São Paulo, quinta-feira, 21 de maio de 2009

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"Poderia ter a forma de iglu", afirma Edmar sobre castelo

Em defesa no conselho, investigado por mau uso de verba usa tempo citando propriedade

Deputado não consegue se defender das acusações de que serviço pago com verba indenizatória não teria sido prestado por suas empresas


Sérgio Lima/Folha Imagem
O deputado Edmar Moreira (à dir.), durante depoimento no Conselho de Ética, ao lado do presidente do órgão, José Carlos Araújo (PR)

MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em sua defesa ontem no Conselho de Ética da Câmara, o deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) concentrou boa parte do tempo para atacar o DEM, seu antigo partido, mas não apresentou nenhum argumento concreto contra as acusações que sofre pelo uso irregular da verba indenizatória.
Acompanhado de dois filhos e dois advogados, o deputado chegou a se emocionar ao falar de seu pai e de todo o "achincalhamento" que sua família vem sofrendo. Moreira falou muito sobre o castelo no interior de Minas, que, segundo ele, foi construído há mais de 17 anos.
"Qual foi o erro que cometi ao querer levar para a minha cidade de origem um empreendimento hoteleiro que vai gerar emprego e renda? Quis o destino que fosse em formato de castelo, que caiu no imaginário popular, mas poderia ter um formato de iglu, formato piramidal, mas foi um castelo como decidiram os arquitetos."

Denúncias
Apesar do tempo despendido para explicar o castelo, Moreira enfrenta um processo que investiga o uso da verba indenizatória. Ele apresentou notas fiscais de suas empresas para justificar os gastos com a verba, mas a suspeita é que o serviço não tenha sido prestado.
Moreira disse que o caso foi "um cala boca" e que ele foi "o boi de piranha" para desviar o foco de sucessivos escândalos que tomaram conta do Congresso. Por várias vezes, disse que não é o único na Casa a usar a verba com empresa pessoal e que é quase impossível provar a prestação de todos os serviços.
"Agora, vai ser preciso filmar o itinerário que um deputado fizer ao ir almoçar, porque, em tese, o combustível é para a atividade parlamentar. Vai ter que filmar quem for almoçar depois de um encontro político, porque só o testemunho por escrito do garçom não vai valer."
Moreira também se baseou, mais uma vez, nas afirmações do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que teria perdoado usos indevidos de parlamentares com passagens aéreas e com a verba.
Durante as quase duas horas de sua defesa, Edmar atacou o DEM, especificamente ao deputado ACM Neto (DEM-BA), corregedor-geral da Casa, que comandou o trabalho de investigação preliminar sobre o caso.
Moreira se esforçou para desqualificar o relatório do colega e pediu, em requerimento, para que todos os integrantes do DEM no conselho fossem afastados e declarados impedidos de julgar o caso.
O deputado foi desligado do partido após ganhar, com uma candidatura avulsa, o cargo de corregedor da Casa. Ele renunciou após as denúncias de irregularidade. O depoimento foi interrompido devido às votações na Casa e remarcado para a terça da semana que vem.


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