São Paulo, Quarta-feira, 21 de Abril de 1999
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Se não punir, governo ficará comprometido, afirma ACM

RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), afirmou ontem à Folha que o governo ficará "comprometido" se o presidente Fernando Henrique Cardoso não "punir" os envolvidos em irregularidades do sistema financeiro. "Ninguém deve ter compromisso com o erro", disse.
Para ACM, até o ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes deverá sofrer algum tipo de reação do governo, se ficar comprovado seu envolvimento em prática criminosa. ACM não explicou como seria a punição a Lopes, já que ele não é mais funcionário público.
ACM se disse surpreso com a descoberta de uma suposta conta do economista no exterior, que estaria em nome de Sérgio Bragança, da empresa de consultoria Macrométrica, da qual é sócia a mulher de Lopes, Araci Bentes dos Santos Pugliese. Para o senador, seria "menos grave" se a conta estivesse no nome do ex-presidente do Banco Central. Nesse caso, Lopes teria cometido "no máximo um pecado fiscal".
O presidente do Senado disse que nunca foi informado de qualquer suspeita da equipe econômica contra o ex-presidente do BC.
Mas, atribuindo o sentimento ao seu "feeling", admitiu desconfiar de que havia algo errado desde que o governo tentou adiar a sabatina de Lopes pela CAE (Comissão de Assuntos Econômicos).
ACM disse discordar do ministro da Fazenda, Pedro Malan, que criticou a operação da Polícia Federal de apreensão de documentos na residência do ex-presidente do BC.
O senador culpou o governo pela situação, porque, segundo ele, cabia ao governo tentar suspender, na Justiça, o mandado judicial de busca e apreensão.
Pela manhã, ACM não quis comentar a notícia da descoberta da suposta conta de Lopes no exterior. "Nada a declarar", repetiu. Um pouco mais tarde, disse: "Pode ser que o depoimento dele (Lopes) melhore as coisas. No momento, as coisas estão piorando para ele".
Para ACM, Lopes tem muitas explicações a dar à CPI do sistema financeiro. "Tenho uma tese: qualquer explicação é ruim", disse.
Senadores aliados de ACM disseram que ele pediu a Malan e ao então secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, uma justificativa para o adiamento da sabatina de Lopes no Senado e que não obteve uma resposta convincente.


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