|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ministro quer criar conselho sul-americano
DA ENVIADA A WASHINGTON
O ministro Nelson Jobim
(Defesa) pregou ontem enfaticamente nos Estados Unidos a necessidade de criação
de um Conselho Sul-Americano de Defesa, para que os
países da região possam
atuar nas questões internacionais "com uma posição de
relevo, e não pura e simplesmente de manipulados por
outras circunstâncias ou por
outros interesses".
Foi um recado indireto aos
EUA, que lideram os organismos internacionais, como a
ONU (Organização das Nações Unidas), e regionais, como a OEA (Organização dos
Estados Americanos). Hoje,
ele se encontra com a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice.
Segundo Jobim, o conselho pode ser criado no segundo semestre, em encontro
dos ministros de Defesa dos
países da região em Brasília.
"Chega de pensar pequeno. Pensar pequeno significa
dependência, significa continuar pequeno. É preciso arrogância, estratégica e a audácia do enfrentamento dos
nossos problemas, com a
coesão dos países da região",
disse, em palestra para representantes de 14 países da
JID (Junta Interamericana
de Defesa), vinculada à OEA.
Ao tentar desfazer a percepção de que o Conselho se
confrontaria com a JID, o
ministro disse que "não haverá superposição nem conflito" e afirmou que a ambição é ter um organismo não
apenas consultivo e de assessoria, como é a própria JID,
mas sim um órgão "pró-ativo" e com capacidade executiva e operacional.
Na sua definição, "um organismo que possa articular
na América do Sul a elaboração de políticas de defesa, intercâmbio de pessoal, formação e treinamento de militares, realização de exercícios
militares conjuntos, participação conjunta em missões
de paz das Nações Unidas,
integração de bases industriais de defesa".
Sem citar as Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da
Colômbia), o ministro disse
que "há vários aspectos da
conjuntura internacional, de
situações regionais e sub-regionais nos campos de segurança e defesa, com possibilidade de ações coordenadas
em enfrentamento a riscos e
ameaças à segurança dos Estados".
Ele começará com um encontro com o presidente da
Venezuela, Hugo Chávez, em
14 de abril, uma série de viagens pela América do Sul para defender a criação do Conselho. Chávez apóia a idéia e
quer a instalação de uma força militar sul-americana.
O embaixador do Brasil
em Washington, Antonio Patriota, disse que não há resistência norte-americana à
proposta do conselho. Lembrou que Condoleezza, na semana passada no Brasil,
apoiou a idéia e citou que
EUA, Canadá e México têm
mecanismos de consulta na
área de defesa.
(EC)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Toda Mídia - Nelson de Sá Índice
|