São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Sete ministros participam de convenções petistas em dois Estados; partido de Lula federaliza disputa eleitoral

PT prega derrota da "coalizão de oposição"

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Com a presença de seis ministros do governo Lula na convenção que oficializou a candidatura à reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, a cúpula nacional do PT fez ontem o mais veemente posicionamento em relação às eleições municipais.
Tendo como alvo principal o PSDB, os petistas pregaram a "derrota da coalizão de oposição" para fortalecer o governo Lula.
O ministro José Dirceu (Casa Civil) disse que o governo precisa ter apoio amplo na sociedade para governar e enfrentar os desafios econômicos e sociais.
"Para isso é preciso ter maioria na sociedade. É preciso vencer as eleições de 2004. Não vamos atrás de resultados médios. Temos de derrotar a coalizão de oposição que está nos enfrentando."
Nominou os adversários: "Depois do primeiro ano, começa a oposição de centro-esquerda, capitaneada pelo PSDB -porque é disso que se trata também-, por setores importantes da mídia brasileira, por setores até empresariais, articulados, inclusive, com forças políticas internacionais".
Dirceu disse que, apesar de as forças políticas terem se reorganizado após 2002 e de o PT ter ampliado alianças, "os objetivos e a disputa são os mesmos".
Se não era certo que o PT iria federalizar ou não as campanhas, a convenção de ontem na capital mineira mostrou que os petistas não fazem distinção entre as eleições municipais e a gestão federal. Parece haver unanimidade na cúpula governista e partidária de que a batalha é um prolongamento da disputa de 2002.
Até o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PPS), que disse que o ato mais parecia "reunião do ministério do que convenção", defendeu com vigor a gestão Lula, afirmando que a militância petista e as dos partidos aliados, como o seu, "não podem ficar acuadas, na defesa".
Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) disse que o PT tem de ir para a ofensiva. "Em um ano e meio, Lula superou a crise econômica herdada de oito anos de neoliberalismo predatório. (...) Temos acervo que nos permite não só fazer defesa, mas disputar na ofensiva. [...] Então, interessa a nós nacionalizar as eleições."
Também discursaram os ministros mineiros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Nilmário Miranda (Direitos Humanos) e a ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef (PT-RS).
Dirceu, último a discursar, citou os anteriores e afirmou: "Temos muitos desafios, temos muitas dívidas. O povo vai nos criticar e vai nos cobrar com direitos, mas não eles. Eles não têm autoridade."
Ele fez apenas uma ressalva em relação ao PSDB, quando disse que há setores no partido dos tucanos que são "progressistas" -"e tem gente daqui de Belo Horizonte, do PSDB, que vai apoiar o Pimentel, tenho certeza".
O presidente nacional do PT, José Genoino, também presente, disse que "o PT tem nervos para ir à luta". Segundo ele, é um "falso dilema" para o PT se a eleição é local ou nacional. "Esse partido é nacional". Para ele, PSDB e PFL não têm "autoridade para colocar o PT na defensiva".
Em Salvador, em convenção do PT que oficializou o deputado federal Nelson Pelegrino, o ministro Jacques Wagner (Desenvolvimento Econômico e Social) também defendeu a nacionalização. "Vai ser bom para mostrar em que condições o governo Lula recebeu o país das mãos de FHC, repleto de dívidas, e o que está fazendo para reverter isso."
(PAULO PEIXOTO)


Colaborou a Agência Folha, em Salvador


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