São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

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Sarney inicia campanha no Senado e promete dar um cargo a Garibaldi

Atual presidente da Casa deve chefiar uma comissão importante, como a CCJ

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após assumir sua candidatura à presidência do Senado, José Sarney (PMDB-AP) deu início ontem às articulações para acomodar Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) em algum posto importante na Casa e enfraquecer a candidatura de Tião Viana (AC), que insiste em enfrentá-lo no plenário.
Caberá a Renan Calheiros (PMDB-AL), articulador da candidatura peemedebista no Senado, fazer as costuras para acomodar Garibaldi quando este deixar a presidência do Senado. A prioridade é fazê-lo presidente de uma comissão importante, como a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Renan assume a liderança da sigla na Casa em fevereiro.
Sarney acertou com Garibaldi a realização de um almoço com a bancada do PMDB a fim de oficializar sua candidatura. A conversa entre os dois ocorreu após Sarney deixar o Palácio do Planalto, anteontem, quando se encontrou com o presidente Lula. "O encontro será entre terça e quarta-feira da semana que vem. Não vou criar obstáculo. Depois desta conversa com o PMDB, estarei disposto a renunciar à candidatura", afirmou Garibaldi.
Por telefone, Sarney falou com líderes de oposição e do governo. Ele conta com a ajuda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, apesar de não poder apoiá-lo diretamente contra Viana, disse que se manterá neutro. A cúpula petista reagiu, lembrando que a disputa no Senado "contamina" a da Câmara.
Para a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), o anúncio da candidatura de Sarney criou uma "situação constrangedora" na Casa. "Não teve nenhum fato novo e, de repente, aparece a candidatura do Sarney. Ele negou, negou, negou, e agora aparece candidato", disse ela, acrescentando: "Não vejo como não respingar [na Câmara]. É insustentável politicamente um mesmo partido ter a presidência da Câmara, do Senado, seis ministérios e a liderança do governo no Congresso".

Reunião de líderes
Hoje, o PT reúne suas principais lideranças em Brasília para discutir a sucessão nas duas Casas. Apesar do sentimento de insatisfação dos petistas com o avanço do PMDB no Senado, o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse que a decisão de Sarney não altera a posição do partido em apoiar Michel Temer (PMDB-SP) na Câmara.
Tião Viana adotou discurso semelhante. Apesar de vincular as eleições nas duas Casas, ele negou que o PT irá abandonar a candidatura de Temer.
"Com certeza vai ter um impacto. Vai haver disputa nos partidos do mesmo jeito que dirigentes do PMDB no Senado fazem", afirmou ele.
Ontem, o petista afastou, mais uma vez, a possibilidade de desistir da disputa em prol de Sarney e fez críticas indiretas a ele e a Renan.
"Não faço parte de defesa paralela de "status quo" do poder dentro do Legislativo. Não faço parte das crises do Legislativo", disse Viana.
Nos bastidores, aliados e adversários de Sarney concordam que sua volta ao comando da Casa irá manter a atual estrutura administrativa. Ao se referir a "crises no legislativo", Tião Viana remete às denúncias que levaram Renan a renunciar à presidência da Casa em 2007.
A Folha apurou que, com a insistência do PT em não abrir mão da candidatura de Viana, o presidente Lula decidiu não mais interferir pessoalmente nas negociações com os partidos da base, deixando a decisão para os deputados e senadores.
(ADRIANO CEOLIN, LETÍCIA SANDER E SIMONE IGLESIAS)


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