São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Grupo da comissão municipal questiona legalidade de convenção do partido e anuncia encontro para semana que vem

Com o PP rachado, Maluf se lança candidato

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Com as mãos para o alto e entoando "segura na mão de Deus e vai" ao lado do cantor Agnaldo Timóteo, Paulo Maluf foi lançado ontem pelo PP (Partido Progressista), em convenção, pré-candidato da sigla à Prefeitura de São Paulo. É a quarta vez que ele se lança a prefeito paulistano, tendo vencido a disputa em 1992.
O partido está rachado. Maluf foi escolhido por 14, de 20 pessoas com direito a voto na comissão provisória municipal, e sua pré-candidatura é torpedeada por integrantes da própria sigla.
O presidente da comissão, deputado federal Celso Russomanno, que faltou ao evento com seu vice, Marcos Cintra, disse que o ato não teve valor legal. "Eu respeito o que foi feito hoje [ontem], mas é tudo inócuo. Não passou de uma festa do partido, de um encontro", disse Russomanno, que disse ter marcado a convenção para o próximo domingo.
O deputado, que também quer ser candidato a prefeito, disse que as convenções devem ser registradas em livro próprio, autorizado em 2004 pela Justiça Eleitoral e guardado no diretório municipal.
Mas o malufista Jesse Ribeiro, ex-presidente municipal da sigla, afirmou que o ato de ontem foi registrado em outro livro também rubricado pela Justiça Eleitoral. Nele, segundo Ribeiro, estariam anotadas convenções anteriores.
O deputado federal Vadão Gomes, presidente da comissão provisória estadual, disse acreditar que a convenção tenha sido legal, mas não fechou questão. Ele queria antes avaliar o fato de Russomanno ter convocado convenção para o próximo domingo. Indagado sobre quem é, desde ontem, o candidato à prefeitura, Gomes respondeu: "Paulo Maluf".
Com as ausências de Russomanno e Marcos Cintra, o encontro teve de ser presidido pelo deputado estadual malufista Wadih Helú, secretário da comissão.
Para Maluf, o resultado de ontem é definitivo. "Em toda democracia, na realidade a maioria é que faz a decisão. E essa decisão está tomada, sou candidato a prefeito." A chapa só não será registrada no TRE [Tribunal Regional Eleitoral] hoje, segundo o PP, porque falta definir o vice. Maluf disse que a decisão caberá à executiva partidária, que articula coligação com outro partido, cujo nome não informou. O registro pode ser feito até início de julho.
No encontro de ontem, realizado na Câmara Municipal com a presença de cabos eleitorais de pré-candidatos a vereador, a equipe de Maluf apresentou o slogan da campanha, "O bom prefeito está voltando". Faixas com esses dizeres e o nome do pré-candidato foram espalhadas nas ruas próximas à Câmara.
Também foi divulgado o jingle da campanha, cujo refrão é "Paulo Maluf é/ Tudo que a gente quer/ São Paulo pede bis".
Em seu discurso, Maluf retomou bordão antigo para prometer algo que não poderá fazer nem mesmo se for eleito. "A Rota vai para a rua", afirmou, sendo bastante aplaudido. A Polícia Militar é controlada pelo governador do Estado, a quem Maluf disse que vai procurar para pedir apoio da PM à guarda municipal.
Numa referência às denúncias sobre movimentação de milhões de dólares no exterior, Maluf afirmou: "Quando eles me atacam, eu sei por quê. Eles têm medo de que o bom prefeito volte de novo". Disse ainda ter uma "couraça inexpugnável, inquebrantável, que é a nossa crença em Deus".



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