|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JANIO DE FREITAS
O começo
Logo ao primeiro tiro americano sobre Bagdá, crianças
e mulheres foram as vítimas
mais numerosas, segundo a
Cruz Vermelha.
Quem mandou serem ameaças à democracia de Bush e ao
humanitarismo de Blair?
Um êxito
A atitude do governo Lula deu
grandeza à sua Presidência e, à
política externa brasileira, a expressão altiva que há muito,
muito tempo lhe faltava. A afirmação translúcida e direta de
que Bush "desrespeita a ONU",
com a decisão de atacar o Iraque à revelia do Conselho de Segurança, talvez não tenha similar, em coragem política, desde
Getúlio ou, pelo menos, desde
Juscelino e sua Operação Pan-americana.
Para começar
O plano plurianual de realizações do governo, preliminarmente discutido na reunião ministerial de anteontem, em si
mesma é uma iniciativa muito
apreciável. Mas depende de
muitos fatores, a começar de
uma política econômica que
possibilite investimentos significativos, sobretudo em obras, e de
uma política industrial bem definida e coerente com o conjunto
do plano.
A política econômica dispensa
observações sobre sua incompatibilidade com investimentos,
mesmo que sejam privados. A
política industrial, enfim merecedora de uma referência por
parte de um ministro, será, como a definiu Guido Mantega,
"horizontal, fundamentalmente". Trata-se, pois, da não-política industrial. Em vez da definição de objetivos setoriais, de racionalização dos incentivos segundo os setores prioritários, e
coisas assim, a "política horizontal" é o vai-da-valsa, é a ausência de ação produtiva coordenada em conformidade com
um projeto nacional.
Nesse quadro, tiveram algum
sentido as tantas referências, na
reunião, ao plano plurianual do
governo Geisel como inspiração
a ser adotada. O plano era tão
aéreo que previa resultados como a rápida elevação do Brasil a
maior produtor e exportador de
ação, com auto-suficiência plena. A propaganda do plano deu
muito lucro a jornais, revistas e
TV, e este foi, em termos proporcionais, o seu resultado mais efetivo.
Tudo tem que começar da política econômica, ou nada começa de fato.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Agenda petista: Oposição vence, e governo aceita novo Refis Índice
|