São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2008

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Ministro quer criar conselho sul-americano

DA ENVIADA A WASHINGTON

O ministro Nelson Jobim (Defesa) pregou ontem enfaticamente nos Estados Unidos a necessidade de criação de um Conselho Sul-Americano de Defesa, para que os países da região possam atuar nas questões internacionais "com uma posição de relevo, e não pura e simplesmente de manipulados por outras circunstâncias ou por outros interesses".
Foi um recado indireto aos EUA, que lideram os organismos internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas), e regionais, como a OEA (Organização dos Estados Americanos). Hoje, ele se encontra com a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice.
Segundo Jobim, o conselho pode ser criado no segundo semestre, em encontro dos ministros de Defesa dos países da região em Brasília.
"Chega de pensar pequeno. Pensar pequeno significa dependência, significa continuar pequeno. É preciso arrogância, estratégica e a audácia do enfrentamento dos nossos problemas, com a coesão dos países da região", disse, em palestra para representantes de 14 países da JID (Junta Interamericana de Defesa), vinculada à OEA.
Ao tentar desfazer a percepção de que o Conselho se confrontaria com a JID, o ministro disse que "não haverá superposição nem conflito" e afirmou que a ambição é ter um organismo não apenas consultivo e de assessoria, como é a própria JID, mas sim um órgão "pró-ativo" e com capacidade executiva e operacional.
Na sua definição, "um organismo que possa articular na América do Sul a elaboração de políticas de defesa, intercâmbio de pessoal, formação e treinamento de militares, realização de exercícios militares conjuntos, participação conjunta em missões de paz das Nações Unidas, integração de bases industriais de defesa".
Sem citar as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o ministro disse que "há vários aspectos da conjuntura internacional, de situações regionais e sub-regionais nos campos de segurança e defesa, com possibilidade de ações coordenadas em enfrentamento a riscos e ameaças à segurança dos Estados".
Ele começará com um encontro com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em 14 de abril, uma série de viagens pela América do Sul para defender a criação do Conselho. Chávez apóia a idéia e quer a instalação de uma força militar sul-americana.
O embaixador do Brasil em Washington, Antonio Patriota, disse que não há resistência norte-americana à proposta do conselho. Lembrou que Condoleezza, na semana passada no Brasil, apoiou a idéia e citou que EUA, Canadá e México têm mecanismos de consulta na área de defesa. (EC)


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