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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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MISÉRIA

Exclusão social cresceu 11% no país em 20 anos

CAMILO TOSCANO
DA FOLHA ONLINE

A exclusão social no Brasil cresceu 11% entre 1980 e 2000, revertendo tendência verificada entre os anos 60 e 80, quando houve queda de 13,6%. Essa é a principal conclusão do "Atlas da Exclusão Social no Brasil", volume 2, apresentado ontem em São Paulo.
No início dos anos 60, o país tinha 49,3% de excluídos. A taxa caiu para 42,6% em 1980, mas retornou para 47,3% em 2000.
Os 11 autores do estudo apontaram como causa do aumento do índice o aparecimento de um novo tipo de exclusão, relacionado à violência e ao emprego, que se soma à "velha exclusão", atrelada à pobreza e a educação.
Um exemplo de "velha exclusão" é a cidade de Guaribas (PI), na qual a grande maioria da população é pobre. A "nova exclusão" aparece nos grandes centros urbanos, como São Paulo, em que a população pobre, submetida à violência, convive lado a lado com uma camada social mais rica.
Para Márcio Pochmann, secretário do Trabalho da Prefeitura de São Paulo e um dos organizadores da pesquisa, há uma relação entre os índices de desigualdade e a violência: a "ostentação" da riqueza é um motor da violência.
Segundo os pesquisadores, entre 1960 e 1980, os excluídos no Brasil eram, em sua maioria, imigrantes da zona rural com grandes famílias, pessoas de baixa escolaridade, baixa renda, mulheres e negros; entre 1980 e 2000, passou a haver predomínio de nascidos nos grandes centros urbanos, integrantes de pequenas famílias, pessoas escolarizadas, desempregados, homens e brancos. A mudança no perfil indica que a exclusão atingiu também setores da antiga classe média brasileira.
"Estamos diante de uma exclusão mais difícil de combater. É mais fácil combater o analfabetismo e a pobreza, do que combater a violência e criar novos postos de trabalho", afirmou Pochmann.


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