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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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JANIO DE FREITAS

O começo

Logo ao primeiro tiro americano sobre Bagdá, crianças e mulheres foram as vítimas mais numerosas, segundo a Cruz Vermelha.
Quem mandou serem ameaças à democracia de Bush e ao humanitarismo de Blair?

Um êxito
A atitude do governo Lula deu grandeza à sua Presidência e, à política externa brasileira, a expressão altiva que há muito, muito tempo lhe faltava. A afirmação translúcida e direta de que Bush "desrespeita a ONU", com a decisão de atacar o Iraque à revelia do Conselho de Segurança, talvez não tenha similar, em coragem política, desde Getúlio ou, pelo menos, desde Juscelino e sua Operação Pan-americana.
 

Para começar
O plano plurianual de realizações do governo, preliminarmente discutido na reunião ministerial de anteontem, em si mesma é uma iniciativa muito apreciável. Mas depende de muitos fatores, a começar de uma política econômica que possibilite investimentos significativos, sobretudo em obras, e de uma política industrial bem definida e coerente com o conjunto do plano.
A política econômica dispensa observações sobre sua incompatibilidade com investimentos, mesmo que sejam privados. A política industrial, enfim merecedora de uma referência por parte de um ministro, será, como a definiu Guido Mantega, "horizontal, fundamentalmente". Trata-se, pois, da não-política industrial. Em vez da definição de objetivos setoriais, de racionalização dos incentivos segundo os setores prioritários, e coisas assim, a "política horizontal" é o vai-da-valsa, é a ausência de ação produtiva coordenada em conformidade com um projeto nacional.
Nesse quadro, tiveram algum sentido as tantas referências, na reunião, ao plano plurianual do governo Geisel como inspiração a ser adotada. O plano era tão aéreo que previa resultados como a rápida elevação do Brasil a maior produtor e exportador de ação, com auto-suficiência plena. A propaganda do plano deu muito lucro a jornais, revistas e TV, e este foi, em termos proporcionais, o seu resultado mais efetivo.
Tudo tem que começar da política econômica, ou nada começa de fato.


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