São Paulo, Quarta-feira, 21 de Abril de 1999
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NO AR
Na beira do abismo

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Como descreveu a TV, foi uma "maratona de entrevistas em Londres", ontem, depois da revelação dos documentos apreendidos no Rio.
Uma maratona de FHC. Ele falou em entrevista coletiva aos brasileiros, dizendo que jamais recebeu qualquer informação desabonadora sobre Francisco Lopes.
Mas também dizendo, no registro da Record, que "quem tem problemas é Francisco Lopes, não o governo".
Escorregou, mais uma vez, na crítica grosseira aos brasileiros em geral:
- Esse gosto por viver na beira do abismo é prova de falta de maturidade.
FHC também falou ao serviço em português da rádio BBC. Afirmou não acreditar que a CPI abale a credibilidade do Banco Central e, menos ainda, de seu governo.
Também falou à CNN em espanhol. Também falou à CNN internacional, com exclusividade, em inglês.
Também falou em inglês, em entrevista de TV, à agência Reuters, quando afirmou que as investigações devem ser recebidas com "naturalidade". E deixou escapar:
- O que eu tenho que fazer é ser persistente, acreditar. E ser decente.

Do relator da CPI dos Bancos, ontem no Jornal Nacional, em comentário sobre os documentos apresentados pelo Ministério Público:
- Eu estou estarrecido. Eu não poderia jamais pensar que, nos altos escalões da nação, acontecessem fatos como os declarados.
O relator se assustou com a beira do abismo.

À beira do abismo, mais do que ninguém, Salvatore Cacciola, o dono do banco Marka, não demonstrou a menor solidariedade:
- Eu não tenho nada a ver com o senhor Chico Lopes. Ele que se defenda. Problema dele.

E-mail: nelsonsa@folhasp.com.br


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