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Sarney inicia campanha no Senado e promete dar um cargo a Garibaldi
Atual presidente da Casa deve chefiar uma comissão importante, como a CCJ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após assumir sua candidatura à presidência do Senado, José Sarney (PMDB-AP) deu início ontem às articulações para
acomodar Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) em algum posto importante na Casa e enfraquecer a candidatura de Tião
Viana (AC), que insiste em enfrentá-lo no plenário.
Caberá a Renan Calheiros
(PMDB-AL), articulador da
candidatura peemedebista no
Senado, fazer as costuras para
acomodar Garibaldi quando este deixar a presidência do Senado. A prioridade é fazê-lo presidente de uma comissão importante, como a CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça). Renan assume a liderança da sigla
na Casa em fevereiro.
Sarney acertou com Garibaldi a realização de um almoço
com a bancada do PMDB a fim
de oficializar sua candidatura.
A conversa entre os dois ocorreu após Sarney deixar o Palácio do Planalto, anteontem,
quando se encontrou com o
presidente Lula. "O encontro
será entre terça e quarta-feira
da semana que vem. Não vou
criar obstáculo. Depois desta
conversa com o PMDB, estarei
disposto a renunciar à candidatura", afirmou Garibaldi.
Por telefone, Sarney falou
com líderes de oposição e do
governo. Ele conta com a ajuda
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, que, apesar de não poder apoiá-lo diretamente contra Viana, disse que se manterá
neutro. A cúpula petista reagiu,
lembrando que a disputa no Senado "contamina" a da Câmara.
Para a líder do PT no Senado,
Ideli Salvatti (SC), o anúncio da
candidatura de Sarney criou
uma "situação constrangedora" na Casa. "Não teve nenhum
fato novo e, de repente, aparece
a candidatura do Sarney. Ele
negou, negou, negou, e agora
aparece candidato", disse ela,
acrescentando: "Não vejo como
não respingar [na Câmara]. É
insustentável politicamente
um mesmo partido ter a presidência da Câmara, do Senado,
seis ministérios e a liderança do
governo no Congresso".
Reunião de líderes
Hoje, o PT reúne suas principais lideranças em Brasília para
discutir a sucessão nas duas Casas. Apesar do sentimento de
insatisfação dos petistas com o
avanço do PMDB no Senado, o
presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP),
disse que a decisão de Sarney
não altera a posição do partido
em apoiar Michel Temer
(PMDB-SP) na Câmara.
Tião Viana adotou discurso
semelhante. Apesar de vincular
as eleições nas duas Casas, ele
negou que o PT irá abandonar a
candidatura de Temer.
"Com certeza vai ter um impacto. Vai haver disputa nos
partidos do mesmo jeito que dirigentes do PMDB no Senado
fazem", afirmou ele.
Ontem, o petista afastou,
mais uma vez, a possibilidade
de desistir da disputa em prol
de Sarney e fez críticas indiretas a ele e a Renan.
"Não faço parte de defesa paralela de "status quo" do poder
dentro do Legislativo. Não faço
parte das crises do Legislativo",
disse Viana.
Nos bastidores, aliados e adversários de Sarney concordam
que sua volta ao comando da
Casa irá manter a atual estrutura administrativa. Ao se referir
a "crises no legislativo", Tião
Viana remete às denúncias que
levaram Renan a renunciar à
presidência da Casa em 2007.
A Folha apurou que, com a
insistência do PT em não abrir
mão da candidatura de Viana, o
presidente Lula decidiu não
mais interferir pessoalmente
nas negociações com os partidos da base, deixando a decisão
para os deputados e senadores.
(ADRIANO CEOLIN, LETÍCIA SANDER E SIMONE IGLESIAS)
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