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Patrocinadores de "Lula" têm verba federal
Sete das 17 empresas que ajudaram a bancar o filme receberam R$ 407 milhões neste ano em contratos com o governo
Outras cinco financiadoras da obra sobre a vida de Lula obtiveram financiamentos do BNDES; empresas dizem não ver problema em ajuda
Lula Marques - 17.nov.2009/Folha Imagem
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O elenco do filme na estreia no Festival de Brasília
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
PAULO GAMA
DA REDAÇÃO
A maior parte das 17 empresas patrocinadoras do filme
"Lula, o Filho do Brasil", que
deve entrar no circuito comercial em 1º de janeiro, mantém
negócios com os ministérios e
bancos do governo federal.
Apenas em 2009, sete dessas
empresas receberam cerca de
R$ 407 milhões em pagamentos diretos da União por conta
de obras, aquisição de equipamentos e outros serviços.
Outras cinco obtiveram financiamentos do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
desde o início do mandato do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, em 2003, e outra tem como sócio um banco estatal e o
fundo de pensão a ele ligado,
ambos controlados pela União.
O Banco do Brasil e a Previ
(fundo dos funcionários do
BB), cujos presidentes são nomeados pelo governo federal,
detêm cerca de 61% das ações
da Neoenergia, terceiro maior
grupo do setor energético brasileiro, que confirmou à Folha
ter doado R$ 500 mil para a
produção do filme.
O custo total é um dos mais
altos do cinema nacional. Os
produtores, a família de Luiz
Carlos Barreto, afirmam que
foi de R$ 12 milhões.
As empresas investiram de
uma maneira pouco usual no
mercado: injetaram dinheiro
próprio e fora das leis de incentivo à cultura que preveem o
abatimento das doações no Imposto de Renda. Os produtores
do filme dizem que não usaram
as leis de fomento justamente
para não serem acusados de
beneficiamento indevido.
Se preservou o dinheiro dos
contribuintes, o caminho adotado pelos produtores tornou a
operação menos transparente.
Nos projetos financiados de
acordo com as leis de incentivo
à cultura (cerca de R$ 88 milhões em projetos de cinema
em 2008), a Ancine (Agência
Nacional do Cinema) tem acesso aos valores e às empresas financiadoras, dados que tem de
publicar em seu site. Não é o
caso do filme "Lula".
"É como um negócio qualquer entre duas empresas. Não
temos acesso a essas informações", informou a agência.
Em e-mail enviado à Folha
por meio de sua assessoria, a
produtora Paula Barreto informou que os valores exatos da
doação de cada empresa não
podem ser revelados: "Os contratos são confidenciais, não é
possível divulgar valores".
Na edição de ontem, "O Globo" informou que Paula disse
que quatro doadores pediram
para que seus nomes não fossem divulgados, o que eleva para 21 o número de doadores do
filme, contra os 17 anunciados.
Procurados pela reportagem,
alguns patrocinadores concordaram em divulgar suas cotas.
O Senai (Serviço Nacional de
Aprendizagem na Indústria)
informou ter doado R$ 2 milhões, a Neoenergia, R$ 500
mil, e a EBX, do empresário Eike Batista, R$ 1 milhão -em
2009, Eike doou a mesma
quantia para o filme "Cinco Vezes Favela" de Cacá Diegues,
também de forma direta.
A maior parte das empresas
alegou que a estratégia de não
revelar o valor da doação faz
parte da política usual da companhia na área dos patrocínios,
não tendo relação com o filme.
A telefônica Oi, que fechou
anteontem com o BNDES um
contrato de financiamento de
R$ 4,4 bilhões, manteve o mesmo tom: "A Oi tem como prática não informar valores específicos por projeto patrocinado".
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