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Tribunal de Contas critica PF, Ministério Público e CGU
Relatório avaliou combate à corrupção no ano passado
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa análise sobre o combate à corrupção em 2005, ano
do mensalão, o Tribunal de
Contas da União apontou deficiências na atuação da Polícia
Federal, da Controladoria Geral da União e do Ministério
Público Federal, apesar de também ter elogiado os órgãos.
"Existe uma percepção geral
de que a ocorrência de fraude e
corrupção tem aumentado no
Brasil, onde os recentes escândalos geraram a maior crise política dos últimos tempos", escreveu o tribunal.
O TCU diz que não é possível
afirmar com certeza se a corrupção aumentou ou se foi a
imprensa que passou a divulgar
mais os casos investigados. Mas
ressaltou que "o crescimento
do setor público e o aumento
das receitas governamentais
ampliam as oportunidades para a fraude e a corrupção".
Segundo o tribunal, a insuficiência de recursos da PF limita
sua atuação e não há estrutura
adequada ao combate à corrupção. O TCU sugere que cada superintendência da corporação
nos Estados tenha uma delegacia de combate à corrupção, como já ocorre com crimes financeiros e tráfico de drogas.
O TCU também condenou a
forma como as ações da PF são
divulgadas pela imprensa. "É
preocupante a repercussão negativa e desnecessária que a divulgação on-line e antecipada
das operações gera nas instituições e, principalmente, nas
pessoas acusadas, cujo dano
moral muitas vezes torna-se
grande e irreversível."
Destacou como ponto positivo o grande número de operações de impacto realizadas pela
PF em 2005, com a prisão de
350 envolvidos com corrupção.
No caso da CGU, o tribunal
disse que o órgão não tem pessoal suficiente para dar respostas imediatas às necessidades
de investigação e que é prejudicado pela "persistência da cultura de descaso" em ministérios sem o devido controle sobre seus gastos.
Como fatores positivos, foram citados o aumento da destinação de recursos para a CGU
e a ampliação já realizada no
quadro de funcionários.
Para o TCU, o Ministério Público Federal "carece de uma
estratégia de atuação" e "há
precariedade ou mesmo inexistência de dados confiáveis sobre o desempenho" do órgão.
Como fator favorável, o TCU
apontou "o quadro de procuradores altamente qualificado".
Assim como a CGU e o MPF,
o TCU informou que tem dificuldades em obter dados de outros órgãos públicos. Disse ainda que tem sido baixo o retorno
aos cofres públicos de débitos e
multas impostos pelo tribunal.
Outro lado
O ministro titular da CGU,
Jorge Hage, concordou com a
análise feita pelo TCU, mas disse não entendê-la como críticas, mas sim como constatação
das dificuldades que o órgão
enfrenta. Ele ressaltou que a
maior parte do relatório, em relação à CGU, é de elogios.
Hage disse que realmente a
CGU encontra resistência de
alguns órgãos para compartilhar dados considerados sigilosos. Ele diz que a maior dificuldade é com Banco do Brasil e
Caixa Econômica Federal, que
alegam sigilo bancário para não
repassar os dados requisitados.
Ele admite que o quadro de
funcionários ainda é aquém da
necessidade. Diz que, ao chegar
ao órgão, em 2003, havia 1.400
funcionários. Em 2005, eram
1.850, e já há autorização para
contratar mais 300.
A Polícia Federal não quis se
manifestar. Segundo a Folha
apurou, porém, integrantes da
corporação atribuem as críticas a uma devassa que a PF fez
no TCU em 2004. O Ministério
Público Federal também preferiu não comentar o relatório.
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