São Paulo, terça-feira, 21 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Tucano quer construir palanques fortes no três maiores colégios eleitorais do país para poder se dedicar ao Norte e ao Nordeste

Alckmin quer candidatura de Maia no Rio

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, viaja na sexta-feira para o Rio de Janeiro disposto a convencer o prefeito Cesar Maia (PFL) a concorrer ao Palácio Guanabara. Alckmin quer construir palanques sólidos nos três maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio.
Por isso ele tem estimulado a candidatura de José Serra em São Paulo e a de Cesar Maia no Rio. "Nosso candidato no Rio é o Cesar Maia. Vamos apoiá-lo caso ele concorra", torce o líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo, Edson Aparecido.
O governador manifestou seu interesse ao presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), durante almoço no domingo. Afirmando que Maia nunca admitira a idéia, Bornhausen disse a Alckmin que não poderia responder em nome do prefeito. "Os dois [Maia e Alckmin] é que devem discutir isso, ainda nesta semana", diz Bornhausen.
Líder do PFL na Câmara e filho do prefeito, Rodrigo Maia (RJ) lembra, porém, que o PSDB e o PFL romperam no Rio. Segundo ele, Maia não conta com o apoio do tucanato no Estado e por isso não confia no PSDB fluminense a ponto de entregar-lhe o cargo (seu vice é o tucano Otávio Leite): "Alckmin perguntou a Bornhausen se o prefeito quer ser candidato ao governo. Bornhausen disse que não poderia responder. Mas eu posso: ele não é candidato".
Apesar da resistência, cresce no PFL a pressão para que Maia dispute o governo do Rio a exemplo do "sacrifício" imposto a Serra. Ontem, ao participar de um seminário promovido pelo PFL, Alckmin elogiou Maia pela defesa da reprodução, no Brasil, da "Concertación", a aliança que elegeu a presidente do Chile, Michelle Bachelet. "Gostei muito do pronunciamento do prefeito do Rio, Cesar Maia quando colocou o exemplo da Concertación chilena. Temos que estar unidos para servir num grande projeto de desenvolvimento nacional." Minutos antes, Rodrigo foi conduzido por Bornhausen até Alckmin para que marcassem a visita do tucano ao Rio. Será na sexta, um dia após o encontro no qual Maia deverá dizer a Bornhausen que não disputará a Presidência.
Para convencer Maia, Alckmin terá que dar garantias do apoio do PSDB do Estado. Fracassada a negociação, contará com frágil palanque no Rio, com candidaturas com cerca de 2% de intenção de voto. O cenário será o mesmo caso Serra resista à pressão para disputar o governo de São Paulo.
No domingo, Bornhausen avisou a Alckmin que, sem a candidatura de Serra, o PFL deverá lançar o empresário Guilherme Afif Domingos. "Se o Serra não for candidato, lançaremos Afif. Esse é o caminho natural", afirma Bornhausen. Segundo Rodrigo Maia, sem Serra "todos têm na casa de 2%, o que certamente deve gerar maior preocupação" de Alckmin.
Segundo pefelistas, com palanques consolidados nos três principais Estados do país, Alckmin poderá investir no Norte e no Nordeste. Para o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), "nunca esteve tão fácil fechar uma aliança". Já Bornhausen diz que "a meta maior é tirar os que estão no governo e não honraram o compromisso com o povo brasileiro": "Nosso caminho será aquele que vier a proporcionar de forma mais rápida e conclusiva essa decisão de mudança".
Os pefelistas, porém, querem que Alckmin assuma a costura de alianças nos Estados, dando apoio aos candidatos do PFL com chances reais de vitória. "Não vamos fazer imposições. Mas, sem um bom ajuste nos Estados, quem é prejudicado é o candidato à Presidência da República", avisou Bornhausen.


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