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"O papa é gaúcho", brinca FHC
DO ENVIADO A ROMA
O João Paulo 2º que ontem recebeu Fernando Henrique Cardoso, em audiência privada no Vaticano, pareceu mais sólido do que
a figura frágil que comandara, na
véspera, a cerimônia de canonização de madre Paulina, a primeira
santa do Brasil.
Tão sólido que, quando abriu a
audiência para os demais integrantes da comitiva brasileira,
brincou: "O papa é gaúcho".
A brincadeira se deveu ao fato
de que confundiu como gaúcho o
governador catarinense Esperidião Amin, presente à audiência
com a mulher, Ângela, prefeita de
Florianópolis. "É catarinense
também", reclamou Amin. "O
papa é carioca, é paulista, é brasileiro", generalizou FHC, na melhor tradição "tucana" (também
estavam presentes o governador
Geraldo Alckmin (SP) e sua mulher, Maria Lúcia).
Faltou o presidente pedir que o
papa se dissesse também mineiro
e mato-grossense do Sul, já que
estavam presentes os presidentes
da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), e do Senado, Ramez Tebet
(PMDB-MS), este com a mulher.
Mas o "gaúcho" do papa acabou
justificado porque duas das três
jornalistas sorteadas, entre os que
acompanham a visita presidencial, para assistir a audiência conjunta são gaúchas (Ana Amélia
Lemos, da RBS, e Maria Luíza Abbott, correspondente do jornal
"Valor" em Londres).
Antes, FHC falou a sós com João
Paulo 2º. "A gente percebe que é
uma pessoa sofrida, que está fazendo um certo esforço, mas eu
imaginava que ele estivesse com
mais dificuldades para conversar", relataria depois, em entrevista coletiva.
O presidente contou que o papa
falou de seus planos de viagem
(está para ir à Bulgária e ao Azerbaijão), desconversou sobre uma
nova visita ao Brasil e falou "bem"
em português. Tão bem que FHC
teve que avisar Amin, que tentava
falar com o papa em italiano, para
que usasse o português.
FHC presenteou o papa com
uma estátua de madeira da santa,
feita por artesãos atendidos pelo
programa Comunidade Solidária.
O presidente disse que já esteve
"várias vezes" com o papa, mas,
no domingo, foi a primeira em
que comungou. "O senhor se confessou antes de comungar?", perguntou a Folha, já que as regras
do catolicismo assim o pedem.
"Darei a mesma resposta que dei
ao Boris Casoy: é uma questão de
foro íntimo."
(CR)
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