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Aclamada candidata, Dilma prega Estado forte e coalizão
Em clima de superprodução, ministra também prometeu manter a política econômica
Petista, que citou nome de Lula 12 vezes em discurso no evento do PT, critica oposição e afirma que dará atenção especial a meio ambiente
Sérgio Lima/Folha Imagem
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Dilma e o presidente Lula em cerimônia que a oficializou como pré-candidata do PT à Presidência
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DAS ENVIADAS A BRASÍLIA
Em um cenário de superprodução de campanha que incluiu
vídeos, jingles e cartazes, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) assumiu ontem oficialmente a pré-candidatura à sucessão
de Lula prometendo um governo de coalizão, com Estado forte e manutenção das bases da
política econômica.
Usando no evento a mesma
blusa vermelha em que apareceu na propaganda de TV do
PT, Dilma iniciou o discurso de
55 minutos se referindo a Lula.
"Meu partido me confere a
honrosa tarefa de dar continuidade à magnífica obra de um
grande brasileiro. A obra de um
líder, meu líder, de quem muito
me orgulho." Ela citou 12 vezes
o nome do presidente no discurso lido em um monitor.
Enfatizando que nasceu em
Minas Gerais e fez carreira política no Rio Grande do Sul -citou versos do mineiro Carlos
Drummond de Andrade e do
gaúcho Mario Quintana-, Dilma fez questão de frisar que fará um governo de coalizão, na
busca de atrair o apoio dos aliados, e repetiu mais de uma vez
que manterá o equilíbrio macroeconômico -tentando afastar a imagem de que poderia alterar a política econômica.
Isso um dia após o PT ter incluído nas diretrizes do seu plano de governo propostas da ala
mais à esquerda. Dilma e petistas dizem que o programa de
governo ainda está sendo elaborado. "Participo de um governo de coalizão", disse a ministra, acrescentando que todas as ações de governo terão
"sem sombra de dúvida, uma
premissa: a preservação da estabilidade macroeconômica".
Na saída, afirmou não ser "desejável para o Brasil que haja
um governo de um só partido".
"Vamos manter o equilíbrio
fiscal, o controle da inflação e a
política de câmbio flutuante", o
tripé da política econômica de
Lula, muitas vezes criticado
por setores do PT e do governo.
Dilma, porém, reafirmou a
proposta de fortalecimento do
Estado, citada por Lula em sua
fala, quando disse à ministra:
"Isso é bom Dilma, não é ruim",
ao lembrar que a oposição a
acusa de ser estatizante. "Continuaremos a valorizar o servidor e o serviço público, reconstituindo o Estado, recompondo
sua capacidade de planejar, gerir e induzir o desenvolvimento
do país", afirmou ela.
Ao defender o Estado, Dilma
disse que o desastre da crise
econômica mundial não foi
maior no Brasil porque os "brasileiros resistiram a esse desmonte e conseguiram impedir
a privatização da Petrobras, do
Banco do Brasil, da Caixa Econômica ou de Furnas", momento em que foi aplaudida.
Ainda ao discursar, a ministra atacou a oposição, nos mesmos termos usados pelo coordenador de seu programa de
governo, Marco Aurélio Garcia,
no dia anterior: "Preferimos as
vozes dessas oposições, ainda
quando mentirosas e injustas,
ao silêncio das ditaduras." Afirmou que o governo não praticou casuísmos, em referência à
aprovação da emenda da reeleição, 1997. "Não mudamos, como se fez no passado, as regras
do jogo no meio da partida."
Também disse ter "amadurecido" na vida, prometeu atenção especial ao meio ambiente
e falou que avançará nas políticas sociais, com enfoque em
mulheres, crianças e jovens.
Ao final, ela se emocionou ao
citar nomes de antigos companheiros da resistência à ditadura. Durante todo o evento, jingles em ritmo de samba e forró
tocavam nos alto-falantes:
"Vem Dilma, vem, mostrar o
que aprendeu com esse cabra
valente" e "depois do cara, a
gente vota é na coroa".
(ANA FLOR, EDUARDO SCOLESE, MALU DELGADO, RANIER BRAGON E VALDO CRUZ)
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