São Paulo, domingo, 21 de março de 2004

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PAINEL

Líder de motim
Ainda que Roberto Rodrigues (Agricultura) tenha se expressado com informalidade inédita, outros ministros também reclamam abertamente de Guido Mantega (Planejamento), que daria pouca atenção a providências essenciais ao andamento da máquina governamental.

Bolsa de apostas
Depois de um presidente de partido aliado pedir a cabeça de Palocci dentro do Planalto e de um ministro mandar o outro para lugar impublicável, pergunta-se em Brasília o que mais está valendo no governo Lula.

Dois tempos
Até o fim do primeiro semestre, Lula pretende gastar um terço do mês em viagens pelo Brasil, nas quais poderá dividir a cena com candidatos petistas. Depois disso o presidente restringirá sua agenda a Brasília e ao exterior para não ser acusado de uso indevido da máquina.

Afinidades eletivas
Lula abrirá exceções para os palanques de Marta Suplicy em São Paulo e de Vicentinho em São Bernardo do Campo. Considera que não poderá se distanciar por completo da campanha em suas bases eleitorais.

Sinal amarelo
Indicadores à disposição do Planalto e da cúpula do PT acusam algum refluxo na intenção de voto de candidatos petistas em colégios eleitorais importantes. Dirigentes do partido reivindicam do governo antídotos contra o aperto econômico e a crise pós-Waldomiro Diniz.

Vida dura
Petistas que previam vencer a eleição no primeiro turno, como os prefeitos Marcelo Déda (Aracaju) e Pedro Wilson (Goiânia), já encaram a possibilidade de ter de disputar a etapa final.

Vida duríssima
Outros candidatos do PT em capitais, como Nelson Pellegrino (Salvador), ainda não têm assegurado seu passaporte para o segundo turno da disputa.

Mudança de vento
Candidato a prefeito de Joinville (SC), Carlito Merss deve perder o apoio do governador Luiz Henrique (PMDB), que esteve com Lula em 2002 mas agora inclina-se para o palanque de Marco Tebaldi (PSDB).

Barra energética 1
O Estado de São Paulo quer auxílio do BNDES para pagar dívidas da Cesp. Geraldo Alckmin já pediu à Assembléia Legislativa que autorize um pedido de empréstimo de R$ 1,3 bilhão.

Barra energética 2
De acordo com os tucanos, o empréstimo está acordado com o Ministério da Fazenda. Mas, sob o argumento de que a dívida da estatal seria muito elevada, a bancada do PT na Assembléia diz que só dará apoio ao projeto se o governo estadual incluir "cláusulas de transparência".

Última ceia
O PSDB paulistano promoverá no dia 29 um jantar de confraternização ao qual deverão comparecer os quatro pré-candidatos do partido a prefeito. Coincidência ou não, Geraldo Alckmin estará em Fortaleza para uma reunião de governadores.

Chamada final
Secretários de Cesar Maia, os pefelistas Eider Dantas e Solange Amaral e o tucano Ronaldo Cesar Coelho deixarão seus cargos até o fim do mês. Os três ambicionam a vaga de vice na chapa do prefeito do Rio à reeleição.

Geografia do voto
Se Cesar Maia (PFL) fechar aliança com o PSDB, o vice será Cesar Coelho. Do contrário, optará por Eider Dantas caso precise de votos nos subúrbios e na zona oeste, e por Solange Amaral se estiver pior na zona sul.

TIROTEIO

Do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, sobre Lula ter afirmado que seus adversários não querem que um torneiro mecânico "dê certo" na Presidência da República:
-Se ainda existe esse preconceito por parte de algumas pessoas, a resposta adequada a ele é exercer da melhor maneira possível a função para a qual se foi eleito. Ter sido torneiro mecânico não torna o presidente Lula merecedor de complacência.

CONTRAPONTO

Dupla personalidade

Parlamentares da CPI do Banestado dizem que a senadora Ideli Salvatti, depois de ascender à liderança do PT, tornou-se menos aguerrida em seus pronunciamentos na comissão.
O colega Heráclito Fortes (PFL-PI), com quem ela sempre trocou farpas, não deixou a inflexão passar em branco:
-Gostaria de registrar a mudança no estilo da senadora Ideli, agora serena, pacificadora e, acima de tudo, objetiva.
Os risos da audiência quase tiraram Salvatti (SC) do sério:
-O comportamento deve ser compatível com as tarefas. Como líder, eu tinha de mudar. Mas, se continuar a provocação, o senador Heráclito conhece bem meu temperamento.
Antero Paes de Barros (PSDB-MT) achou por bem pacificar:
-Senadora, ele fez o registro certo de que vossa excelência não questionaria um elogio. E conseguiu resgatar a velha Ideli.


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