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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/FIM DE ANO
Em reunião ministerial, presidente faz balanço de 2005 e tenta unificar discurso para 2006
Lula evita abordar crise e pede comparação com gestão FHC
Sérgio Lima/Folha Imagem
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Presidente Lula se reúne com ministros no último encontro conjunto do ano, no Palácio do Planalto |
PEDRO DIAS LEITE
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na última reunião ministerial
do ano mais difícil de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva lançou as diretrizes para o
embate político do ano eleitoral
de 2006: ordenou que todos os
ministros "se apropriem" dos dados positivos do governo e espalhem, "na mídia, nos seus Estados, no Parlamento e onde mais
forem instados" a comparação
em todas as áreas com o governo
Fernando Henrique Cardoso.
A determinação ficou clara nas
palavras dos dois ministros escalados para passar à imprensa o resultado da reunião: enquanto Ciro Gomes (Integração Nacional)
fazia questão de dizer que "é possível afirmar, com muita segurança, que o governo Lula tem desempenho muito melhor que o
anterior em todos os segmentos",
Jaques Wagner (Relações Institucionais) repetia que Lula quer que
os ministros "dominem o conjunto das realizações do governo para que façam a sua defesa".
"Temos de nos esforçar para fazer muito mais, essa foi inclusive a
palavra do presidente, mas temos
a segurança de que o governo Lula tem melhor desempenho em
todos os números em que pudéssemos ser desafiados, hoje ou em
qualquer debate, em relação aos
críticos", afirmou Ciro.
"Neste último ano, cada ministro, além de se dedicar à sua área,
deve ter um protagonismo maior
na defesa do conjunto da obra do
governo (...). Todos nós temos orgulho daquilo que foi construído
e que nos anima, nos dá energia
para o desafio de mais este ano e,
eventualmente, o desafio do processo eleitoral", disse Wagner.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que o
modelo de reunião não dá resultado. "Esse governo acabou, não é
tempo de grandes obras e se começar a gastar agora vai gastar
atabalhoadamente", afirmou.
A reunião, a 12ª do governo Lula
e a quarta deste ano, foi totalmente fechada à imprensa. Começou
às 9h40 e só acabou às 20h40. No
encontro anterior, em agosto, no
auge da crise que balançou sua
gestão, o pronunciamento do presidente foi transmitido ao vivo pela TV. Ontem à noite, ainda estava
previsto um "jantar de confraternização" na Granja do Torto, com
ministros, mulheres e maridos.
A preparação para a reunião de
ontem começou no domingo à
noite, quando Lula se reuniu na
Granja do Torto com Wagner,
Antônio Palocci (Fazenda), Luiz
Dulci (Secretaria Geral) e Dilma
Rousseff (Casa Civil). O presidente já sabia quem seriam os oradores, mas quis delimitar os debates,
para evitar atritos sobre a área
econômica, alvo de críticas dentro
do seu próprio governo.
Apesar disso, as divergências
econômicas novamente afloraram. Embora proteja Palocci e
Henrique Meirelles (presidente
do Banco Central), Lula deu o recado, segundo participantes, de
que a estabilidade está "consolidada", e que o "compromisso
agora é com o crescimento e a
área social".
Eleições e reforma
Segundo Wagner e Ciro, Lula
não pediu aos que desejem ser
candidatos que deixem o governo
antes do prazo legal (31 de março). "Teoricamente, o compromisso é de ficar até o final do governo. Esse assunto deve ser tratado pessoalmente com cada ministro pelo presidente", disse o ministro das Relações Institucionais.
Pelo relato, Lula tampouco falou diretamente das divergências
públicas entre integrantes do primeiro escalão, como Dilma e Palocci: apenas pediu "unidade".
Wagner e Ciro negaram que a
crise, que o ministro das Relações
Institucionais insiste em chamar
de "turbulência", tenha sido o fio-condutor do encontro. "Foi um
balanço de 36 meses de gestão",
afirmou Ciro.
Para ilustrar sua tese, Ciro falou
que os jornalistas só querem saber de "futrica", enquanto tentava
recitar dados positivos do governo, como o crescimento do valor
de mercado da Petrobras de US$
15 bilhões quando Lula assumiu
para US$ 70 bilhões agora.
A reunião foi aberta por Lula,
que depois passou a palavra a Dilma, para a ministra rapidamente
explicar o formato da reunião.
Cada um discorreu sobre sua
área. Falaram Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Patrus
Ananias (Desenvolvimento Social), Ciro, Wagner, Roberto Rodrigues (Agricultura) e Márcio
Thomaz Bastos (Justiça). Lula discursou por 40 minutos, e depois
começaram os debates.
Nas apresentações, não surgiram projetos novos para 2006. A
idéia é acelerar e consolidar a implementação dos que já estão em
andamento, para apresentar realizações na disputa eleitoral.
Não teriam sido citadas metas
para o ano que vem. Wagner, por
exemplo, disse que "não se lembrava" se um número para o PIB
foi mencionado. Ciro afirmou
apenas que o crescimento será
mais parecido com 2004 (de
4,9%) que com 2005 (estimativa
de, no máximo, 3%).
Colaboraram SHEILA D'AMORIM e SILVIO NAVARRO, da Sucursal de Brasília
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