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Renan descarta renúncia e ataca mídia
Em dia marcado por desabafos, presidente do Senado afirma que teve suas "vísceras abertas" e que foi "forjado na luta"
Aos colegas, parlamentar se queixa da falta de apoio, do que vê como "massacre"
da imprensa e do resultado da perícia da Polícia Federal
SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em meio a intensas articulações ao seu redor, o presidente
do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), fez uma série de
desabafos ao longo do dia, ouviu conselhos para que se afastasse do cargo, mas manteve
firme o discurso diante de qualquer desfecho do processo:
"Renúncia não existe no meu
dicionário".
"Fiz o que precisava ser feito,
agora cabe ao Conselho de Ética decidir. Minha vida está
aberta, minhas vísceras foram
abertas", afirmou. "Sou um homem forjado na luta, tudo o que
foi acusado foi provado o contrário", completou.
As frases, ditas na primeira
das entrevistas que concedeu
ao longo dia, também foram repetidas a portas fechadas, em
reuniões no seu gabinete. Ao
ouvir dos tucanos que votariam
contra o arquivamento do caso,
Renan chegou a admitir o fracasso da articulação dos seus
aliados, mas disse "estar preparado para qualquer resultado",
e que preferia enfrentar logo
"porque esse processo está todo errado".
O humor de Renan oscilou
conforme as notícias que emissários levavam ao seu gabinete.
Por volta das 11h, quando seguia para o plenário, demonstrou confiança e chegou a cobrar pressa na resolução do caso. "Quanto mais rápido melhor, porque ajuda a retomada
da normalidade da democracia
e das instituições do país."
Minutos antes, ele havia sido
avisado por peemedebistas que
o placar no Conselho poderia
ser favorável a ele com eventuais votos do DEM.
Os relatos corroboravam o
cenário traçado na noite anterior, em uma reunião na sua casa, com a presença do líder do
governo no Senado, Romero
Jucá (PMDB-RR), e o deputado
Jader Barbalho (PMDB-PA).
No encontro, Jader recomendou que ele resistisse.
A avaliação de Renan, entretanto, era que a continuidade
das investigações levaria o nível
de desgaste ao insustentável e
que era preciso tentar sepultar
o processo. Em suas conversas
com aliados, Renan também
queixou-se basicamente de três
pontos: do descaso de alguns
senadores em ponderar sua defesa, do que considera um
"massacre" da imprensa e do
resultado da perícia da Polícia
Federal em seus papéis.
As críticas à imprensa, aliás,
também foram feitas em pronunciamento que Renan fez na
mesa do Senado, ao meio-dia,
durante um discurso em homenagem aos 70 anos da TV Bandeirantes.
"Liberdade de imprensa exige equilíbrio, serenidade, ética
e responsabilidade. Sem responsabilidade, abre-se espaço
para o excesso, para a pirotecnia, em desfavor das instituições e a bem do sensacionalismo", disse. "Exercer a liberdade requer consciência coletiva,
sob pena de se marchar para a
ditadura da opinião preconcebida, que, por ser parcial, segue
ao sabor dos ventos do preconceito e dos interesses velados."
À tarde, Renan voltou a conversar com Jucá e com o líder
do PMDB, Valdir Raupp (RO),
para avaliar o cenário. Ouviu
que o placar seria adverso.
Também foi informado que
Valter Pereira (PMDB-MS) e a
bancada do DEM pediriam
mais prazo para investigações.
Os aliados de Renan creditaram a culpa pela virada na maré
à decisão dos tucanos, que, em
sua avaliação, teriam influenciando outras bancadas.
Já com a reunião do Conselho em curso, Renan falou por
telefone com Jucá. No último
contato, pediu que o líder do
governo trabalhasse para restringir o foco de investigações
da PF de forma a não buscar
novos papéis em Alagoas.
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