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MISÉRIA
Exclusão social cresceu 11% no país em 20 anos
CAMILO TOSCANO
DA FOLHA ONLINE
A exclusão social no Brasil cresceu 11% entre 1980 e 2000, revertendo tendência verificada entre
os anos 60 e 80, quando houve
queda de 13,6%. Essa é a principal
conclusão do "Atlas da Exclusão
Social no Brasil", volume 2, apresentado ontem em São Paulo.
No início dos anos 60, o país tinha 49,3% de excluídos. A taxa
caiu para 42,6% em 1980, mas retornou para 47,3% em 2000.
Os 11 autores do estudo apontaram como causa do aumento do
índice o aparecimento de um novo tipo de exclusão, relacionado à
violência e ao emprego, que se soma à "velha exclusão", atrelada à
pobreza e a educação.
Um exemplo de "velha exclusão" é a cidade de Guaribas (PI),
na qual a grande maioria da população é pobre. A "nova exclusão" aparece nos grandes centros
urbanos, como São Paulo, em que
a população pobre, submetida à
violência, convive lado a lado com
uma camada social mais rica.
Para Márcio Pochmann, secretário do Trabalho da Prefeitura de
São Paulo e um dos organizadores da pesquisa, há uma relação
entre os índices de desigualdade e
a violência: a "ostentação" da riqueza é um motor da violência.
Segundo os pesquisadores, entre 1960 e 1980, os excluídos no
Brasil eram, em sua maioria, imigrantes da zona rural com grandes famílias, pessoas de baixa escolaridade, baixa renda, mulheres
e negros; entre 1980 e 2000, passou a haver predomínio de nascidos nos grandes centros urbanos,
integrantes de pequenas famílias,
pessoas escolarizadas, desempregados, homens e brancos. A mudança no perfil indica que a exclusão atingiu também setores da
antiga classe média brasileira.
"Estamos diante de uma exclusão mais difícil de combater. É
mais fácil combater o analfabetismo e a pobreza, do que combater
a violência e criar novos postos de
trabalho", afirmou Pochmann.
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