|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Órgão internacional vê intimidação em ações contra jornais
Sociedade Interamericana de Imprensa manifesta preocupação com excesso de processos em nome de fiéis da Igreja Universal
Tarso Genro (Justiça) diz que não vê nenhum problema e que as pessoas "têm o direito de responder, de acionar e de contestar ação"
DA SUCURSAL DO RIO
A SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) divulgou
ontem comunicado em que
manifesta preocupação com o
excesso de ações judiciais em
nome de fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus contra jornais brasileiros.
Para Earl Maucker, presidente da SIP, "para além do
respeito que devemos ter pelo
direito de cada cidadão de recorrer à Justiça quando se sente ofendido por uma publicação, nesse caso concreto, e considerando-se o contexto, suspeitamos seriamente de que se
trata de uma manobra cujo objetivo é intimidar e restringir a
liberdade de expressão".
Há mais de 50 ações contra a
repórter Elvira Lobato e a Folha -inclusive em cidades onde o jornal nem circula, o que
encarece e, principalmente, dificulta a defesa. Cinco já foram
extintas, sendo que em dois casos os juízes condenaram os autores da ação por usar o Judiciário de forma indevida. Cabe
recurso. Além da Folha, foram
alvos de ações os jornais "Extra", "A Tarde" e "O Globo".
Com mais de 1.300 publicações associadas em mais de 30
países, a SIP é uma organização
sem fins lucrativos que se propõe a defender a liberdade de
expressão e de imprensa.
Segundo o comunicado, a série de ações judiciais levanta a
"possibilidade de que estejam
fazendo com que a imprensa se
autocensure e deixe de fazer
várias investigações". A SIP solicita que a Justiça "coloque a
liberdade de imprensa e o direito do povo de receber informações acima de qualquer interesse particular".
Para Gonzalo Marroquín,
presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação, o conjunto de ações da
Universal contra os jornais é
um fato inédito: "É uma tentativa sem precedentes de forçar
os jornais a ter gastos financeiros e investimento de tempo
extraordinários para que possam se defender. O que eles
realmente querem é comprar o
seu silêncio".
A SIP lembra que há 36 processos de indenização por danos morais movidos em dezenas de cidades contra o jornal
"A Tarde", da Bahia, e seu repórter Valmar Hupsel Filho,
após publicação de uma reportagem sobre a destruição de
uma imagem católica por um
membro da igreja. O mesmo fato foi relatado pelo "Extra", do
Rio, o que também gerou ações
contra a publicação e seu diretor de Redação, Bruno Thys.
Ainda ontem, o ministro
Tarso Genro (Justiça) disse
que "as pessoas têm o direito
de falar, têm o direito de responder, têm o direito de acionar e de contestar a ação. Não
vejo nenhum problema aí, não
só em relação à liberdade de
imprensa, mas também de
abuso no exercício de acionar o
Poder Judiciário."
Universal
Anteontem, a Universal divulgou nota em que diz que a
igreja "respeita a liberdade de
imprensa" e "não tem qualquer
interesse de orquestrar e incentivar processos individuais
por parte de seus fiéis". Um
templo da Universal localizado
em Pinheiros, zona oeste, foi
pichado ontem de madrugada.
Texto Anterior: Memória: Senador Jonas Pinheiro, do DEM, morre aos 67 em Cuiabá Próximo Texto: Íntegra: Para sindicatos, há incitação à intolerância Índice
|