|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Servidor do Senado dá expediente em loja
Concursado, Renato Friedmann está lotado na liderança do PMDB e ganha R$ 15 mil, mas trabalha no RS
ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Servidor concursado no Senado, o consultor legislativo
Renato Friedmann é funcionário-fantasma da liderança do
PMDB há cinco meses. Desde
dezembro, ele ganha R$ 15 mil
mensais para dar expediente
em Brasília no gabinete comandado por Renan Calheiros
(PMDB-AL) -até janeiro, o líder foi Valdir Raupp (PMDB-RO). Mas sua ocupação tem sido administrar uma loja de móveis da família em Porto Alegre.
Em abril, Friedmann chegou
a receber hora extra, o que elevou seu salário bruto para R$ 17
mil em maio. Tido por colegas
como economista talentoso, ele
se dedica a comandar a "Friedmann Móveis", que herdou
após a morte do pai.
Durante as últimas duas semanas, a Folha telefonou diariamente para a loja. Funcionários informaram que Friedmann dava expediente todos os
dias no local e que ele é o dono
e administrador do negócio. As
conversas foram gravadas. Ao
mesmo tempo, a reportagem o
procurou na liderança do
PMDB. No local, servidores
disseram desconhecê-lo.
Ontem, após a Folha procurar Renan e Friedmann, o servidor entrou com pedido de férias e licença não remunerada.
Já Renan decidiu devolver o
funcionário para a Consultoria
Legislativa do Senado, onde estava até novembro de 2008.
A lei 8.112/1990, que trata do
regime jurídico dos servidores,
proíbe funcionário público de
"participar de gerência ou administração de sociedade privada" e de "exercer o comércio,
exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário".
Além disso, decisão da Mesa
Diretora de março de 1997 determina que "servidor efetivo
do Senado, lotado no gabinete
do senador, só poderá ter exercício em Brasília". É autorizado
apenas que "funcionários comissionados", sem concurso,
possam atuar fora da capital. A
Folha apurou que a Casa pode
abrir processo administrativo.
Friedmann ocupava o posto
de consultor-geral adjunto da
consultoria, setor responsável
pela elaboração de projetos de
leis, pareceres e discursos dos
congressistas. O órgão é comandado por Bruno Dantas,
consultor-geral, indicado por
Renan para o cargo. Foi ele
quem autorizou a cessão de
Friedmann ao gabinete. "Aqui
[consultoria] ia me dar problema. Lá na liderança é menos rigoroso", disse Dantas.
Questionado, Raupp confirmou que pediu para Friedmann fazer parte do gabinete,
mas que não sabia que ele não
trabalhava. Renan afirmou que
sua função é política e que não
lhe cabe monitorar a presença
dos servidores, mas que, assim
que soube da ausência do servidor, pediu para que ele assumisse suas funções ou retornasse à consultoria.
O chefe de gabinete de Renan, Francisco Chaves, que
atestou a presença do servidor,
disse que não tem autorização
para comentar o assunto.
Texto Anterior: Precatórios: Secretários de Fazenda levam à Câmara moção de apoio a PEC Próximo Texto: CNJ vai investigar dez magistrados de MT Índice
|