São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

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Ministério Público denuncia Arruda por falsidade ideológica

Órgão diz que governador afastado inseriu dados falsos em papéis entregues à Justiça para esconder destino de dinheiro recebido

Defesa de Arruda diz que "parece que há uma espécie de rolo compressor por parte da acusação'; denúncia é a segunda contra governador


LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público Federal apresentou mais uma denúncia contra o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), preso preventivamente há dez dias sob a suspeita de tentar subornar uma testemunha do inquérito do mensalão do DEM.
Arruda agora é acusado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e pela subprocuradora-geral da República, Raquel Dodge, também de falsidade ideológica.
De acordo com os procuradores, o governador afastado usou notas fiscais falsas para justificar a compra de panetones. Essa foi a explicação que Arruda deu para os R$ 50 mil que recebeu de Durval Barbosa, ex-secretário de governo e principal responsável por delatar e filmar em vídeos a distribuição de propina a políticos no Distrito Federal.
A Procuradoria-Geral da República pede ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), que decretou a prisão do político, a abertura de mais uma ação penal contra ele. Essa é a segunda denúncia do órgão contra o político. Na primeira, o governador afastado foi acusado de corrupção de testemunha.
Conforme a Folha revelou no último dia 14, a Polícia Federal, na investigação do mensalão em Brasília, suspeitava que esses documentos, datados de 2004 a 2007, eram peças de ficção. Segundo investigadores, eles teriam sido produzidos para mascarar o recebimento e a distribuição de propina.
Arruda declarou ter gasto com panetones R$ 1,39 milhão, valor 26 vezes superior aos R$ 50 mil que ele aparece em vídeo recebendo das mãos do então secretário Barbosa.
Segundo a Procuradoria, os documentos, sem data, estão descritos de forma a comprovar o dinheiro recebido para "pequenas lembranças e nossa campanha de natal" -os panetones. Os valores das notas, como o órgão descreve na denúncia, são de R$ 20 mil (referente aos anos de 2004, 2006 e 2007) e R$ 30 mil (2005).
Os procuradores sustentam no documento, encaminhado na tarde de anteontem ao STJ, que as notas foram produzidas em outubro do ano passado (um mês antes da deflagração da Caixa de Pandora) na residência oficial do governo do Distrito Federal.
Um dos advogados de Arruda, Nélio Machado, disse ter recebido a denúncia com estranheza. "Parece que há uma espécie de rolo compressor por parte da acusação. Há uma gana pela perpetuação da prisão dele", disse. De acordo com Machado, há uma "precipitação" por parte do Ministério Público Federal. "É possível que venham outras denúncias", disse ele.

Paulo Octávio
Fracassou a reunião marcada ontem pela manhã pelo governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), para tentar assegurar a governabilidade em Brasília. No encontro, no qual eram esperados os 24 deputados distritais na residência da vice-governadoria, só 5 apareceram.
Segundo Alberto Fraga (DEM), secretário de governo e deputado federal licenciado, os distritais não querem se expor à imprensa dando apoio ao governador interino.


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