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500 ANOS
Carta de Caminha (1500) e manto tupinambá (séc. 17) estão na mostra que é inaugurada domingo
Vedetes do Descobrimento chegam a SP
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
Batedores, escoltas, carros fortes,
segurança máxima.
Foi esse o tom da
chegada da carta de
Pero Vaz de Caminha a São Paulo. O documento
histórico que marca o achamento
do país em 1500 é uma das vedetes
da Mostra do Redescobrimento,
evento que os presidentes Fernando Henrique e Jorge Sampaio,
de Portugal, inauguram no próximo domingo, no parque Ibirapuera. Para o público em geral, o
evento começa na próxima terça.
A Carta deveria chegar ao aeroporto de Cumbica às 5h20, mas o
vôo 1569 da TAP atrasou cerca de
uma hora. Do aeroporto, com um
esquema de segurança digno de
chefes de Estado, o documento foi
levado ao Pavilhão Manoel da
Nóbrega, no parque Ibirapuera,
onde será exposta. Ali foi recebida
pelo banqueiro Edemar Cid Ferreira, presidente da Associação
Brasil 500 Anos, que organiza a
Mostra do Redescobrimento.
"A carta é um símbolo que o
país escolheu para comemorar
seus 500 anos. Trata-se da primeira reportagem feita sobre o país.
Estamos tratando-a com toda a
responsabilidade, com todo o
controle de luminosidade, umidade e segurança. Nosso compromisso técnico com a Torre do
Tombo é que suas páginas sejam
expostas em sistema de revezamento, de duas em duas", explicou Edemar Cid Ferreira.
Do pavilhão, a Carta seguiu para um cofre climatizado da Bradesco Seguros, em Osasco, onde
será mantida até o domingo.
O documento histórico nunca
será exibido em sua totalidade
durante sua estadia no país. Por
questões de conservação, serão
sempre exibidas duas páginas, em
sistema de revezamento. Seis homens estarão alocados constantemente para a segurança do documento.
Segundo a historiadora Maria
Luiza Macedo, que acompanhou
o documento de Lisboa até São
Paulo, a Torre do Tombo não empresta seus documentos por mais
de três meses, mas, excepcionalmente, a carta ficará no Brasil por
quase um ano.
O escrivão de Pedro Álvares Cabral, Pero Vaz de Caminha, escreveu a carta entre os dias 22 de abril
e 1º de maio de 1500 e dirigiu-a ao
rei d. Manoel 1º de Portugal. Nela
descreveu o primeiro contato dos
portugueses com os índios, as características físicas dos habitantes
locais e as maravilhas da natureza
que encontrou.
Sobre os índios, por exemplo,
escreveu: "A inocência desta gente é tal que a de Adão não seria
maior". A carta permaneceu obscura por séculos, mas foi identificada em 1817 pelo padre Manuel
Aires do Casal, que a publicou no
Rio de Janeiro.
Apesar de a Torre do Tombo
não ter registro de qualquer saída
da carta de Portugal, não é a primeira vez que ela vem ao país (leia
texto abaixo). A última vez foi em
São Paulo, em 1954, quando foi
exibida na "Exposição de História", no Quarto Centenário de São
Paulo, trazida pelo professor Jaime Cortesão, curador da mostra.
Depois de São Paulo, a carta será exibida em outras quatro cidades: Brasília, Rio de Janeiro, Salvador e Recife.
Manto tupinambá
Outra vedete da exposição que
também chegou ontem pela manhã à cidade, mas só desembarcou no parque Ibirapuera às 17h,
foi o manto tupinambá, a obra
mais esperada do módulo Artes
Indígenas.
Proveniente do Museu Nacional da Dinamarca, em Copenhague, a obra de 1,2 metro de comprimento, realizada com fibras
naturais e penas de guará, chegou
em uma caixa de alumínio lacrada. Segundo a curadora Anne Lisbeth Schmidt, a caixa permaneceria fechada pois necessita de 24
horas de estabilidade climática
(adaptação da peça às condições
de umidade, temperatura e iluminação local).
O manto foi levado de Pernambuco para a Europa por Maurício
de Nassau durante a ocupação
holandesa do Nordeste, entre
1637 e 1644, e foi presenteado ao
rei da Dinamarca.
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