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entrevista
Campanha suja é típica da rede, diz Gonzalez
DO COLUNISTA
Luiz Gonzalez, sócio da
agência de propaganda Lua
Branca, avisa que "ainda"
não está contratado para nenhuma campanha e que Geraldo Alckmin vai escolher
"só depois da convenção".
Mas é ele o mais cotado. Até
pela extensão de suas respostas, por e-mail, está muito
atento à internet.
(NS)
FOLHA - Você acredita que a internet terá um impacto sobre o
marketing político-eleitoral semelhante ao da televisão?
LUIZ GONZALEZ - Não. Primeiro, pelo alcance do meio. Digamos que seja 15% do eleitorado. Nos EUA, a proporção é inversa. Outra questão
é a do perfil do internauta:
trata-se de eleitor menos sujeito à influência das campanhas, com posição e opinião
formadas. Para a campanha
positiva, de construção de
apoios a teses e candidatos, a
internet no Brasil tem poder
limitado. Essa minha constatação não quer dizer que as
campanhas devem descurar
da internet. Acho que se deve
usar todos os meios legais.
Mas não tem como comparar
o poder da internet com o da
TV. A maioria dos brasileiros
se informa por TV, não por
internet. Os meios também
são diferentes. A TV traz
emoção, imagem, som -é
um meio quente. A internet é
um meio mais frio.
FOLHA - No Brasil, é o caso de esperar efeito já em 2006?
GONZALEZ - A internet tem
sido usada com mais efetividade na propaganda negativa. Seja pelas "correntes" de
e-mail, seja pelos sites que
têm conteúdo que contraria
as regras eleitorais, mas se
coloca a salvo por estar em
provedores fora do país. No
mundo inteiro a internet
tem sido usada para atacar
adversários, veicular calúnias, espalhar boatos. No
Brasil, para a lei, a internet se
assemelha à TV, está sujeita
às mesmas restrições. No entanto, se um site hospedado
fora do Brasil descumprir a
lei, a punição é muito mais
difícil. Quem gosta de fazer
campanha suja tem na internet uma ferramenta. Eu, pessoalmente, sou contra.
FOLHA - E os blogs?
GONZALEZ - Esses sim são
uma novidade em 2006, esse
jornalismo instantâneo. Alguém posta uma notícia, em
seguida vêm os comentários,
outros blogs e sites, algumas
rádios seguem a fila. Em
poucas horas uma não-notícia vira um fato e produz determinado resultado. Quando a coisa não se confirma, os
blogs publicam nova versão e
começa tudo de novo. Não
sei qual vai ser o impacto dos
blogs nesta eleição. Acho que
afeta e mobiliza mais partidários que o eleitorado. Mas
não desprezo o efeito-cascata de uma notícia postada.
Eles podem ser ferramentas
de luta política como foram
os panfletos, as pichações.
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