São Paulo, sexta-feira, 20 de novembro de 2009

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Itália inventou personagem, diz terrorista

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia após ter sua extradição aprovada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o terrorista Cesare Battisti disse ontem que "a pessoa que diversos ministros descreveram no julgamento não sou eu".
A afirmativa consta de um manuscrito, obtido pela Folha, no qual Battisti, visitado por seu advogado, Luís Roberto Barroso, no presídio, em Brasília, descreveu o que estava sentindo após a decisão.
"[A pessoa julgada] é um personagem inventado pelo governo italiano na sua perseguição de 30 anos, baseada em denúncias não verdadeiras."
A base da acusação que levou Battisti a ser condenado à prisão perpétua, em 1988, pela Corte de Milão, por envolvimento em quatro assassinatos, e depois pela Corte Europeia, são relatos de ex-militantes, como Pietro Mutti, que recebeu os benefícios da deleção premiada.
Nos anos 70, ambos integravam o movimento de extrema esquerda PAC (Proletariados Armados pelo Comunismo).
Ainda conforme Battisti "na Itália não houve arrependidos espontâneos. Todos sofreram pressões sobre famílias e depois receberam benefícios: liberdade, nova identidade, reduções de penas".
Battisti segue em greve de fome desde sexta-feira.
Barroso não pretende, por ora, ingressar com medida judicial: "Em tese, Lula vai esperar a publicação do acórdão, que trará a parte da decisão de que a competência final do presidente é inequívoca".
Questionado sobre a possibilidade de o acórdão só ser publicado em fevereiro, disse: "Estamos falando de uma pessoa presa há dois anos. Os votos foram encaminhados por escrito. Não há razão para retardamento maior. Se houver demora, como está inequivocamente declarada sua competência, penso que o presidente pode exercê-la [mesmo sem a publicação do acórdão]".


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