São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

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Dilma é candidata de consenso, diz Lula

Presidente afirma que escolha da ministra não é ideia apenas sua e que conduzi-la ao Planalto é sua "prioridade" em 2010

Segundo Lula, críticas da oposição à pré-candidata são virtudes dela: "Vão dizer que a Dilma é estatizante. Isso não é ruim. Isso é bom"


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DAS ENVIADAS A BRASÍLIA

Ao lançar a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) pré-candidata oficial do PT ao Palácio do Planalto, o presidente Lula buscou minimizar a ideia de que a candidatura é uma criação dele próprio e transformar as críticas a ela em virtudes. Em repetidas frases, afirmou: "Dilma não é candidata do Lula, ou do PT. É muito mais".
"A Dilma é candidata e representa, nesta eleição, não a vontade do seu presidente e do seu partido, mas a vontade dos partidos aliados que ajudaram a construir o governo que mais investiu em política social na história deste país."
Antecipando-se à campanha, Lula disse que os opositores atacarão Dilma por sua defesa de um Estado forte e por ter sido presa política. "Vão dizer que a Dilma é estatizante. Isso não é ruim não. Isso é bom. Se prepare, Dilma."
Ele acrescentou que não se trata de estatizar "bar, boteco, borracharia, pizzaria, cervejaria", mas que um eventual governo Dilma não terá medo de tomar decisões e estatizar setores estratégicos que não estiverem "funcionando". "O Estado tem que ser o grande indutor [de investimentos]."
Aos cerca de 1.300 delegados do 4º Congresso Nacional petista afirmou, ainda, que a eleição de Dilma é sua prioridade: "Bom governo é aquele que elege o seu sucessor. Eleger a Dilma não é uma coisa secundária para o presidente da República (...) É uma coisa prioritária para mim", disse, em referência indireta ao tucano Fernando Henrique Cardoso, que em 2002 não fez José Serra (PSDB) seu sucessor.
Sobre a sua suposta volta em 2014, descartou-a mais uma vez e fez ainda a defesa da eleição e reeleição de Dilma. Lula disse que o ex-ministro Tarso Genro (Justiça) foi mal interpretado ao dizer que Dilma foi a escolhida devido a um vazio no PT após o mensalão: "A Dilma é candidata do mais importante partido de esquerda da América Latina e do mundo".
O discurso improvisado de 45 minutos teve como alvo as mulheres que, segundo Lula, ainda são vítimas de preconceito: "Mulherada do meu querido Brasil, essa é uma oportunidade ímpar de vocês irem à luta para fazer valer o interesse de vocês (...) É um momento extraordinário para que se deem as mãos e saiam à luta para ganhar as eleições".
Em referência à biografia da ministra -tratada como "Dilminha", "moça" e "menina"-, Lula afirmou que ela botou em risco a própria vida para defender a democracia. Disse, ainda, que "a mulher Dilma" é "rigorosa", sua melhor qualidade.

Mensalão
Além de destacar a eficácia gerencial da ministra e sua obsessão por estudos e leituras, Lula relembrou a crise política do mensalão para enaltecer a "lealdade política" de Dilma.
"A Dilma, no auge da crise de 2005, que foi uma tentativa de dar um golpe no governo, em nenhum momento deixou de demonstrar o compromisso de classe dela, de que lado que estava, e a lealdade extraordinária dela em defender as coisas que o governo fazia."
Lula criticou a omissão de políticos que desaparecem em momentos de turbulência, para enaltecer a ministra. "Dilma, nos momentos difíceis, não faz que nem tartaruga: ela não esconde o pescoço."
Durante sua fala, o presidente anunciou a presença do ex-ministro José Dirceu, efusivamente aplaudido.
Antes dos discursos, foi exibido um vídeo no qual a ministra aparece com destaque, ao lado do presidente, numa narrativa sobre a história dos 30 anos do PT. (ANA FLOR, EDUARDO SCOLESE, MALU DELGADO, RANIER BRAGON E VALDO CRUZ)


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