São Paulo, sábado, 21 de abril de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Manifestação na Paulista termina em pancadaria

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma manifestação anti-Alca organizada por estudantes, grupos anarquistas e punks terminou ontem em pancadaria, confrontos com a Polícia Militar e depredação de lojas e prédios comerciais na avenida Paulista, região central de São Paulo.
Dois policiais e pelo menos dez manifestantes foram feridos durante os confrontos. Na maioria jovens, os cerca de 600 participantes da manifestação, segundo estimativa da polícia, concentraram-se em frente ao prédio da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), na altura do número 1.100 da avenida Paulista.
O primeiro confronto ocorreu em frente ao prédio da Fiesp, onde os policiais tentaram impedir que os manifestantes ocupassem a avenida. Os policiais usaram bombas de gás lacrimogênio e os manifestantes responderam com pedradas e tiros de rojão.
O grupo de estudantes atravessou a avenida em direção aos prédios do Banco Central e da CEF (Caixa Econômica Federal), onde novamente houve confrontos com a polícia. Os manifestantes picharam os prédios e apedrejaram o edifício da CEF.
No mesmo quarteirão, a loja do McDonald's, para os manifestantes o símbolo do imperialismo norte-americano, foi apedrejada e teve as vidraças quebradas.
O rede de lanchonetes, que tem sido o alvo preferido de manifestantes em protestos em todo o mundo, emitiu comunicado ontem à noite, afirmando que "é lamentável que um grupo de manifestantes que exige o direito à livre expressão não respeite o direito dos demais e nos tenha forçado a fechar um de nossos restaurantes durante o confronto."
Ainda segundo a assessoria do McDonald's, nenhum dos clientes que estavam na loja durante o conflito foi ferido.
A tropa de choque da Polícia Militar dispersou os manifestantes e liberou todas as vias da avenida Paulista por volta das 16h30. Um grupo de punks desceu a rua Augusta em direção à Praça da Sé.
O grupo estaria se dirigindo, segundo informou a polícia, ao prédio da Bolsa de Valores de São Paulo, que, em setembro do ano passado, foi apedrejado por manifestantes que protestavam contra a globalização.
O policiamento nas imediações da Bolsa de Valores foi reforçado e 25 policiais ficaram de prontidão em frente ao prédio da Bovespa. Os grupo de punks, no entanto, não chegou ao centro e, mesmo sem ação da polícia na rua Augusta, se dispersou.

Anti-Alca
Os manifestantes haviam programado um dia inteiro de "atividades pacíficas e criativas contra a Alca". A manifestação não tinha um grupo organizador. Estudantes de diversas universidades e colégios se comunicaram por meio de correio eletrônico e da Internet para agendar a manifestação.
Estudantes universitários e secundaristas pretendiam apresentar peças teatrais, ler poemas de protesto e "alertar a população para o risco de nos tornarmos jardim dos EUA", afirmou um jovem de 20 anos que preferiu não se identificar.
No grupo, muitos jovens diziam estar protestando contra o capitalismo e a Alca. Alguns não sabiam explicar o significado da sigla, que associavam de alguma maneira aos EUA e ao "imperialismo capitalista dos países ricos".
Heterogêneo, o grupo contava também com estudantes que afirmavam que "todas as evidências mostram que um acordo de livre comércio com os Estados Unidos vai acabar com a indústria nacional. Precisamos preservar nossos empregos e nossa autonomia", afirmou um estudante de 25 anos.


Texto Anterior: "Bloco de preto" é o mais radical manifestante
Próximo Texto: Confronto prende Nicéa em agência da CEF
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.