|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Após 50 anos, Rio ainda tem o dobro de servidores do DF
Funcionários federais do Executivo lotados no Rio são 114.739 contra 61.698 de Brasília
Estado concentra 6 hospitais federais, Fiocruz, 3 institutos especializados e a UFRJ, universidade federal com mais servidores do Brasil
ELVIRA LOBATO
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Passado meio século da
transferência da capital federal
para Brasília, o Rio ainda concentra o maior número de servidores civis ativos da União,
com quase o dobro do contingente do Distrito Federal.
O último boletim do Ministério do Planejamento sobre o
quantitativo dos servidores federais civis do Poder Executivo, de janeiro, mostra 114.739
lotados no Estado do Rio de Janeiro, para 61.698 no DF.
Longe de ser esvaziado, o
funcionalismo federal no Estado do Rio cresceu 18% durante
o governo Lula, turbinado por
concursos públicos e pela reintegração de 2.396 servidores
que haviam sido demitidos no
governo Collor (1990-92).
O Rio recebeu três agências
reguladoras federais que se implantaram no Estado: ANP
(Agência Nacional do Petróleo), ANS (Agência Nacional de
Saúde Suplementar) e a Ancine
(Agência Nacional do Cinema).
A maior delas, a ANP, emprega
566 funcionários.
O quadro de servidores continua a crescer. O Ministério da
Saúde acabou de contratar
1.130 para o novo hospital do
Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia e faz concurso para admitir 467 nos seis
hospitais federais da cidade.
O economista Carlos Lessa,
ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e
estudioso do Rio de Janeiro,
declarou-se surpreso com a
preponderância do funcionalismo federal no Rio. Segundo
ele, a ideia geral era que o Estado só superava Brasília em servidores aposentados.
Ele diz que o fenômeno explica por que a perda do status
de capital federal foi menos
traumática do que o esperado.
"Eu sempre me perguntei a
razão disso, e a Folha acaba de
me dar a explicação. Foi a manutenção da massa de funcionários federais, porque a folha
de pagamentos do serviço público representa uma injeção
firme de recursos na economia", afirmou Lessa.
A estatística do Planejamento não inclui os empregados
das autarquias, das estatais
controladas pela União, nem os
militares. As estatais mais poderosas têm suas sedes no Rio
de Janeiro. Só a Petrobras possui 16 mil funcionários na cidade fluminense. Eletrobrás e
suas subsidiárias, Petrobras,
BNDES, Casa da Moeda e IRB
Resseguros somam quase 30
mil funcionários.
O Rio é o Estado com mais
servidores federais ativos nas
áreas da saúde -46,8 mil, que
equivalem a 44% do contingente nacional- e educação (29,89
mil, ou 15% do total no país).
A UFRJ é a universidade federal com mais professores
(3.628) e mais funcionários
(13.229) do país.
O Ministério da Cultura
mantém mais da metade (55%)
de seus funcionários na antiga
capital federal, que concentra
seis de seus museus.
Planejamento
Segundo o secretário de Recursos Humanos do Ministério
do Planejamento, Duvanier
Ferreira, a concentração na
Saúde se justifica pelo Estado
manter seis hospitais federais,
três institutos especializados
(do câncer, de ortopedia e do
coração) e a Fiocruz, que soma
mais 10 mil servidores.
Brasília não tem hospital federal. Para Ferreira, um fator
adicional explicaria o acúmulo
de pessoal no Rio: o modelo
descentralizado do SUS não foi
totalmente implementado por
disputas políticas e a União não
conseguiu transferir os hospitais federais para o município.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Antiga capital mantém funcionários sem cargo Índice
|