São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2004

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REFÉM DA BASE

Ministro-chefe da Casa Civil diz que não se pode mais "vacilar"

Dirceu agradece à "direita" o apoio a Lula no Congresso

Marcelo Sant'Anna/"Estado de Minas"
Dirceu e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, candidato à reeleição na cidade


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O ministro da Casa Civil, José Dirceu, fez ontem o primeiro comentário após a derrota do governo no Senado, na questão do salário mínimo, e aproveitou para agradecer de público o apoio que a "direita" tem dado à gestão de Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso. "Precisamos e agradecemos esse apoio", disse. Para ele, o governo não pode "vacilar" mais.
O governo deve colocar a matéria para ser votada novamente amanhã, agora na Câmara. É mais uma tentativa de fazer valer o valor de R$ 260, e não os R$ 275 que a oposição aprovou no Senado.
O breve comentário foi no discurso que fez na convenção do PT em Belo Horizonte. "Temos reformas e projetos importantes para aprovar no Congresso, ainda. Uma questão que nós temos que travar e resolver nesta semana é o salário mínimo, sem vacilação."
Ele não quis dar entrevistas. Em dois momentos, rodeado por jornalistas, disse que não falaria, e não falou nada além do discurso.
O discurso, porém, foi uma espécie de análise sobre a relação do governo Lula com os partidos. E, quando explicava as alianças formadas no Congresso, afirmando que são importantes, agradeceu aos "setores da direita".
"Estamos em um governo de coalizão de centro-esquerda, com apoio de setores da direita. E esse apoio tem que ser transparente e público, porque está apoiado em um programa e em mudanças que estamos fazendo. Nós não temos vergonha desse apoio, pelo contrário. Precisamos e agradecemos esse apoio", afirmou.
O ministro, que foi durante todo o ano passado o elo entre Planalto e Congresso, disse que, apesar dos apoios que o governo recebe, há problemas para fazer valer propostas mais sociais.
"Temos maioria na Câmara e no Senado, mas coloca para votar herança e doação para ver o que acontece. É outra conformação política na Câmara, por isso nós perdemos", disse ele.

Conserto
Em entrevista, o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) disse que o governo precisa consertar a sua base no Senado, porque ela, até agora, nunca deu resultados concretos. "No Senado, a nossa maioria é precária. Isso, humildemente, é preciso reconhecer, porque temos que consertar isso. No Senado, temos maioria nominal que nunca se revelou operacional em nenhum momento."
Ciro isentou de qualquer culpa a oposição na questão do salário mínimo, já que, segundo ele, não se tratava de uma votação de "interesse estratégico" para o avanço do país, como as reformas constitucionais. Disse que a oposição "não fez nenhum mal" ao país.


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