, do senador Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), por quem foi acusado
de utilizar recursos do partido para beneficiar um grupo político
em detrimento de outros.
Em bate-boca na terça-feira,
ACM disse a Bornhausen que ele
estava "roubando o partido". A
discussão começou quando o
baiano cobrou do presidente do
PFL o fato de o site do partido ter
transcrito um texto do diário "A
Tarde" -concorrente do jornal
de sua família, "O Correio da Bahia"- cujo título era: "ACM Neto
ainda tem que aprender".
Nela, o líder do PFL na Câmara
dos Deputados, José Carlos Aleluia (BA), admite que gostaria de
disputar a Prefeitura de Salvador
e diz que o neto de ACM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), tem qualidade, mas
tem muito o que aprender.
Bornhausen disse que havia determinado a retirada da notícia do
site, mas ACM respondeu que ele
estava comandando mal o partido e precisava prestar contas.
Ontem, após almoçar com deputados pefelistas -inclusive
Aleluia, o pivô da discussão-, o
presidente do PFL afirmou que
estava analisando "medidas pertinentes", inclusive judiciais, contra ACM.
"Não cabe conversar [com
ACM] sobre esse assunto nem sobre outros", disse.
"À noite, com tranquilidade,
vou estudar as medidas pertinentes. Todas as esferas serão estudadas", afirmou, referindo-se à hipótese de representação em três
esferas: no Conselho de Ética do
partido e no do Senado e até no
STF (Supremo Tribunal Federal).
Vários políticos atuaram para
tentar contornar a crise, principalmente o presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), a senadora Roseana Sarney (PFL-MA) e
o líder do partido no Senado, José
Agripino (RN).
"Esclarecimento"
ACM amenizou o tom da acusação e decidiu divulgar uma nota
"esclarecendo" o episódio. "Não
tive o propósito de dizer que ele
[Bornhausen] era desonesto. Meu
propósito era dizer que ele está
utilizando mal os recursos do partido do ponto de vista político. Ou
seja, privilegia grupos de pessoas
que não merecem, em matéria de
honestidade. E citei casos a ele",
afirmou o baiano.
Até as 21h, no entanto, a nota
não havia sido divulgada. De
acordo com pefelistas, Bornhausen não teria aceitado os termos
da nota, em que ACM não pediria
desculpas de forma explícita.
ACM voltou a fazer críticas à
atuação de Bornhausen: "A direção do partido tem que ser mais
aberta. O partido não pode ser de
meia dúzia". Hoje, esse será o
principal assunto da reunião da
Comissão Executiva Nacional do
PFL, da qual os dois estarão presentes.
Bornhausen determinou ao tesoureiro do PFL, Saulo Queiroz,
que apresentasse a prestação de
contas do partido, como solicitou
ACM em requerimento protocolado na véspera. Queiroz deu entrevista explicando como foram
gastos os cerca de R$ 15 milhões
arrecadados pelo PFL neste ano.
O deputado Rodrigo Maia
(PFL-RJ), um dos que almoçaram
com Bornhausen, defendeu medida contra ACM: "Ele tem que
tomar uma medida pelo partido.
Quando o senador Antonio Carlos diz que ele rouba, quer dizer
então que todos nós da Executiva
estamos roubando juntos. Quem
cala consente".
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