|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ministério Público denuncia Arruda por falsidade ideológica
Órgão diz que governador afastado inseriu dados falsos em papéis entregues à Justiça para esconder destino de dinheiro recebido
Defesa de Arruda diz que "parece que há uma espécie de rolo compressor por parte da acusação'; denúncia é a segunda contra governador
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
apresentou mais uma denúncia
contra o governador afastado
do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido),
preso preventivamente há dez
dias sob a suspeita de tentar subornar uma testemunha do inquérito do mensalão do DEM.
Arruda agora é acusado pelo
procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, e pela subprocuradora-geral da República,
Raquel Dodge, também de falsidade ideológica.
De acordo com os procuradores, o governador afastado usou
notas fiscais falsas para justificar a compra de panetones. Essa foi a explicação que Arruda
deu para os R$ 50 mil que recebeu de Durval Barbosa, ex-secretário de governo e principal
responsável por delatar e filmar em vídeos a distribuição de
propina a políticos no Distrito
Federal.
A Procuradoria-Geral da República pede ao STJ (Superior
Tribunal de Justiça), que decretou a prisão do político, a
abertura de mais uma ação penal contra ele. Essa é a segunda
denúncia do órgão contra o político. Na primeira, o governador afastado foi acusado de corrupção de testemunha.
Conforme a Folha revelou
no último dia 14, a Polícia Federal, na investigação do mensalão em Brasília, suspeitava
que esses documentos, datados
de 2004 a 2007, eram peças de
ficção. Segundo investigadores,
eles teriam sido produzidos para mascarar o recebimento e a
distribuição de propina.
Arruda declarou ter gasto
com panetones R$ 1,39 milhão,
valor 26 vezes superior aos R$
50 mil que ele aparece em vídeo recebendo das mãos do então secretário Barbosa.
Segundo a Procuradoria, os
documentos, sem data, estão
descritos de forma a comprovar o dinheiro recebido para
"pequenas lembranças e nossa
campanha de natal" -os panetones. Os valores das notas, como o órgão descreve na denúncia, são de R$ 20 mil (referente
aos anos de 2004, 2006 e 2007)
e R$ 30 mil (2005).
Os procuradores sustentam
no documento, encaminhado
na tarde de anteontem ao STJ,
que as notas foram produzidas
em outubro do ano passado
(um mês antes da deflagração
da Caixa de Pandora) na residência oficial do governo do
Distrito Federal.
Um dos advogados de Arruda, Nélio Machado, disse ter recebido a denúncia com estranheza. "Parece que há uma espécie de rolo compressor por
parte da acusação. Há uma gana pela perpetuação da prisão
dele", disse. De acordo com
Machado, há uma "precipitação" por parte do Ministério
Público Federal. "É possível
que venham outras denúncias", disse ele.
Paulo Octávio
Fracassou a reunião marcada
ontem pela manhã pelo governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM),
para tentar assegurar a governabilidade em Brasília. No encontro, no qual eram esperados
os 24 deputados distritais na
residência da vice-governadoria, só 5 apareceram.
Segundo Alberto Fraga
(DEM), secretário de governo e
deputado federal licenciado, os
distritais não querem se expor
à imprensa dando apoio ao governador interino.
Texto Anterior: Elio Gaspari: A teologia da urucubaca vicia o tucanato Próximo Texto: Senado: Comissão pede demissão de Agaciel e Zoghib e punições Índice
|