São Paulo, domingo, 21 de maio de 2006

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entrevista

Campanha suja é típica da rede, diz Gonzalez

DO COLUNISTA

Luiz Gonzalez, sócio da agência de propaganda Lua Branca, avisa que "ainda" não está contratado para nenhuma campanha e que Geraldo Alckmin vai escolher "só depois da convenção". Mas é ele o mais cotado. Até pela extensão de suas respostas, por e-mail, está muito atento à internet. (NS)  

FOLHA - Você acredita que a internet terá um impacto sobre o marketing político-eleitoral semelhante ao da televisão?
LUIZ GONZALEZ
- Não. Primeiro, pelo alcance do meio. Digamos que seja 15% do eleitorado. Nos EUA, a proporção é inversa. Outra questão é a do perfil do internauta: trata-se de eleitor menos sujeito à influência das campanhas, com posição e opinião formadas. Para a campanha positiva, de construção de apoios a teses e candidatos, a internet no Brasil tem poder limitado. Essa minha constatação não quer dizer que as campanhas devem descurar da internet. Acho que se deve usar todos os meios legais. Mas não tem como comparar o poder da internet com o da TV. A maioria dos brasileiros se informa por TV, não por internet. Os meios também são diferentes. A TV traz emoção, imagem, som -é um meio quente. A internet é um meio mais frio.

FOLHA - No Brasil, é o caso de esperar efeito já em 2006?
GONZALEZ
- A internet tem sido usada com mais efetividade na propaganda negativa. Seja pelas "correntes" de e-mail, seja pelos sites que têm conteúdo que contraria as regras eleitorais, mas se coloca a salvo por estar em provedores fora do país. No mundo inteiro a internet tem sido usada para atacar adversários, veicular calúnias, espalhar boatos. No Brasil, para a lei, a internet se assemelha à TV, está sujeita às mesmas restrições. No entanto, se um site hospedado fora do Brasil descumprir a lei, a punição é muito mais difícil. Quem gosta de fazer campanha suja tem na internet uma ferramenta. Eu, pessoalmente, sou contra.

FOLHA - E os blogs?
GONZALEZ
- Esses sim são uma novidade em 2006, esse jornalismo instantâneo. Alguém posta uma notícia, em seguida vêm os comentários, outros blogs e sites, algumas rádios seguem a fila. Em poucas horas uma não-notícia vira um fato e produz determinado resultado. Quando a coisa não se confirma, os blogs publicam nova versão e começa tudo de novo. Não sei qual vai ser o impacto dos blogs nesta eleição. Acho que afeta e mobiliza mais partidários que o eleitorado. Mas não desprezo o efeito-cascata de uma notícia postada. Eles podem ser ferramentas de luta política como foram os panfletos, as pichações.


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