São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REFORMA MINISTERIAL

Cenário radical estudado por Lula prevê troca em 17 pastas

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um das razões da demora da reforma ministerial é a avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que precisará mexer em mais peças do que desejava. Motivo: acomodar no primeiro escalão 9 dos 11 partidos que o apóiam a fim de compor base parlamentar sólida para aprovar projetos e evitar crises e CPIs no Congresso.
O Conselho Político do "governo de coalizão" é composto por 11 partidos: PT, PMDB, PSB, PR, PP, PTB, PDT, PV, PC do B, PRB (partido do vice, José Alencar) e PSC. Os dois últimos não deverão ter ministros.
No cenário mais radical examinado no Palácio do Planalto, Lula poderia trocar 17 dos 34 ministros, entre substituições e remanejamentos. O presidente se esforça para fazer menos alterações, o que reduz sua margem de manobra para acomodar os aliados e ter a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy na equipe.
Os 17 postos de primeiro escalão (dois deles ocupados por secretários com status de ministro) que podem ser afetados pela reforma são: Relações Institucionais, Gabinete de Segurança Institucional, Advocacia Geral da União, Justiça, Agricultura, Cidades, Defesa, Desenvolvimento, Desenvolvimento Agrário, Educação, Integração Nacional, Previdência, Saúde, Transportes, Turismo e as secretarias de Direitos Humanos e da Pesca.
No Planalto, dá-se como certo que Tarso Genro (Relações Institucionais) assumirá a Justiça. A troca pode ocorrer ainda nesta semana -anúncio amanhã e transmissão de posse na sexta.
Lula não decidiu onde alojará Marta. Estuda a possibilidade de deslocar Márcio Fortes das Cidades para a Agricultura, ministério no qual ele já trabalhou como número dois. A ex-prefeita, então, assumiria Cidades. Por ora, diminuiu a chance de ela substituir Fernando Haddad (Educação).
Lula não gostou da pressão do PT para colocar Marta na Educação nem das declarações dos dirigentes do PP dizendo que Cidades já foi garantida na cota do partido. Segundo ministros, Lula disse ao PP que manteria Fortes no primeiro escalão, mas não necessariamente em Cidades. O PP quer manter o posto, rico em verbas.
Há sugestão para que Lula nomeie Marta para a Previdência, onde ela coordenaria nova reforma da área. Problema: é um tema impopular para uma petista cogitada para concorrer à Presidência em 2010. Lula avalia que seria ruim dar a Previdência ao PDT, que cobiça a pasta. Seria um sinal anti-reforma, pois a legenda é historicamente contrária a alterar o sistema previdenciário.
Para substituir Álvaro Ribeiro na Advocacia Geral da União, ganhou força o nome de José Antonio Dias Toffoli, ex-subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil e advogado do PT nas duas últimas eleições. Outro cotado é Antenor Madruga, secretário nacional de Justiça.
Apesar de avaliar que Waldir Pires conduziu mal a crise aérea, Lula hesita em tirá-lo da Defesa. Ele tem sido aconselhado a manter Pires, sob o argumento de que seria uma humilhação para um ministro de 80 anos que foi bem na Corregedoria Geral.
Se Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) virar ministro da Integração Nacional, diminui a chance de Walter Pinheiro (PT-BA) ocupar o Desenvolvimento Agrário. O presidente avalia que seria muita coisa para a Bahia.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Vítima de bomba em 1968 faz pedido de pensão a Lula
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.