|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Gravação mostra plano para livrar Cachoeira de CPI
Deputado tentou cobrar R$ 4 milhões de empresário para
salvá-lo de indiciamento em relatório sobre fraudes no Rio
José Divino (PRB) apostava
na influência do presidente
da Assembléia fluminense,
que teria mais poder sobre o
Estado "do que o Garotinho"
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado federal José Divino (PRB-RJ) discutiu trama
para salvar da CPI da Loterj
(Loteria Estadual do Rio), em
2004, o empresário de jogos
Carlos Cachoeira, mediante pagamento de R$ 4 milhões.
Uma gravação obtida pela
Folha revela que Divino, hoje
envolvido na máfia dos sanguessugas, apostava na força do
presidente da Assembléia Legislativa do Rio, Jorge Picciani
(PMDB), para resolver o assunto de "cima para baixo", excluindo o nome do empresário
do relatório final.
"Se Picciani entrar no circuito, ele resolve as duas, porque
ele resolve ciclo por ciclo. Ele
tem controle da CPI e tem do
plenário", diz o deputado.
Segundo Divino, Picciani
"tem 45 deputados na mão dele". "O pessoal vota, bate continência mesmo (...)."
Questionado sobre se Picciani paga "mesada" aos deputados estaduais, Divino confirma
e explica o poder do parlamentar: "É, porque ele tem o esquema do transporte, tá? Da federação. Ele manda mais no Estado do Rio do que o Garotinho".
Divino foi gravado em setembro de 2004 por Jairo Martins,
emissário de Cachoeira, em
reunião com o então deputado
André Luiz, cassado em 2005.
Conforme análise de Ricardo
Molina, perito foneticista e
professor da Unicamp, a gravação é autêntica. Os trechos reproduzidos na reportagem foram transcritos pelo especialista a pedido da Folha.
A operação de salvamento
não se consumou. Outra gravações feita sob encomenda de
Cachoeira foi revelada e precipitou a aprovação do relatório
sobre a atuação de Waldomiro
Diniz à frente da Loterj. Em
2002, quando presidia o órgão,
Waldomiro cobrou propina de
Cachoeira para favorecê-lo em
licitação -a fita com o episódio
derrubou Waldomiro da assessoria parlamentar da Casa Civil, na gestão de José Dirceu.
A CPI pediu o indiciamento
do empresário sob acusação de
praticar os crimes de corrupção ativa, fraude a licitações e
formação de quadrilha.
Texto Anterior: Escândalo do mensalão/Guerra das teles: Investigado pela PF, Dantas tem encontro com Bastos Próximo Texto: Presidente da Alerj contesta "esquema" Índice
|