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PF prende 14 suspeitos de fraudes no Incra de MT
Servidores foram detidos sob acusação de estelionato e formação de quadrilha
Esquema usava recursos do instituto para comprar áreas que já pertenciam ao setor público; superintendente regional foi exonerado
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
A Polícia Federal deflagrou
ontem uma operação para
cumprir 16 mandados de prisão
e 24 de busca e apreensão contra um esquema de fraudes que,
segundo o Ministério Público
Federal, era operado de dentro
da Superintendência do Incra
em Mato Grosso. Até a conclusão desta edição, 14 suspeitos
denunciados por suspeita de
obtenção de vantagem indevida, estelionato e formação de
quadrilha haviam sido presos.
Entre eles estão o superintendente regional, João Bosco
de Morais, exonerado ontem
pela direção do Incra, e outros
sete servidores do órgão.
A Procuradoria investigou
seis processos de desapropriação concluídos pelo Incra entre
2004 e 2005. Ao todo, foram
pagos R$ 14.753.172 por
7.024,45 hectares de terras supostamente pertencentes a
particulares. Mas, segundo a
Procuradoria, as áreas adquiridas eram na verdade devolutas
-pertenciam ao Estado de Mato Grosso ou à União. Ou seja:
as verbas para desapropriação
compraram terras que já pertenciam ao poder público.
Registros de imóveis rurais
não habilitados para a desapropriação eram "deslocados" e
"montados" sobre áreas públicas. Laudos falsos, disse a denúncia, informavam coordenadas geográficas não compatíveis com aquelas descritas nas
matrículas dos imóveis.
Para executar a fraude, o esquema agia em conluio com
proprietários de terras em outros locais -que eram os donos
dos títulos utilizados para "esquentar" as terras públicas e, ao
final do processo, os destinatários das verbas indenizatórias.
Segundo o procurador da República Mário Lúcio Avelar, o
grupo "se apossou da estrutura
administrativa do Incra". Os
processos administrativos investigados, disse ele, eram "viciados" e "repletos de informações inverídicas": "Essa quadrilha agia há muitos anos e ela envolvia servidores da administração do Incra regional, incluindo procuradores e técnicos e supostos proprietários de
terras. Eles inventavam títulos,
fraudavam matrículas, deslocavam outras tantas e promoviam a desapropriação de áreas
devolutas que, em alguns casos
já eram do próprio Incra".
As áreas compradas pelo suposto esquema ficavam em sua
maioria em áreas de floresta fechada, disse Avelar, o que contribuía para a "destruição da
floresta". Impróprios à agricultura, os assentamentos se tornaram alvo de grileiros e madeireiros. "Este grupo prestava
um desserviço ao país, às políticas de reforma agrária e aos
clientes da reforma agrária e
um assalto aos cofres públicos."
Avelar disse ainda que a direção nacional do Incra tinha
"pleno conhecimento" das supostas fraudes denunciadas em
Mato Grosso. Segundo ele, auditorias do TCU (Tribunal de
Contas da União) e da divisão
de controle interno do órgão já
apontavam as irregularidades.
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