São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2008

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Lula diz que ligar PAC à eleição é "cretinice"

Presidente afirma que não está subindo em palanque de candidatos e cita convênios com José Serra e Gilberto Kassab

Lula diz que base aliada terá um candidato à Presidência; "a partir de 2009 é que eu vou começar a pensar em construir nossa candidatura"

Jorge Araújo/Folha Imagem
O presidente Lula durante a solenidade de entrega de títulos para pescadores na usina de Itaipu

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Foz do Iguaçu (PR) ser "uma cretinice verbal" afirmar que o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) vem sendo usado pelo governo para fazer campanha eleitoral. Ele citou como exemplo o fato de recursos do programa terem atendido também a governos estaduais comandados por partidos de oposição à administração federal.
"De vez em quando, alguém fala assim para mim: mas o governo está utilizando o PAC eleitoralmente. Isso é de uma cretinice verbal que não tem lógica", afirmou o presidente.
"Por que haveria eu de fazer um convênio com o governo de São Paulo [de José Serra, do PSDB] de R$ 8 bilhões? Por que haveria eu de fazer um convênio de R$ 1 bilhão com a Prefeitura de São Paulo [de Gilberto Kassab, do DEM]? A mim não importa que partido é o do prefeito, que partido é o do governador. Eu não estou subindo em palanque com outro candidato. Estou subindo com a pessoa que administra a cidade."
Lula disse que tem enfrentado críticas do próprio PT por aparecer ao lado de governantes cujos partidos lhe fazem oposição: "Quando eu chego a uma cidade em que o prefeito não é do PT, obviamente que algumas pessoas do PT podem ficar de biquinho também".
Na semana passada, porém, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, admitiu que o governo espera que o PAC tenha um impacto eleitoral positivo: "O PAC não é uma obra eleitoreira, daquelas que foram feitas às vésperas da eleição para resolver algum problema eleitoral. Mas que ele pode ter impacto eleitoral, isso é uma outra questão, que está na esfera política dos bons governos. Um bom governo é aquele que tem reconhecimento do povo quando ele faz obras justas, corretas e que beneficia a sua população. Nesse sentido, nós consideramos que o PAC deve ser reconhecido, esperamos que seja". E acrescentou: "No começo, falavam do PAC com descrença. Hoje, ele é uma realidade".

Eleições
Lula voltou a dizer que a candidatura à Presidência vai sair da base do governo, mas que ainda é cedo para citar nomes: "Não estou pensando nisso [nas eleições]. Ainda é muito cedo. A partir de 2009 é que eu vou começar a pensar em construir, dentro da base do governo, a nossa candidatura".
No evento, onde houve cessão de títulos de terra para pescadores, anúncio de construção de casas populares e do início de estudos sobre o alcoolduto Campo Grande-Paranaguá, Lula viu Dilma Rousseff fazer uma exposição das obras do PAC.
Classificada por Lula na semana passada de "mãe do PAC", Dilma disse que o governo adiou o lançamento do PAC para escapar da acusação de uso eleitoral: "Para não dizerem que era um programa eleitoreiro, deixamos de anunciar a criação do PAC durante a campanha de 2006", disse ela.
Sobre as críticas que fez a ministérios pela falta de informações sobre números do PAC, Lula disse em entrevista que defende a criação de um banco de dados único para organizar o andamento de cada obra: "Nós precisamos ter um único sistema de controle porque é muita obra. Todas elas precisam estar no mesmo sistema para que não haja nenhuma distorção".


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