São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 2002

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"O papa é gaúcho", brinca FHC

DO ENVIADO A ROMA

O João Paulo 2º que ontem recebeu Fernando Henrique Cardoso, em audiência privada no Vaticano, pareceu mais sólido do que a figura frágil que comandara, na véspera, a cerimônia de canonização de madre Paulina, a primeira santa do Brasil.
Tão sólido que, quando abriu a audiência para os demais integrantes da comitiva brasileira, brincou: "O papa é gaúcho".
A brincadeira se deveu ao fato de que confundiu como gaúcho o governador catarinense Esperidião Amin, presente à audiência com a mulher, Ângela, prefeita de Florianópolis. "É catarinense também", reclamou Amin. "O papa é carioca, é paulista, é brasileiro", generalizou FHC, na melhor tradição "tucana" (também estavam presentes o governador Geraldo Alckmin (SP) e sua mulher, Maria Lúcia).
Faltou o presidente pedir que o papa se dissesse também mineiro e mato-grossense do Sul, já que estavam presentes os presidentes da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), e do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), este com a mulher. Mas o "gaúcho" do papa acabou justificado porque duas das três jornalistas sorteadas, entre os que acompanham a visita presidencial, para assistir a audiência conjunta são gaúchas (Ana Amélia Lemos, da RBS, e Maria Luíza Abbott, correspondente do jornal "Valor" em Londres).
Antes, FHC falou a sós com João Paulo 2º. "A gente percebe que é uma pessoa sofrida, que está fazendo um certo esforço, mas eu imaginava que ele estivesse com mais dificuldades para conversar", relataria depois, em entrevista coletiva.
O presidente contou que o papa falou de seus planos de viagem (está para ir à Bulgária e ao Azerbaijão), desconversou sobre uma nova visita ao Brasil e falou "bem" em português. Tão bem que FHC teve que avisar Amin, que tentava falar com o papa em italiano, para que usasse o português.
FHC presenteou o papa com uma estátua de madeira da santa, feita por artesãos atendidos pelo programa Comunidade Solidária. O presidente disse que já esteve "várias vezes" com o papa, mas, no domingo, foi a primeira em que comungou. "O senhor se confessou antes de comungar?", perguntou a Folha, já que as regras do catolicismo assim o pedem. "Darei a mesma resposta que dei ao Boris Casoy: é uma questão de foro íntimo." (CR)


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