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Na Câmara, governo pára CPI do caos aéreo
Com a vitória da base do Planalto na CCJ, instalação de comissão de investigação depende de decisão do Supremo
Votação de recurso foi tumultuada, com bate-boca e quase agressão física entre deputados, e se arrastou
por cerca de sete horas
Alan Marques/Folha Imagem
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Deputados da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara durante votação na tarde de ontem |
LETÍCIA SANDER
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo conseguiu aprovar
na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara,
por 39 votos a 21, recurso do PT
que pretende anular a criação
da CPI do Apagão Aéreo. A disputa com a oposição tumultuou
a sessão, que se transformou
em uma troca de insultos, quase com agressão física.
O recurso, que pedia anulação da CPI por falta de fato determinado, teve a votação protelada por sete horas pela oposição. Votaram contra o governo deputados de PV e PDT, que
quer assumir a Previdência.
PFL e PSDB queriam evitar
que a CCJ deliberasse sobre a
CPI na esperança de que o Supremo Tribunal Federal julgasse se ela deve ser instalada. Temem que a decisão da CCJ, que
deve ser reafirmada hoje no
plenário, influencie o Supremo.
A oposição vê na CPI chance
de abrir uma frente de problemas para o governo. Os governistas querem abafar as investigações por receio de temas incômodos, como acusações de
superfaturamento em aeroportos. O embate paralisa a Câmara há quase duas semanas.
"A CPI causa terrível medo
no governo. Vai mostrar sua
omissão, além de revelar esquemas muito similares aos
que sustentaram o mensalão",
disse o líder do PFL, Onyx Lorenzoni (RS). "O governo quer
averiguar. O governo não quer é
criar mais um palanque", afirmou o líder do governo, José
Múcio Monteiro (PTB-PE).
Ontem, a oposição se voltou
contra o presidente da CCJ,
Leonardo Picciani (PMDB-RJ). Em certo ponto, os deputados interromperam o debate
e, batendo na mesa, gritaram:
"golpista, golpista". Os governistas aplaudiram Picciani.
O momento mais tenso ocorreu quando Júlio Redecker
(PSDB-RS), líder da oposição,
criticou Picciani. O presidente
da CCJ alertou que Redecker
poderia cometer "leviandades",
pois não vira todas as sessões.
O tucano levantou irritado e
partiu em direção a Picciani. "O
senhor não pode chamar ninguém de leviano, não tem autoridade moral para isso", disse,
já segurado por colegas.
Picciani, de 27 anos, rebateu:
"Desde a semana passada, o senhor faz acusações sobre a minha conduta e a minha idade.
Se houve ofensa, eu retiro a palavra leviandade. Mas não tenho medo de cara feia".
No fim da tarde, a sessão da
CCJ foi interrompida devido ao
início do período de votações
no plenário. Mas o governo se
valeu da tática de "obstrução"
usada nos últimos dias pela
oposição. Seus deputados não
registraram presença em plenário e derrubaram a sessão para que a CCJ discutisse a CPI.
O governo fez uma proposta
ontem que não foi aceita pela
oposição: criar uma comissão
especial (sem poder de convocação ou de quebra de sigilo) no
lugar da CPI.
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