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São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2003

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OUTRO LADO

Deputados negam favorecimento

DA REPORTAGEM LOCAL

Dos 13 deputados da comissão donos de emissoras de rádio e TV, 9 deram entrevista à Folha e negaram privilegiar seus interesses empresariais nas votações.
"Acho que médico tem que ficar na [comissão] de saúde e [pessoas ligadas à] comunicação, na de comunicação", afirmou José Carlos Martinez (PFL-PR).
Ele negou que seu projeto, que obriga as operadoras de cabo a carregarem retransmissoras de TV, como as de sua propriedade, o favoreça empresarialmente.
"Hoje, minhas emissoras já são carregadas [pelo cabo]." Mas, futuramente, Martinez poderia ter de refazer acordos para manter a CNT no cabo. Sobre isso, afirmou, rindo: "A lei obrigará a carregar e não vai ter esse problema".
Corauci Sobrinho (PFL-SP), presidente da comissão e dono de uma rádio AM, também fala em médicos. "É como os médicos que debatem assuntos de saúde na Câmara. Já fiquei na comissão por sete anos e nunca vi esse tipo de interesse corporativo", afirma.
Resposta semelhante foi dada por Henrique Alves (PMDB-RN), que possui rádios. "As comissões são temáticas. Não se deve pôr um médico para falar sobre os problemas da radiodifusão."
Ele afirmou também que voltou ao Congresso no ano passado para ser o relator da entrada do capital estrangeiro porque acompanhou o projeto desde o início.
Nelson Proença (PPS-RS) disse que comprou as concessões antes de entrar para a comissão de comunicação, em 1990. "Veria uma profunda incompatibilidade [em ser dono de rádio e membro da comissão] se eu tivesse obtido essas rádios por concessão."
Proença criticou o projeto de Martinez. "Fui relator desse projeto na comissão de economia e fiz um parecer contrário. Acho um absurdo esse projeto."
Segundo Carlos Nader (PFL-RJ), cuja família possui uma rede de rádio e TV no Rio, sua atuação parlamentar é independente de seus interesses empresariais. "Fui eleito pelo povo e não posso olhar o meu lado, mas o da população."
Proprietário de uma rádio FM na cidade goiana de Minaçu, Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) afirmou que poderia haver problema no caso de "empresários que defendem grandes corporações". "Mas eu tenho uma rádio numa cidade de 35 mil habitantes e não tenho interesse em ter outra. Queria que fizesse essa observação porque senão vai me misturar com essa turma."
Com duas rádios no interior de Pernambuco, José Mendonça Bezerra (PFL-PE) ironizou a hipótese de legislar em causa própria na comissão: "Pode ficar tranquila porque se quiserem me tirar dessa comissão e me pôr em outra, não faço questão nenhuma. Essas emissoras me dão prejuízo".
Ricardo Barros (PP-PR), sócio de uma AM em Maringá, diz que esse fato não afeta suas decisões. "Fiz um recurso para manter as rádios comunitárias, apesar de serem minhas concorrentes."
Alexandre Santos (PSDB-RJ) afirma que a participação de empresários de rádio e TV na comissão de comunicação deve ser vista com cautela. "Eu tenho uma rádio muito pequena, no interior. Não tenho nenhum interesse empresarial nisso. É preciso cautela para que não haja corporativismo."
Os outros quatro membros da comissão proprietários de emissoras de rádio e TV -Júlio César (PFL-PE), Bispo Wanderval (PL-SP), José Rocha (PFL-BA) e Pedro Irujo (PFL-BA)- foram procurados pela Folha por quatro dias para falar sobre o assunto, mas não deram resposta. (LM)


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