|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Gasto do Pará com viagens sobe 30% e atinge R$ 95 mi
Despesas paraenses com diárias superam as de Estados com mais servidores, como Minas
Governo da petista Ana Júlia diz que o aumento reflete a "maior presença" em áreas estratégicas e abandonadas, como a ilha de Marajó
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Os gastos do governo do Pará
com viagens no ano passado foram os mais altos da década e
superaram, em 2008, as despesas nesse mesmo quesito da
maioria dos órgãos do governo
federal e de Estados como Minas Gerais, que tem mais que o
dobro de servidores.
Dados da Secretaria Estadual
da Fazenda indicam que, até
novembro de 2008, a administração paraense, que emprega
210 mil pessoas, gastou R$ 95,1
milhões com diárias de civis e
militares, passagens e locomoção de seus funcionários que
viajam a trabalho.
Para efeito de comparação, o
governo mineiro, com cerca de
504 mil funcionários, gastou
R$ 92,2 milhões no período.
São Paulo teve o triplo de
despesas (R$ 306 milhões) com
as mesmas rubricas. Mas, proporcionalmente, elas também
são inferiores às do Pará, já que
o governo paulista tem quase
cinco vezes o número de funcionários do governo paraense.
Os gastos do ano passado representam um salto de 30% em
relação a 2007. Naquele ano, o
primeiro da administração de
Ana Júlia Carepa (PT), as viagens custaram R$ 73 milhões.
Antes, o recorde pertencia a
2005, penúltimo ano de Simão
Jatene (PSDB) à frente do governo -R$ 82,4 milhões.
Se comparadas com os gastos
em viagens do governo federal,
as despesas do Pará só estão
atrás de quatro pastas: Defesa,
Educação, Justiça e Saúde.
Elas ganham da Câmara dos
Deputados (R$ 80,1 milhões),
da Presidência (R$ 55,7 milhões) e da Justiça Eleitoral
(R$ 35,1 milhões).
A maior parte das despesas
paraenses com viagens veio das
diárias: R$ 55,7 milhões. Devem pagar alimentação, hospedagem e transporte nos locais
onde o servidor está. Já os gastos com passagens e locomoção
(como aluguel de carros) ficaram em R$ 39,3 milhões.
O total desses custos é, por
exemplo, mais da metade do
que o Estado gastou com serviços hospitalares, odontológicos
e laboratoriais, segundo o balancete de novembro da Secretaria da Fazenda.
A assessoria do governo afirma que a principal justificativa
para esse aumento é a "maior
presença" em áreas estratégicas e historicamente abandonadas, como ilha de Marajó e
Tailândia (PA), uma das cidades recordistas em desmatamento. Além disso, houve reajuste no valor das diárias -que
a assessoria não soube precisar.
Para Hélio Janny Teixeira,
especialista em administração
pública e professor da USP, as
diárias são, em geral, "um problema clássico" de gestão de recursos. "Há muita dificuldade
em controlá-las, o que as torna
sujeitas a fraude." Ele, no entanto, aprovou a técnica usada
pelo governo paraense, que
tem uma tabela de diárias fixas
em vez de compensar os gastos
dos funcionários por meio da
apresentação de notas fiscais.
"Um dos maiores problemas
é que, como no poder público
os salários são muito baixos, tudo acaba virando compensação
salarial", afirmou o professor.
Entre as pessoas que mais receberam diárias do governo paraense está a atendente do Detran de Belém Luiza Antonia
Rachid Miranda. Ela ganha
cerca de R$ 900 por mês,
mas no ano passado recebeu
R$ 47,7 mil em diárias.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Outro lado: Objetivo é atender regiões isoladas, afirma governo Índice
|