São Paulo, sábado, 21 de abril de 2007

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PF diz que vazamento prejudicou operação e faz críticas ao STJ

Polícia afirma que suspeitos, avisados da ação, destruíram e esconderam provas; tribunal não permitiu prisão temporária

Segundo superintendente da instituição, funcionários da Telefônica teriam avisado aos investigados que eles estavam sendo monitorados


Leonardo Wen/Folha Imagem
Delegado da PF deixa apartamento de Sérgio Gomes Ayala carregando a ficha do suspeito


DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal informou que houve vazamento de informações para os suspeitos da Operação Têmis, o que prejudicou a busca e apreensão.
"Atrapalhou muito porque, embora a prova pré-constituída esteja muito boa, a PF assim o julga, muitas provas foram destruídas, subtraídas ou desaparecidas", afirmou ontem Geraldo José de Araújo, superintendente da PF em São Paulo.
O Ministério Público Federal e a PF apuraram que, por precaução, os suspeitos retiraram documentos de gabinetes, escritórios e veículos. Eles sabiam que estavam sendo investigados e previam operação de busca e apreensão. Alguns deles teriam se hospedado em hotéis dias antes da operação.
Durante as investigações, foram interceptadas com autorização judicial conversas suspeitas de magistrados e alguns dos membros da suposta quadrilha. Segundo Araújo, investigados souberam que estavam sendo monitorados por meio de funcionários da Telefônica, que, ainda segundo a polícia, teriam repassado a informação a um policial civil ligado ao suposto esquema, que avisou os demais supostos envolvidos.
"Funcionários da companhia telefônica envolvida na investigação, permita-me não dizer o nome, propiciaram o vazamento através desse policial civil. A partir dele chegou ao conhecimento dos próprios investigados. O prejuízo é grande", disse.
Luiz Roberto Ungaretti de Godoy, delegado da PF e um dos responsáveis pela operação, disse que o vazamento será investigado em inquérito.
"Houve, inclusive, um mandado de busca na própria empresa concessionária privada de telefonia", disse Ungaretti. Mandado de busca é autorização judiciária para a polícia vasculhar uma empresa ou uma residência, para colher provas.

STJ
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) não permitiu nem a prisão temporária dos investigados pela PF nem o bloqueio de suas contas. Em nota, a PF criticou o tribunal. "Foram também requeridas 43 prisões temporárias de todos os investigados que, entretanto, foram indeferidas pelo STJ". "A questão é que havia, no entendimento da polícia e do Ministério Público, elementos para prisão temporária, como a lei entende. Se iria ser bom ou não, íamos averiguar no momento das prisões", disse Godoy.
Felix Fischer, ministro do STJ que negou o pedido de prisão, não quis se pronunciar sobre o assunto. (FV E LB)

Colaborou a Sucursal de Brasília

Leia a íntegra da nota divulgada ontem em que a Polícia Federal critica o STJ


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