São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aclamada candidata, Dilma prega Estado forte e coalizão

Em clima de superprodução, ministra também prometeu manter a política econômica

Petista, que citou nome de Lula 12 vezes em discurso no evento do PT, critica oposição e afirma que dará atenção especial a meio ambiente


Sérgio Lima/Folha Imagem
Dilma e o presidente Lula em cerimônia que a oficializou como pré-candidata do PT à Presidência

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DAS ENVIADAS A BRASÍLIA

Em um cenário de superprodução de campanha que incluiu vídeos, jingles e cartazes, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) assumiu ontem oficialmente a pré-candidatura à sucessão de Lula prometendo um governo de coalizão, com Estado forte e manutenção das bases da política econômica. Usando no evento a mesma blusa vermelha em que apareceu na propaganda de TV do PT, Dilma iniciou o discurso de 55 minutos se referindo a Lula.
"Meu partido me confere a honrosa tarefa de dar continuidade à magnífica obra de um grande brasileiro. A obra de um líder, meu líder, de quem muito me orgulho." Ela citou 12 vezes o nome do presidente no discurso lido em um monitor.
Enfatizando que nasceu em Minas Gerais e fez carreira política no Rio Grande do Sul -citou versos do mineiro Carlos Drummond de Andrade e do gaúcho Mario Quintana-, Dilma fez questão de frisar que fará um governo de coalizão, na busca de atrair o apoio dos aliados, e repetiu mais de uma vez que manterá o equilíbrio macroeconômico -tentando afastar a imagem de que poderia alterar a política econômica.
Isso um dia após o PT ter incluído nas diretrizes do seu plano de governo propostas da ala mais à esquerda. Dilma e petistas dizem que o programa de governo ainda está sendo elaborado. "Participo de um governo de coalizão", disse a ministra, acrescentando que todas as ações de governo terão "sem sombra de dúvida, uma premissa: a preservação da estabilidade macroeconômica". Na saída, afirmou não ser "desejável para o Brasil que haja um governo de um só partido".
"Vamos manter o equilíbrio fiscal, o controle da inflação e a política de câmbio flutuante", o tripé da política econômica de Lula, muitas vezes criticado por setores do PT e do governo.
Dilma, porém, reafirmou a proposta de fortalecimento do Estado, citada por Lula em sua fala, quando disse à ministra: "Isso é bom Dilma, não é ruim", ao lembrar que a oposição a acusa de ser estatizante. "Continuaremos a valorizar o servidor e o serviço público, reconstituindo o Estado, recompondo sua capacidade de planejar, gerir e induzir o desenvolvimento do país", afirmou ela.
Ao defender o Estado, Dilma disse que o desastre da crise econômica mundial não foi maior no Brasil porque os "brasileiros resistiram a esse desmonte e conseguiram impedir a privatização da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica ou de Furnas", momento em que foi aplaudida.
Ainda ao discursar, a ministra atacou a oposição, nos mesmos termos usados pelo coordenador de seu programa de governo, Marco Aurélio Garcia, no dia anterior: "Preferimos as vozes dessas oposições, ainda quando mentirosas e injustas, ao silêncio das ditaduras." Afirmou que o governo não praticou casuísmos, em referência à aprovação da emenda da reeleição, 1997. "Não mudamos, como se fez no passado, as regras do jogo no meio da partida."
Também disse ter "amadurecido" na vida, prometeu atenção especial ao meio ambiente e falou que avançará nas políticas sociais, com enfoque em mulheres, crianças e jovens.
Ao final, ela se emocionou ao citar nomes de antigos companheiros da resistência à ditadura. Durante todo o evento, jingles em ritmo de samba e forró tocavam nos alto-falantes: "Vem Dilma, vem, mostrar o que aprendeu com esse cabra valente" e "depois do cara, a gente vota é na coroa". (ANA FLOR, EDUARDO SCOLESE, MALU DELGADO, RANIER BRAGON E VALDO CRUZ)


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Análise: Candidata sem rebolado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.