São Paulo, quinta-feira, 21 de junho de 2007

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Renan descarta renúncia e ataca mídia

Em dia marcado por desabafos, presidente do Senado afirma que teve suas "vísceras abertas" e que foi "forjado na luta"

Aos colegas, parlamentar se queixa da falta de apoio, do que vê como "massacre" da imprensa e do resultado da perícia da Polícia Federal

SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em meio a intensas articulações ao seu redor, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez uma série de desabafos ao longo do dia, ouviu conselhos para que se afastasse do cargo, mas manteve firme o discurso diante de qualquer desfecho do processo: "Renúncia não existe no meu dicionário".
"Fiz o que precisava ser feito, agora cabe ao Conselho de Ética decidir. Minha vida está aberta, minhas vísceras foram abertas", afirmou. "Sou um homem forjado na luta, tudo o que foi acusado foi provado o contrário", completou.
As frases, ditas na primeira das entrevistas que concedeu ao longo dia, também foram repetidas a portas fechadas, em reuniões no seu gabinete. Ao ouvir dos tucanos que votariam contra o arquivamento do caso, Renan chegou a admitir o fracasso da articulação dos seus aliados, mas disse "estar preparado para qualquer resultado", e que preferia enfrentar logo "porque esse processo está todo errado".
O humor de Renan oscilou conforme as notícias que emissários levavam ao seu gabinete. Por volta das 11h, quando seguia para o plenário, demonstrou confiança e chegou a cobrar pressa na resolução do caso. "Quanto mais rápido melhor, porque ajuda a retomada da normalidade da democracia e das instituições do país."
Minutos antes, ele havia sido avisado por peemedebistas que o placar no Conselho poderia ser favorável a ele com eventuais votos do DEM.
Os relatos corroboravam o cenário traçado na noite anterior, em uma reunião na sua casa, com a presença do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA). No encontro, Jader recomendou que ele resistisse.
A avaliação de Renan, entretanto, era que a continuidade das investigações levaria o nível de desgaste ao insustentável e que era preciso tentar sepultar o processo. Em suas conversas com aliados, Renan também queixou-se basicamente de três pontos: do descaso de alguns senadores em ponderar sua defesa, do que considera um "massacre" da imprensa e do resultado da perícia da Polícia Federal em seus papéis.
As críticas à imprensa, aliás, também foram feitas em pronunciamento que Renan fez na mesa do Senado, ao meio-dia, durante um discurso em homenagem aos 70 anos da TV Bandeirantes.
"Liberdade de imprensa exige equilíbrio, serenidade, ética e responsabilidade. Sem responsabilidade, abre-se espaço para o excesso, para a pirotecnia, em desfavor das instituições e a bem do sensacionalismo", disse. "Exercer a liberdade requer consciência coletiva, sob pena de se marchar para a ditadura da opinião preconcebida, que, por ser parcial, segue ao sabor dos ventos do preconceito e dos interesses velados."
À tarde, Renan voltou a conversar com Jucá e com o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), para avaliar o cenário. Ouviu que o placar seria adverso. Também foi informado que Valter Pereira (PMDB-MS) e a bancada do DEM pediriam mais prazo para investigações.
Os aliados de Renan creditaram a culpa pela virada na maré à decisão dos tucanos, que, em sua avaliação, teriam influenciando outras bancadas.
Já com a reunião do Conselho em curso, Renan falou por telefone com Jucá. No último contato, pediu que o líder do governo trabalhasse para restringir o foco de investigações da PF de forma a não buscar novos papéis em Alagoas.


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