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Sob suspeita, ministro do STJ tira licença
Advogado diz que Paulo Medina sente fortes dores musculares nas pernas e que já se afastou por razões de saúde em 2006
O procurador-geral Antonio Fernando Souza pediu ao STF a prisão de 25 acusados; STJ vai decidir se abre uma investigação sobre Medina
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Investigado na Operação
Hurricane, o ministro Paulo
Medina, do Superior Tribunal
de Justiça, tirou 28 dias de licença para tratamento de saúde, disse o advogado Antonio
Carlos de Almeida Castro.
Já o procurador-geral da República, Antonio Fernando
Souza, pediu a prisão preventiva de 25 investigados na Operação Hurricane, segundo a Folha apurou com a Polícia Federal. O pedido está com o ministro Cezar Peluso, do Supremo
Tribunal Federal, que irá deferir ou não a solicitação. As assessorias do procurador e do
Supremo não informaram se o
pedido de fato havia sido feito.
No caso de Paulo Medina, a
PF e a Procuradoria apontaram
"fortes indícios" de que ele integrava a quadrilha que comercializava sentenças judiciais
em favor de bicheiros e bingueiros. A PF o coloca no centro do esquema. A PGR, ao elaborar o pedido ao STF para executar as prisões da operação, o
relaciona à quadrilha e diz que
Medina "atendeu ao pleito" dela em sua decisão, mas não pediu a detenção do ministro.
Para os dois órgãos, Medina
pode ter negociado por R$ 1 milhão, por intermédio de seu irmão Virgílio Medina, liminar
concedida em 2006 pela qual liberou 900 máquinas caça-níqueis apreendidas em Niterói.
"O ministro [...] Paulo de Oliveira Medina, interpondo seu
irmão -o advogado Virgílio
Medina- como intermediário,
solicitou vantagem indevida,
inicialmente no valor de R$ 1
milhão [...], a integrantes da organização criminosa voltada
para a exploração de jogos de
azar [...], para que fossem favorecidos por decisão em procedimento que estava sob seu crivo (Reclamação 2211)."
A frase faz parte de um documento gerado pela Diretoria de
Inteligência, que integra um total de 13 volumes que compõem o inquérito. A necessidade de afastamento do trabalho
de Paulo Medina, de ontem até
18 de maio, foi atestado por dois
médicos do STJ, que avaliaram
o seu estado de saúde, segundo
a assessoria do órgão. O presidente do STJ, Raphael de Barros Monteiro Filho, será informado da concessão da licença.
Ao longo da semana, Medina
faltou às sessões de julgamento
e foi poucas vezes a seu gabinete. Almeida Castro disse que ele
está abalado com a prisão de
seu irmão, Virgílio Medina, e o
noticiário sobre a suspeita de
seu envolvimento em esquema
de venda de sentenças. As notícias criaram mal-estar no STJ.
Almeida Castro disse que o
problema médico é anterior: o
ministro sente fortes dores
musculares nas pernas e já tirou licença por razões médicas
no final de 2006. Nem o advogado nem a assessoria do STJ
disseram qual é a doença. Anteontem, o advogado de Medina comunicou ao STF que o seu
cliente está à disposição da Justiça para prestar depoimentos e
que pode ser encontrado no
apartamento onde mora.
O ministro do STF Cezar Peluso, que é o relator do inquérito criminal da Operação Hurricane, deverá levar em conta
tanto a licença médica quanto a
comunicação formal de que está disponível à Justiça ao analisar eventual pedido de prisão
também preventiva de Medina.
Esse tipo de prisão é decretado quando há risco de a pessoa
fugir do país, dificultar a investigação judicial ou criar ameaça
à ordem pública. No caso dos
25 acusados que estão presos
na PF em Brasília, a prisão temporária vence no domingo.
Colaboraram ANDRÉA MICHAEL, da Sucursal
de Brasília, e ANDREZA MATAIS, da Folha Online, em Brasília
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