|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Se não punir, governo ficará
comprometido, afirma ACM
RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília
O presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), afirmou ontem à Folha que o governo
ficará "comprometido" se o presidente Fernando Henrique Cardoso não "punir" os envolvidos em
irregularidades do sistema financeiro. "Ninguém deve ter compromisso com o erro", disse.
Para ACM, até o ex-presidente
do Banco Central Francisco Lopes
deverá sofrer algum tipo de reação
do governo, se ficar comprovado
seu envolvimento em prática criminosa. ACM não explicou como
seria a punição a Lopes, já que ele
não é mais funcionário público.
ACM se disse surpreso com a
descoberta de uma suposta conta
do economista no exterior, que estaria em nome de Sérgio Bragança,
da empresa de consultoria Macrométrica, da qual é sócia a mulher
de Lopes, Araci Bentes dos Santos
Pugliese. Para o senador, seria
"menos grave" se a conta estivesse
no nome do ex-presidente do Banco Central. Nesse caso, Lopes teria
cometido "no máximo um pecado
fiscal".
O presidente do Senado disse
que nunca foi informado de qualquer suspeita da equipe econômica contra o ex-presidente do BC.
Mas, atribuindo o sentimento ao
seu "feeling", admitiu desconfiar
de que havia algo errado desde que
o governo tentou adiar a sabatina
de Lopes pela CAE (Comissão de
Assuntos Econômicos).
ACM disse discordar do ministro
da Fazenda, Pedro Malan, que criticou a operação da Polícia Federal
de apreensão de documentos na
residência do ex-presidente do BC.
O senador culpou o governo pela
situação, porque, segundo ele, cabia ao governo tentar suspender,
na Justiça, o mandado judicial de
busca e apreensão.
Pela manhã, ACM não quis comentar a notícia da descoberta da
suposta conta de Lopes no exterior. "Nada a declarar", repetiu.
Um pouco mais tarde, disse: "Pode
ser que o depoimento dele (Lopes)
melhore as coisas. No momento,
as coisas estão piorando para ele".
Para ACM, Lopes tem muitas explicações a dar à CPI do sistema financeiro. "Tenho uma tese: qualquer explicação é ruim", disse.
Senadores aliados de ACM disseram que ele pediu a Malan e ao então secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente,
uma justificativa para o adiamento
da sabatina de Lopes no Senado e
que não obteve uma resposta convincente.
Texto Anterior: Ato debate modelo de Blair Próximo Texto: Tucano critica "obsessão excessiva" Índice
|