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Itália inventou personagem,
diz terrorista
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia após ter sua extradição aprovada pelo
STF (Supremo Tribunal
Federal), o terrorista Cesare Battisti disse ontem
que "a pessoa que diversos
ministros descreveram no
julgamento não sou eu".
A afirmativa consta de
um manuscrito, obtido pela Folha, no qual Battisti,
visitado por seu advogado,
Luís Roberto Barroso, no
presídio, em Brasília, descreveu o que estava sentindo após a decisão.
"[A pessoa julgada] é um
personagem inventado
pelo governo italiano na
sua perseguição de 30
anos, baseada em denúncias não verdadeiras."
A base da acusação que
levou Battisti a ser condenado à prisão perpétua,
em 1988, pela Corte de Milão, por envolvimento em
quatro assassinatos, e depois pela Corte Europeia,
são relatos de ex-militantes, como Pietro Mutti,
que recebeu os benefícios
da deleção premiada.
Nos anos 70, ambos integravam o movimento de
extrema esquerda PAC
(Proletariados Armados
pelo Comunismo).
Ainda conforme Battisti
"na Itália não houve arrependidos espontâneos.
Todos sofreram pressões
sobre famílias e depois receberam benefícios: liberdade, nova identidade, reduções de penas".
Battisti segue em greve
de fome desde sexta-feira.
Barroso não pretende,
por ora, ingressar com
medida judicial: "Em tese,
Lula vai esperar a publicação do acórdão, que trará a
parte da decisão de que a
competência final do presidente é inequívoca".
Questionado sobre a
possibilidade de o acórdão
só ser publicado em fevereiro, disse: "Estamos falando de uma pessoa presa
há dois anos. Os votos foram encaminhados por
escrito. Não há razão para
retardamento maior. Se
houver demora, como está
inequivocamente declarada sua competência, penso que o presidente pode
exercê-la [mesmo sem a
publicação do acórdão]".
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