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São Paulo, terça-feira, 21 de janeiro de 2003

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GOVERNO PETISTA

Se acusações continuarem, ministro pode cair em fevereiro, quando se licencia para tomar posse na Câmara; ele nega

Governo cogita tirar Adauto de ministério

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro dos Transportes, Anderson Adauto, pode não retornar ao governo depois de se licenciar para tomar posse como deputado federal no dia 1º de fevereiro. Essa possibilidade vem sendo cogitada no Palácio do Planalto, na hipótese de acusações contra o ministro continuarem a ser divulgadas pela imprensa.
A Folha falou por telefone o ministro às 21h10 de ontem, quando ele se preparava para viajar de Florianópolis (SC) para Curitiba (PR), onde deve ter reunião com políticos locais hoje.
"Saio do cargo em 1º de fevereiro para tomar posse de meu mandato e votar no deputado João Paulo Cunha para presidente da Câmara. Em seguida, volto para o Ministério dos Transportes para continuar o trabalho de moralização determinado pelo presidente da República", disse Adauto, negando a intenção de sair da pasta que ocupa.
A Folha apurou, no entanto, que o ministro tem demonstrado insatisfação com as constantes notícias sobre seu suposto envolvimento com o desvio de verbas do município de Iturama (MG).
Ontem, Adauto ficou preocupado ao saber que se avolumavam no Palácio do Planalto os rumores sobre a sua saída.
Ao comentar os boatos de que aproveitaria o fato de ter de deixar o cargo por um dia para tomar posse como deputado, fez um comentário ácido ouvido por um assessor: "Se essa é uma solução, é uma solução unilateral e eu não participei dela".

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A Folha apurou que Adauto não conseguiu divisar ainda no governo quem está do seu lado e quem está contra ele. O ministro sempre repete que não trabalhou para ser indicado para o ministério. Tem dúvidas sobre se o PL, seu partido, o apóia inteiramente.
Anderson Adauto deverá discutir o assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em audiência marcada para hoje às 18h30. Até a semana passada, Lula demonstrava acreditar que não existia nenhuma prova concreta de que Adauto tivesse participado das irregularidades apuradas por CPI da Câmara de Iturama.
O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, chegou a dizer no primeiro momento em que apareceram as acusações contra Anderson Adauto que o assunto era "requentado".
Quando as informações surgiram, no entanto, o ministro dos Transportes chegou a cancelar trecho da "caravana da miséria" -viagem que faria junto com Lula a regiões pobres do país, passando pelo Piauí, Pernambuco e Minas Gerais.
O governo esperava que o assunto fosse morrendo por ter sido arquivado pela Justiça de Minas Gerais no ano de 2001. Mas apareceram mais informações que envolvem pessoas ligadas ao ministro aos desvios de verbas. Um de seus assessores, Sérgio José de Souza, acabou demitido do Ministério dos Transportes em seguida à sua nomeação, por estar citado no caso de desvio de verbas da prefeitura de cidade mineira.


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