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Manifestação na Paulista termina em pancadaria
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma manifestação anti-Alca
organizada por estudantes, grupos anarquistas e punks terminou
ontem em pancadaria, confrontos com a Polícia Militar e depredação de lojas e prédios comerciais na avenida Paulista, região
central de São Paulo.
Dois policiais e pelo menos dez
manifestantes foram feridos durante os confrontos. Na maioria
jovens, os cerca de 600 participantes da manifestação, segundo estimativa da polícia, concentraram-se em frente ao prédio da Fiesp
(Federação das Indústrias de São
Paulo), na altura do número 1.100
da avenida Paulista.
O primeiro confronto ocorreu
em frente ao prédio da Fiesp, onde os policiais tentaram impedir
que os manifestantes ocupassem
a avenida. Os policiais usaram
bombas de gás lacrimogênio e os
manifestantes responderam com
pedradas e tiros de rojão.
O grupo de estudantes atravessou a avenida em direção aos prédios do Banco Central e da CEF
(Caixa Econômica Federal), onde
novamente houve confrontos
com a polícia. Os manifestantes
picharam os prédios e apedrejaram o edifício da CEF.
No mesmo quarteirão, a loja do
McDonald's, para os manifestantes o símbolo do imperialismo
norte-americano, foi apedrejada e
teve as vidraças quebradas.
O rede de lanchonetes, que tem
sido o alvo preferido de manifestantes em protestos em todo o
mundo, emitiu comunicado ontem à noite, afirmando que "é lamentável que um grupo de manifestantes que exige o direito à livre
expressão não respeite o direito
dos demais e nos tenha forçado a
fechar um de nossos restaurantes
durante o confronto."
Ainda segundo a assessoria do
McDonald's, nenhum dos clientes que estavam na loja durante o
conflito foi ferido.
A tropa de choque da Polícia
Militar dispersou os manifestantes e liberou todas as vias da avenida Paulista por volta das 16h30.
Um grupo de punks desceu a rua
Augusta em direção à Praça da Sé.
O grupo estaria se dirigindo, segundo informou a polícia, ao prédio da Bolsa de Valores de São
Paulo, que, em setembro do ano
passado, foi apedrejado por manifestantes que protestavam contra a globalização.
O policiamento nas imediações
da Bolsa de Valores foi reforçado
e 25 policiais ficaram de prontidão em frente ao prédio da Bovespa. Os grupo de punks, no entanto, não chegou ao centro e, mesmo sem ação da polícia na rua
Augusta, se dispersou.
Anti-Alca
Os manifestantes haviam programado um dia inteiro de "atividades pacíficas e criativas contra a
Alca". A manifestação não tinha
um grupo organizador. Estudantes de diversas universidades e colégios se comunicaram por meio
de correio eletrônico e da Internet
para agendar a manifestação.
Estudantes universitários e secundaristas pretendiam apresentar peças teatrais, ler poemas de
protesto e "alertar a população
para o risco de nos tornarmos jardim dos EUA", afirmou um jovem de 20 anos que preferiu não
se identificar.
No grupo, muitos jovens diziam
estar protestando contra o capitalismo e a Alca. Alguns não sabiam
explicar o significado da sigla, que
associavam de alguma maneira
aos EUA e ao "imperialismo capitalista dos países ricos".
Heterogêneo, o grupo contava
também com estudantes que afirmavam que "todas as evidências
mostram que um acordo de livre
comércio com os Estados Unidos
vai acabar com a indústria nacional. Precisamos preservar nossos
empregos e nossa autonomia",
afirmou um estudante de 25 anos.
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