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GOVERNO PETISTA
Se acusações continuarem, ministro pode cair em fevereiro, quando se licencia para tomar posse na Câmara; ele nega
Governo cogita tirar Adauto de ministério
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro dos Transportes,
Anderson Adauto, pode não retornar ao governo depois de se licenciar para tomar posse como
deputado federal no dia 1º de fevereiro. Essa possibilidade vem
sendo cogitada no Palácio do Planalto, na hipótese de acusações
contra o ministro continuarem a
ser divulgadas pela imprensa.
A Folha falou por telefone o ministro às 21h10 de ontem, quando
ele se preparava para viajar de
Florianópolis (SC) para Curitiba
(PR), onde deve ter reunião com
políticos locais hoje.
"Saio do cargo em 1º de fevereiro para tomar posse de meu mandato e votar no deputado João
Paulo Cunha para presidente da
Câmara. Em seguida, volto para o
Ministério dos Transportes para
continuar o trabalho de moralização determinado pelo presidente
da República", disse Adauto, negando a intenção de sair da pasta
que ocupa.
A Folha apurou, no entanto,
que o ministro tem demonstrado
insatisfação com as constantes
notícias sobre seu suposto envolvimento com o desvio de verbas
do município de Iturama (MG).
Ontem, Adauto ficou preocupado ao saber que se avolumavam
no Palácio do Planalto os rumores
sobre a sua saída.
Ao comentar os boatos de que
aproveitaria o fato de ter de deixar
o cargo por um dia para tomar
posse como deputado, fez um comentário ácido ouvido por um
assessor: "Se essa é uma solução, é
uma solução unilateral e eu não
participei dela".
Apoio
A Folha apurou que Adauto não
conseguiu divisar ainda no governo quem está do seu lado e quem
está contra ele. O ministro sempre
repete que não trabalhou para ser
indicado para o ministério. Tem
dúvidas sobre se o PL, seu partido, o apóia inteiramente.
Anderson Adauto deverá discutir o assunto com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva em audiência marcada para hoje às
18h30. Até a semana passada, Lula
demonstrava acreditar que não
existia nenhuma prova concreta
de que Adauto tivesse participado
das irregularidades apuradas por
CPI da Câmara de Iturama.
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, chegou a dizer no
primeiro momento em que apareceram as acusações contra Anderson Adauto que o assunto era
"requentado".
Quando as informações surgiram, no entanto, o ministro dos
Transportes chegou a cancelar
trecho da "caravana da miséria"
-viagem que faria junto com Lula a regiões pobres do país, passando pelo Piauí, Pernambuco e
Minas Gerais.
O governo esperava que o assunto fosse morrendo por ter sido
arquivado pela Justiça de Minas
Gerais no ano de 2001. Mas apareceram mais informações que envolvem pessoas ligadas ao ministro aos desvios de verbas. Um de
seus assessores, Sérgio José de
Souza, acabou demitido do Ministério dos Transportes em seguida à sua nomeação, por estar
citado no caso de desvio de verbas
da prefeitura de cidade mineira.
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